COLUNISTA
O sonho do ICMS a mais nas contas da Prefeitura chegou ao fim, em decisão do Supremo Tribunal Federal. Agora, Petrópolis vai precisar aprender a sobreviver sem algo próximo de R$ 23 milhões por mês, além de ter de devolver as muitas dezenas de milhões de reais que recebeu a mais, desde 2022. Se o governo municipal, com seu imobilismo e total desrespeito à opinião pública, não sair do estado depressivo e agir, as consequências da crise financeira, fabricada pelo próprio governo, serão ainda mais graves. Chorar mágoas, fazer papel de vítima não ajuda A sociedade tem direito de conhecer as verdadeiras causas e extensão das dificuldades que vai enfrentar. E, sobretudo, saber o que está sendo feito para reorganizar a casa e minimizar os problemas.
O choro de Bomtempo com relação a recursos para a saúde pode diminuir um pouco. O governo Lula assumiu os gastos dos novos Centro de Tratamento Oncológico e Casa da Gestante, do Bebê e da Puérpera, São novas unidades importantíssimas do Hospital Alcides Carneiro.
Vinte e quatro candidatos aprovados no concurso para agente de trânsito da CPTrans concluíram o curso de formação necessário para assumir a função. Mas, isso ocorreu em fevereiro. Portanto, eles estão, desde então, em condições de ser colocados nas ruas, a serviço. Mas, o governo preferiu gastar mais dinheiro em secretarias até agora inoperantes. Se houver um mínimo de vontade política de melhorar o trânsito, esses agentes deveriam ser imediatamente contratados. E os atalhos criados para contratar pessoal pela CPTrans, como no caso da organização do trânsito na Bauernfest, precisam ser tratados como irregularidades, que são.
Ainda sobre a área de trânsito e transportes: chega a ser insultuoso que o governo municipal anuncie reestruturação do sistema de transporte. É assim que a Prefeitura apresenta a distribuição de linhas da Cascatinha. Ou é insulto aos que usam o transporte coletivo, ou ninguém no governo anda de ônibus e as autoridades acreditam mesmo que fizeram mudanças benéficas no sistema. Qualquer das opções é ultrajante.
O governo Rubens Bomtempo é mesmo imbatível em quantidade de absurdos que produz, mas agora exagerou na conta. Bomtempo aproveitou um evento para anunciar a criação de uma vila olímpica no terreno da antiga Montreal, na Estrada União e Indústria, em Corrêas. O local foi abandonado, depois de ser coberto por dois metros de água, nos últimos três temporais ocorridos em Petrópolis. Inundações menores são comuns, mesmo com menor quantidade de chuva. No local, se repete tormento dos alagamentos que ocorrem no Prado.
Agora, a conjuntura política torna mais difícil resolver projetar e realizar obras para resolver o drama petropolitano das enchentes. Não há a menor possibilidade de Prefeitura e Inea (órgão estadual que cuida dos rios) sentarem à mesma mesa para tratar do assunto, em busca de soluções que nos devem há muitas décadas. De um lado está Rubens Bomtempo, de outro, Bernardo Rossi.
A situação de penúria das finanças municipais virou argumento, também, para cortes nos gastos eleitorais. Até mesmo pré-candidatos da oposição estão usando a desculpa.
O MDB torce pela recuperação da saúde de seu presidente municipal, Marcus Von Seehausen. Por motivos humanitários e também eleitorais. Sem Marcus em plena atividade, o partido teme pela campanha de seu filho João Antonios, pré-candidato a vereador, de quem era esperado um forte reforço na votação.
Aliás, ainda não foi possível entender se o MDB já fez acordo com Hingo Hammes, deixando-o livre para escolher o candidato a vice-prefeito de sua chapa, ou ainda pretende indicar um emedebista para o posto. Aliados esperam que o problema esteja resolvido e que não ressurja como possibilidade de crise, nas vésperas das convenções municipais de julho.
A turma do Republicanos de Petrópolis já demonstra a satisfação pelo resultado do ajuste na chapa de pré-candidatos a prefeito e vice. A dupla Eduardo do Blog e Leandro Azevedo já é festejada até mesmo por partidários que tinham dúvidas sobre seu lançamento.
Movimento importante na pré-campanha eleitoral: é possível encontrar antigos aliados do socialista Rubens Bomtempo na campanha de Yuri Moura, do PSOL. A transição ocorre com mais força na esquerda, mas também tem reflexos no centro.
Pré-candidatos a vereador do PT se queixam de não serem convidados para eventos positivos do governo municipal, tão raros. Os do PSB de Rubens, também. O favorecimento a uma ou duas candidaturas incomoda muito.
Pré-candidato a vereador, o ex-presidente da Câmara Jorge Barenco, do União, está assumindo compromisso de ser fiscal constante do orçamento municipal, como forma de garantir um mínimo de planejamento na gerência das receitas e dos gastos municipais, o que não acontece hoje. Barenco credita à facilidade que os vereadores concedem ao prefeito condições de remanejar verbas a ausência de planejamento, que prejudica tanto a vida da cidade. Os programas e projetos constantes do orçamento são compromissos do governo com o cidadão, mas sofrem mudanças ou são suprimidos por meros decretos do prefeito. Exigir respeito ao orçamento obrigará o governo a planejar melhor a forma de administrar, argumenta Barenco. Hoje, o prefeito pode, sem consulta à Câmara ou a quem quer que seja, remanejar 30% do seu orçamento.
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