COLUNISTA
Já é clara a tendência de que nem mesmo os 70% de reajuste nos salários do prefeito, vice e ocupantes de cargo de primeiro escalão na Prefeitura vai superar o desgaste político que Hingo Hammes enfrentará por ter encerrado as atividades da Secretaria da Pessoa com Deficiência, Mobilidade Reduzida e Doenças Raras. Não apenas por ter sido essa a secretaria extinta, sob o pretexto de abrir espaço para a criação da Secretaria Municipal de Habitação, mas porque isso foi feito sem discussão com a sociedade, nem mesmo qualquer explicação aos que contavam com ela para conduzir políticas públicas de apoio. Se a secretaria fosse extinta na companhia de sete ou oito outras, como se esperava de uma reforma administrativa de uma cidade em colapso financeiro, seria mais fácil defender e teria uma chance de ser entendido. Mas, a Secretaria da Pessoa com Deficiência foi a única a ser sacrificada. Os 70% eram o mote principal dos que criticavam Hingo e o governo, por causa do tratamento desigual sempre dado ao funcionalismo municipal no caso atual, benefícios para os chefões e 3% agora para o restante dos servidores e outros 5% a partir de janeiro, que ninguém sabe se a Prefeitura conseguirá honrar. Agora, o tema dos salários ganha um concorrente importante. E as críticas vêm marcada por profunda emoção. O governo não tem grande apreço pela opinião pública, mas, neste caso sobretudo, não lhe fará mal ter um mínimo de bom senso.
A decisão de extinguir a Secretaria da Pessoa com Deficiência está na pauta de hoje do Conselho Municipal que trata dos direitos desse grupo. Além da extinção, o Conselho incluiu em pauta discussão sobre emenda apresentada pelo deputado Hugo Leal, que garantiu R$ 600 mil para a finada secretaria. Certamente, alguém terá notícias sobre o destino do dinheiro federal, para que não seja gasto na reforma de alguma quadra esportiva.
Em meio à crise que a Prefeitura enfrenta, a Comdep está fazendo o possível para colocar em dia contratos herdados da administração anterior, que nem sequer tinham sido publicados em Diário Oficial. É tema complicado. Sem publicação oficial, não poderiam ter sido pagos. Alguns são datados de 2023.
Passada quase uma semana, a única ação ligada ao enfrentamento da situação financeira caótica da Prefeitura, decretada pelo próprio prefeito, foi a criação de um grupo de trabalho para acompanhar exatamente as ações que se espera do governo municipal e não vieram. O grupo é coordenado pela chefe de Gabinete do Prefeito, Rosângela Stumpf, e integrado pelo vice-prefeito Albano Filho, pelo secretário de Administração, Wagner Silva, pelo contabilista e advogado Juarez dos Reis Borges e pelo presidente do Inpas, Alex Christ e tem prazo de 60 dias para concluir seu trabalho, com direito a prorrogação. O grupo fará relatórios semanais ao prefeito, contando tudo, descrevendo ações e os problemas encontrados. Como é difícil acreditar que ninguém tenha movido uma única palha em atendimento aos decretos do prefeito, é possível concluir que as informações sobre a crise, seu tamanho, suas consequências imediatas e futuras, e a identificação dos responsáveis, estão sendo sonegadas ao distinto público, que sustenta tudo com seus impostos.
Hingo Hammes não cancelou apenas a compra de novos veículos pelos órgãos da Prefeitura. Determinou também que os já existentes sejam todos recolhidos ao Depósito Municipal. Exceto “os imprescindíveis”. Vamos ver se a turma entende bem o que é “imprescindibilidade” e a gastança com carros oficiais diminui. E espera-se que o depósito disponha de muito espaço. Vai precisar.
O empresário Jeferson Barreiros, da PDCA, empresa que construiu e explora a estação de transbordo de lixo, na BR-040, tem dito a amigos, sem pedir segredo, que tem condições de fazer por R$ 105 por tonelada o serviço de transbordo e transporte dos resíduos até o lixão de Três Rios. Hoje, a Prefeitura paga R$ 137 por este serviço. Se há essa diferença de preço entre o que a Prefeitura paga e o que o mercado pratica normalmente, somente no transbordo e transporte do lixo para o depósito, dá para imaginar como é preciso verificar os preços praticados para a coleta do lixo urbano, o pacote mais caro, para verificar eventuais distorções. Eventuais?
Petrópolis vai receber R$ 3,1 milhões para o setor de tratamento de câncer do Hospital Alcides Carneiro. O valor é pequeno, mas o que cai no pires é sempre bem-vindo. A verba veio do Fundo Estadual de Saúde.
Tem processo na Justiça e está sob investigação a compra de 30 mil unidades de álcool gel, sem licitação. Há mais compras de gel e papel-toalha da época da pandemia que merecem atenção das autoridades. Se procurar acha. Tem histórias que giram em torno da compra de papel-toalha que lotou duas carretas.
A tropa de choque do prefeito Hingo Hammes na Câmara está perdendo um nome de peso. Hingo Hammes teria reagido com veemência à participação do vereador Júnior Coruja no encontro político com o prefeito do Rio, Eduardo Paes, que arregimenta apoios políticos para sua candidatura a governador, nas eleições do próximo ano. E o presidente da Câmara não gostou. No encontro político, Coruja foi fotografado ao lado de Eduardo Paes, Rubens Bomtempo, deputado Pedro Paulo e do vereador e ex-presidente da Comdep Léo França. E Hingo apoia o candidato do governador Cláudio Castro, que é, até agora, o presidente da Alerj, deputado Rodrigo Bacellar.
Em Itaguaí, graças à ação do Ministério Público Estadual, o governo local foi condenado a reduzir em pelo menos 20% os gastos com salários para servidores que ocupam cargos em comissão. Não pode também contratar novos comissionados e prestadores de serviço e ficou proibido de criar cargos, empregos ou funções, exceto nas de saúde e educação, “caso isso seja imprescindível”.
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