COLUNISTA
Há uma mudança importante sendo debatida por setores do PT de Petrópolis, que pode trazer enormes reflexos na disputa pela Prefeitura. Insatisfeito com o tratamento que vem recebendo do governo municipal e interessados em melhorar as condições de eleger vereadores, os petistas pensam em abrir mão de qualquer acordo existente com o prefeito Rubens Bomtempo, para lançar candidatura própria nas eleições de outubro. O grupo, que é grande e representativo, já levou a questão a figuras importantes do partido e encontrou ambiente para avançar.
Os petistas foram integrados ao governo, mas ficaram limitados a três cargos, o de secretário de Esportes, ocupado por Thiago França, e duas posições subalternas na mesma secretaria. Nenhum outro membro do partido foi lembrado para integrar a equipe de governo e os petistas não têm acesso aos demais secretários.
Se o PT lançar candidatura própria, Rubens Bomtempo perde a companhia de seu vice-prefeito e hoje apontado como seu companheiro de chapa também na próxima eleição, o petista Paulo Mustrangi. Este, talvez, possa fazer o que pretendia, desde o início, que é disputar uma vaga na Câmara de Vereadores, da qual já foi presidente.
Preservação parece ser palavra proibida na administração municipal. Enquanto Niterói, por exemplo, relaciona dezenas de imóveis que serão tombados como patrimônio histórico/arquitetônico, não há, há décadas, nenhum movimento para evitar que prédios representativos de épocas, estilos e história da cidade não sejam demolidos ou sejam simplesmente destruídos pelo abandono. Exemplos são o imóvel onde funcionou o Banco do Brasil, na confluência das ruas do Imperador, fechado há anos e cercado para evitar que pedaços da fachada caiam e atinjam pedestres ou veículos; e a casa na Rua Alberto Torres, pertencente à própria Prefeitura, que está desaparecendo aos poucos.
O Dia do Trabalhador que alguns setores insistem em transformar em Dia do Trabalho não teve uma só manifestação em Petrópolis. Que não haja motivos para festejos é compreensível, mas não usar a força da data para reivindicar é coisa que merece reflexão dos trabalhadores e suas instituições representativas. A cidade já teve uma vida sindical poderosa, comandada principalmente pelos sindicatos dos ferroviários, dos trabalhadores na indústria têxtil e na indústria metal-mecânica. Os trabalhadores merecem recuperar seus canais de diálogo e pressão.
O jogo pelo poder no Estado do Rio está assim: o governador Cláudio Castro é o alvo de ação movida contra ele pelo PSB/PSOL. Se fosse condenado, governo passaria para seu vice e atual desafeto Thiago Pampolha. Mas este também foi incluído no processo. Na linha de sucessão, o presidente da Assembleia Legislativa, Rodrigo Bacellar, tentou se livrar do processo, mas não conseguiu e está também sob julgamento do TRE. Os três são pedras de dominó alinhadas em pé: se uma cair, caem todas. Jogo empatado.
Funcionários registram movimentos na Prefeitura, em busca de projetos que possam ser apresentados ao governo federal, em busca de verbas para realizá-los. A falta dos milhões que Petrópolis perdeu de ICMS a mais, que recebia até 30 dias atrás, operou a mudança: antes a Prefeitura perdia recursos a ela destinados por não dispor de projetos para apresentar. Agora, se depender de recursos próprios, a Prefeitura para.
O governo do estado publicou decreto com os novos índices de distribuição de ICMS entre os municípios fluminenses, que suspende a transferência de cerca de R$ 23 milhões mensais a Petrópolis. Voltamos ao patamar anterior à guerra judicial iniciada em 2022. E não é nada confortável, pois somos agora o valor do nosso ICMS é o 15º entre os 92 municípios fluminenses. Em épocas melhores já chegamos a ser o sexto.
O último feriado foi bom para o pré-candidato a prefeito Yuri Moura (PSOL). O deputado recebeu no Petropolitano uma multidão que queria cumprimentá-lo pelo seu aniversário e que doou cerca de uma tonelada de alimentos para o trabalho de combate à fome, que ele mesmo implementou quando era vereador. Além disso, recebeu a visita do presidente do PDT, ex-secretário Marcos Novaes, com o qual teve uma conversa política animadora. Não houve qualquer comunicado a respeito, mas é possível que os dois partidos possam caminhar juntos nas eleições de Petrópolis.
Houve presença de bom público, figuras importantes da República, escritores, editores e muita gente jovem na abertura do Festival Literário de Petrópolis (Flipetrópolis), no Palácio de Cristal, mas o momento mais bonito da solenidade comandada pelo vice-prefeito Paulo Mustrangi ocorreu quando ele chamou ao palco a escritora petropolitana Angélica Paes, que está lançando o livro A menina que não podia ser escritora por ser negra. Funcionária da Comdep, Angélica compareceu com o seu uniforme de trabalho na empresa e foi calorosamente aplaudida pelo público. O Flipetrópolis, aliás, já pode ser considerado um sucesso.
Encontro de confrades da Academia Petropolitana de Letras, na tarde de sexta-feira, na agência central do Banco do Brasil os magistrados Miguel Pachá e Andréa Pachá, e Paulo Antonio Carneiro Dias, diretor do Diário. Andréa participou de mesa da Flipetrópolis, ao lado de Jeferson Tenório e Sérgio Abranches.
Veja também: