COLUNISTA
Vence amanhã a primeira quinzena de trabalho da comissão formada pelo prefeito Hingo Hammes para levantar dados exatos sobre as graves dificuldades financeiras enfrentadas pelo município, e propor e acompanhar medidas emergenciais de ajuste, dentro do quadro de calamidade pública decretado no último dia 16. O silêncio sobre esse trabalho pode representar duas coisas muito ruins para a cidade: ou nada avançou, ou, pior ainda, o governo municipal não considera importante informar os petropolitanos sobre o que está ou vai ser feito para tirar a cidade do estado pré-falimentar em que se encontra, agindo como se não fôssemos nós, os contribuintes, que pagamos as contas e sofremos com a deterioração dos serviços, a falta de investimentos e a inaceitável possibilidade de, dentro de um ou dois meses, não ser possível pagar os salários do funcionalismo.
O governo precisa revelar a quanto monta o déficit financeiro e orçamentário em 2025, o total do endividamento, a origem das multas e quais são as providências, para corrigir esse rumo desastroso, já foram tomadas. Quase sete meses foram perdidos pela atual administração. O modelito TikTok de comunicação adotado pelo governo pode ser confundido com deboche, com desrespeito ao cidadão, diante de problemas tão graves.
O governo estadual está desapropriando o imóvel da antiga Alpha Café Solúvel, na BR-040, altura da Fazenda Inglesa, para instalar no local o Polo de Inovação Tecnológica de Petrópolis. A desapropriação é conduzida pela Secretaria de Desenvolvimento Econômico. Qualquer investimento nesse setor, aqui em Petrópolis, merece festejos. Mais ainda, se o governador Cláudio Castro mandar retomar as obras na Casa do Barão do Rio Branco, na Avenida Barão do Rio Branco. O imóvel foi desapropriado pelo estado para abrigar a Uerj, mas tinha problemas estruturais graves, que até hoje não foram corrigidos.
A adoção de ônibus elétricos para a linha 700 (Centro-Itaipava) é bem-vinda. Se a promessa for cumprida, serão ônibus novos, de tecnologia limpa, mais silenciosos e sem fumaça. Além disso, serão postos em circulação ônibus fabricados para transportar pessoas e não mais as carrocerias mal planejadas que são colocadas sobre chassis de caminhões, como ocorre hoje. Mas, a CPTrans deve colaborar com o projeto, verificando o que pode ser feito para amenizar os problemas existentes no trajeto. Afinal, o modelo chinês da fábrica Higer, escolhido pela Turp, tem 12 metros de comprimento e torna as manobras mais difíceis ainda com seus 3,33 metros de largura.
O prefeito Hingo Hammes entregou a uma comissão a tarefa de propor regras para a autorização de eventos no Palácio de Cristal e na Praça da Liberdade. São locais importantes e merecem atenção. Mas, deveriam estar relacionados no decreto o Parque de Itaipava e a Praça Visconde de Mauá (a Praça da Águia ou a Praça da Câmara, como a tratam os petropolitanos). O caso da Praça da Liberdade pode ter sido a motivação do estudo determinado pelo prefeito. Não é de hoje que os moradores da praça e da vizinhança reclamam do barulho excessivo em horários pouco recomendáveis para uma área residencial. Isso acontece em outros locais perguntem aos que moram na Praça Pasteur, por exemplo), mas na Praça da Liberdade e imediações mora gente poderosa. O problema pode ser resolvido, lá e em outros locais submetidos ao barulho, se as autoridades conseguirem disciplinar horário e volume do som nas festas autorizadas. No caso da Praça Visconde de Mauá e do Parque, parece que o governo quer que fiquem como estão.
A retirada de uma bandeira do artista visual Matheus Ribs, que fazia parte de uma evento do Festival de Inverno, no Parque de Itaipava, gerou um problema que o prefeito Hingo Hammes não precisava. A Guarda Municipal foi deslocada de suas atividades para virar beque de obra de arte uma bandeira que lembra a do Brasil, em que o autor utilizou a cor vermelha. A ação deve ter sido realizada para atender a pruridos da turma que sofre de eritrofobia (explico que é fobia ao vermelho) e a bandeira foi retirada do local onde foi colocada pelo Sesc, que patrocina o Festival de Inverno. Foi um tiro no pé. Depois da ação, a bandeira ganhou o mundo pelas redes sociais, com duras críticas ao governo municipal. Poderia ter guardado energia para outras tarefas.
Com a participação da atuante e respeitabilíssima associação de moradores NovAmosanta, Itaipava está protestando contra a autorização, dada pela Prefeitura, para o corte de 96 árvores, num terreno da Estrada União e Indústria, como Mariana Machado mostrou em matéria publicada ontem pelo Diário. Trata-se de uma das últimas manchas de árvores nativas da região e, no local, surgirão mais alguns prédios de apartamentos. Talvez seja o caso de a Prefeitura rever a licença. As espécies da nossa Mata Atlântica deveriam ser tratadas em Petrópolis como Curitiba trata as araucárias. Lá é proibido cortar as árvores e as punições são extremamente duras para quem desrespeitar a norma. Podem levar o infrator à prisão. A defesa do pedaço de mata que restou naquele trecho é talvez a primeira desse tipo em Itaipava e merece apoio, porque pode iniciar uma reação e ajudar a impedir que o concreto tome conta e o distrito perca o charme de zona rural.
O vereador Dudu saiu na frente: gravou uma ligação por vídeo com o ministro dos Transportes, Renan Filho, em que a autoridade federal assegura estar atendendo pedidos do vereador petropolitano para providenciar a construção da ligação entre os bairros Bingen e Quitandinha e para substituição da ponte do Arranha Céu, em Itaipava, que tem graves problemas estruturais. A gravação já está no ar, nas redes sociais. “Estamos juntos nesta batalha”, disse o ministro. Quando exerceu cerca de um ano de mandato de deputado federal, Dudu tinha gabinete ao lado do hoje ministro. Ter a ligação Bingen-Quitandinha como animadora de campanha eleitoral é o sonho de 10 de cada 10 candidatos de Petrópolis, em 2026.
O banco de sangue do Bingen registra estoques baixíssimos e teme não ter condições de atender a demanda dos hospitais da cidade. A instituição é privada, mas cuida de um produto que salva vidas todos os dias, nos centros cirúrgicos e nos casos graves de trauma. Assim, o melhor é o governo ajudar, encontrando formas de estimular os doadores, por meio de campanhas, envolvendo universidades, escolas, empresas e chegando ao cidadão, de quem se espera o gesto de solidariedade humana de doar sangue. Lembrando que qualquer um de nós pode estar na condição de paciente que precisa sangue e encontra a escassez.
Sérgio Mattos, o Serginho de Corrêas, assumiu a presidência da Associação Petropolitana dos Pacientes Oncológicos (APPO), em substituição a sua mulher, fundadora e uma das líderes da instituição, Ana Cristina Mattos, que está em recuperação de problemas de saúde e tomou posse como vice-presidente. A nova diretoria é composta exclusivamente por voluntários: além de Sérgio e Ana Cristina, integram a equipe Mônica Possas (secretária), Rosângela Silva (tesoureira), Gabriela Andrade (relações públicas) e as conselheiras fiscais Cléo de Marco, Patrícia Fernandes e Rosemarie Borde Serafim. Juntos, eles reforçam o compromisso de manter a APPO como um espaço de acolhimento, dignidade e luta por direitos.