COLUNISTA
O TikTok do governo municipal deve ter ficado com problemas técnicos nos últimos dias, enquanto circulava nas redes sociais tão queridinhas da comunicação governamental um vídeo com cenas quase de pugilato na sala de espera de uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA), supostamente gravadas na UPA Centro, de Petrópolis, segundo quem fez a postagem. Era um homem protestando enfurecido, berrando que estava havia seis horas esperando atendimento. Na cena, um servidor também berrava e outros tentavam serenar a situação. O vídeo pode ter sido gravado em qualquer outra UPA do país, uma vez que elas todas têm o mesmo projeto arquitetônico, mas também poderia ser em Petrópolis, onde os problemas são conhecidos. Apesar da gravidade da cena, o governo não deu qualquer explicação. Não disse se era mentirosa e não deu explicações ou anunciou providências, no caso de ser verdadeira. No fundo, é resultado da opção do governo Hingo Hammes pelo estilo TikTok de comunicação. Coisas sérias não têm espaço.
O governo municipal anuncia que está trabalhando para “destravar” obras de contenção em Petrópolis, financiadas pelo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e que não saem do papel desde o ano passado, e até mais. Quem lê até o final descobre que são apenas duas obras, na Floresta e Alcobacinha e que o “destravamento” está na fase de reuniões com autoridades federais e “vistorias técnicas”. Como são obras de contenção, certamente necessárias para que moradores não estejam expostos a riscos durante as chuvas de verão, as providências estão chegando tarde. Já estamos, afinal, em outubro, e as chuvas ameaçadoras podem chegar em um mês. Impossível não perguntar: por que essas providências não começaram ainda durante o período de transição de governo, em 2024, e por que não incluem outras tantas obras importantes, que continuaram intocadas? Arriscar uma resposta pode levar a entender a razão de o município estar paralisado, sem recursos para o básico. Basta imaginar que todos os assuntos foram tratados com a mesma prontidão.
A CPTrans está enfrentando uma tarefa complicada: garantir que a Turp cumpra a decisão do juiz Jorge Luiz Martins, da 4ª Vara Cível de Petrópolis, que estabeleceu as condições em que a empresa de ônibus terá direito de cobrar de seus passageiros a tarifa integral e não R$ 0,30 menor, como acontece hoje. A decisão judicial prevê, entre outras obrigações, que a empresa providencie a retomada das linhas inoperantes e, também, a redução efetiva de autos de infração por falhas mecânicas e redução efetiva de autuações por supressão de viagens. Nada disso está sendo cumprido. Basta perguntar ao Conselho Municipal de Trânsito e Transportes, recentemente formado com a eleição das associações de moradores de Corrêas, Bela Vista, Osvero Vilaça, Comunidade São Jorge, Parque São Vicente, São Sebastião, Nogueira, Neylor, Vale dos Esquilos, Contorno e Amazonas (Quitandinha). Algumas dessas entidades convivem com condições absolutamente anormais do serviço de transporte, de responsabilidade da Turp. E não há qualquer movimento do governo municipal para encontrar soluções. Ou acha que tudo está bem, ou aguarda até o tema voltar ao Judiciário.
Dona de 5.483 votos em Campos, Thamires da Silva Lima, a vereadora Thamires Rangel (PMB), que completou 19 anos no último dia 1° de agosto, foi nomeada pelo governador Cláudio Castro para uma subsecretaria da Secretaria de Ambiente, onde pontifica o ex-prefeito de Petrópolis, Bernardo Rossi. Ela foi a mais jovem vereadora eleita no país, em 2024, quando mal tinha completado 18 anos. Entre os aliados petropolitanos de Bernardo Rossi, houve muxoxos, aqui e ali, porque achavam que ele deveria indicar ao governador alguém ligado ao grupo de Petrópolis. Mas, depois de olharem melhor, pararam de reclamar. A jovem estudante é filha do deputado estadual Thiago Rangel, do Avante. Tem DNA.
O noticiário sobre a visita da deputada federal Benedita da Silva (PT) a Petrópolis mobilizou a tropa antipetista e outros nichos da direita petropolitana, com duras críticas à atual pré-candidata ao Senado. Isso já era esperado, mas há um fato notável a registrar: as ex-secretárias municipais Cida Barbosa (Saúde) e Rosane Borsato (Assistência Social) saíram em defesa de Benedita da Silva, sem se assustar com a enxurrada de impropérios e algumas críticas válidas. Fica mais fácil entender por que as duas são figuras respeitadíssimas da vida política petropolitana.
A visita de Benedita da Silva permitiu ver, também, que a realidade das ruas, de descontentamento tanto com os governantes de partidos ditos de esquerda, como de outros de partidos ditos de direita, praticamente elimina a possibilidade de debate inteligente. Sempre há a esperança de que os manifestantes/militantes saiam de seus nichos, de onde espalham impropérios contra adversários, e encontrem forma melhor de se comunicar com a sociedade. E Benedita veio a Petrópolis trazer informações sobre projetos que pretende desenvolver no Senado Federal, caso seja eleita em 2026, o que é bastante possível, porque ela ostenta bons índices nas pesquisas eleitorais. Perdemos uma excelente oportunidade de refletir seriamente sobre esses projetos e amadurecer argumentos contra ou a favor. Em sua visita, Benedita tratou respeitosamente o eleitor: diálogo, em vez de espalhar pelas ruas cabos eleitorais remunerados diretamente pela campanha ou ocupando cargos públicos, como somos costumeiramente tratados.
Cidade autointitulada conservadora, pelos conservadores, Petrópolis está se preparando para instalar um busto do brigadeiro Eduardo Gomes, patrono da FAB, um dos responsáveis pela criação do Correio Aéreo Nacional, e uma das maiores figuras da direita brasileira, em nome da qual disputou a Presidência da República, em 1945, sendo derrotado muito em consequência de notícias falsas espalhadas sobre um discurso que teria feito durante a campanha, falando mal dos “marmiteiros”, trabalhadores que levavam sua comida para o trabalho. Perdeu a eleição para Eurico Gaspar Dutra. Ele era petropolitano. Homenagear Eduardo Gomes é uma coisa boa, se isso quer dizer nos aproximar da história de uma direita pensante e mais educada.
Moradores de Nogueira estão irados com a Enel. Muitos passaram o fim de semana sem energia elétrica e, além de viverem os desconfortos de ficarem sem luz, de não poderem usar a geladeira, o micro-ondas, o forno elétrico, o computador até porque com a falta de energia, o sinal de internet é cortado, sofreram com o desrespeito com que são tratados pela distribuidora de energia elétrica. Some-se a isso o banho frio. Não é preciso continuar descrevendo os problemas, que praticamente todos os petropolitanos já viveram. O que provocou e provoca a revolta dos moradores é que a Enel é incapaz de dar qualquer informação, que não as “opções” de teclado que habilita na máquina com que atendem às ligações isso enquanto os moradores podem ligar, porque ficam sem energia, também, para carregar a bateria de seus celulares. Todos esses dissabores vêm embrulhados em desconsideração. E não há um só órgão para o qual os moradores possam recorrer.
Veja também: