COLUNISTA
Os problemas do comércio de Petrópolis merecem ser revisitados sempre. Cada dia que a Prefeitura atrasa salários, os prejuízos são enormes. A massa salarial do funcionalismo é essencial para a economia local. Quem deve contas fica sem dinheiro para pagar, quem compra com o dinheiro do mês fica fora dos balcões. Os prejuízos da economia são imensos. Como a Prefeitura não paga com regularidade os contratos de compras e serviços, é mais dinheiro que deixa de circular. Da padaria à sapataria, passando pela farmácia, da papelaria à loja de brinquedos ou roupas todos sofrem porque o município não cumpre seus compromissos. Parece excessivamente didático, mas é assim que as prefeituras mal administradas prejudicam a economia da cidade de forma muito severa. E há questões ainda mais perversas, como descontar os empréstimos consignados e outros créditos na folha de pagamento do servidor e não encaminhar o banco credor, reativando o crédito e permitindo algum oxigênio à categoria, nestes tempos difíceis. Repito, parece coisa simples, mas é problema que vai longe, envolvendo toda a economia. Se o governo tiver dúvidas sobre o está fazendo, basta perguntar aos lojistas que estão todos os dias atrás dos balcões tentando sobreviver e são atrapalhados. E vêm aí a primeira e a segunda parcela do 13° e os salários de novembro e dezembro. Deus nos proteja.
Até a intervenção judicial na administração do Sehac, que controla o Hospital Alcides Carneiro, as UPAs e outras unidades importantes de saúde, vivíamos atônitos com a presença de um governo que não percebia a gravidade dos problemas. Agora, olhamos um governo atônito, incapaz de propor um movimento, uma só alteração nessa corrida em direção a um muro de concreto. Não há nada, uma só palavra que possa nos ajudar a enfrentar os problemas que nos sobraram.
Talvez a terceirização de mão de obra que começou ao custo de R$ 34 milhões e hoje já alcança R$ 53,5 milhões por semestre. É preciso ver se esse negócio está do tamanho certo, se o preço a pagar é esse mesmo. Talvez seja um caso de as autoridades colocarem sob observação esse contrato. A empresa Capital Ambiental recebeu de janeiro a outubro exatos R$ 81.156.497,98. Isso mesmo, milhões de reais. É de longe o maior contrato com a Prefeitura. E um adendo: mesmo com esses pagamentos, há servidores terceirizados reclamando de atrasos de salários e de outros direitos.
A questão do lixo urbano nos assombra, mas não parece preocupar o governo. Às vésperas do 13º e dos salários de novembro e dezembro, não dá para dormir em paz. O agravamento esperado da atual situação irregular da coleta de lixo, deixas o comércio tenso. Como se preparar para o Natal com a imundície tomando conta das ruas, praças e calçadas.
O Sehac e seus gastos vão passar certamente sob o crivo de especialistas. É preciso identificar onde foram cometidos os erros, revelar a situação real das contas e como isso vai interferir ainda mais na crise que vivemos na área de saúde. Os interventores terão pelo menos acesso às informações principais. Mas, sem dinheiro e sem orçamento, a crise só se agravará até o fim do ano. O atual governo assumiu sabendo que o orçamento destinado ao nosso maior hospital era insuficiente. E o que fez? Nada! É irritante repetir que estamos envolvidos na anomia do governo municipal. É problema de dinheiro, que só se resolve com dinheiro. Mas, é melhor abrir as histórias o HAC.
É muito simplório responsabilizar os diretores afastados do Sehac pelos problemas existentes. Antes de apontar o dedo, é preciso prestar muita atenção à irresponsável gerência financeira da Prefeitura. Afinal, os horrores não estão apenas na saúde. Eles se espalham sobre todos os setores.
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