COLUNISTA
As cabeças mais serenas ligadas ao governo municipal bem que poderiam trabalhar para evitar que Petrópolis perca a oportunidade de dotar a cidade de um radar meteorológico capaz de antecipar os grandes temporais, a tempo de evitar mortes e de reduzir prejuízos. Hoje, de um lado, um acordo judicial com o Bradesco garantiu um radar à cidade e, de outro, o Inea, órgão estadual também aprovou a compra de outro radar. Quase simultaneamente. No caso do radar do Bradesco, a Prefeitura teria de assumir os custos de compra do terreno e preparação da área para receber o equipamento. Como a Prefeitura diz estar em estado de penúria financeira, não teria dinheiro para cumprir sua parte no acordo. Se, em lugar de instalar dois radares, os governos municipal e estadual se entendessem: o Bradesco poderia fornecer o radar e o estado cobriria os custos de sua instalação e, até mesmo de operação. Mais barato e mais eficiente para todos.
Não há como deixar de falar sobre a trapalhada do ICMS, porque há um fato notável a destacar: a torcida sincera de uma grande parte da sociedade para que a ação judicial envolvendo a Celma tivesse desfecho favorável à Prefeitura de Petrópolis, representando acréscimo de recursos para os cofres municipais. E isso a despeito das feridas abertas pelo governo municipal no seu relacionamento com a população. Essas feridas não sararam, mas torceu-se por uma improvável vitória de Rubens Bomtempo no STF, que não ocorreu. Terminado o julgamento, com votação unânime desfavorável a Petrópolis, voltamos ao velho normal: as ruas voltam a criticar o governo pelos motivos de sempre.
O que se critica na atuação do prefeito nessa trapalhada: o direito da Prefeitura era frágil e o município teria contra si a ação dos demais municípios fluminenses, que perderam muitos milhões para que Bomtempo pudesse estender a gastança habitual aos milhões que chegaram, por meio de uma liminar judicial. O risco de essa decisão provisória ser modificada era grande. Mesmo assim, Bomtempo gastou e criou gastos permanentes para o futuro inclusive na criação de mais secretarias municipais. Nem mesmo houve tentativa de diminuir o grande endividamento do município. Essa dívida foi construída por vários governos, mas Bomtempo esmerou-se para aumentá-lo nos seus 15 anos de administração. Agora, com a decisão derrubada em caráter definitivo pelo STF, Bomtempo e seus porta-vozes tentam transferir culpas, à Celma, aos adversários políticos, à população ingrata, que o critica. E não dá satisfações ao cidadão comum.
Agora, estamos diante de dura realidade. A aventura perigosa resultou em desastre. O dinheiro a mais não virá e a Secretaria de Estado de Fazenda, que arrecada e distribui os recursos está sendo fortemente pressionada a reter a cota que ainda cabe a Petrópolis, para ressarcir os municípios que perderam dinheiro. Aí a crise piora, porque nem mesmo o dinheiro que havia antes da aventura judicial e da gastança vai chegar.
Para fechar essa questão com mais erros, Rubens Bomtempo ataca e ameaça a Celma, como se ela, que é a maior contribuinte do imposto municipal ISS fosse responsável pelas dificuldades que a má gestão impõe às contas de Petrópolis. Essa atitude sem sentido gerou reações. A primeira veio do Sindicato dos Trabalhadores na Indústria Metalúrgica, que representa os mais de 2 mil funcionários da Celma na cidade. Depois, a Câmara Municipal se posicionou de maneira inequívoca. A ela uniu-se o mundo político da cidade. Dos pré-candidatos a prefeito, por exemplo, Hingo Hammes, Leandro Sampaio, Yuri Moura e Eduardo do Blog se manifestaram claramente contra o despropósito dos ataques à Celma.
Rubens Bomtempo provocou mais uma crise desnecessária. Perdeu o foco ao sair da questão judicial e passar a ataques públicos a uma empresa que é importantíssima para Petrópolis. Além disso, a Câmara aprovou proposta da vereadora Júlia Casamasso, convocando-o a prestar esclarecimentos sobre a crise. Medida importante porque a cidade merece saber o que tem sido feito com seus recursos. Se Rubens for, terá de falar sobre o destino dos muitos milhões a mais. Se não for, passará a ser visto como fujão, às vésperas de uma eleição difícil.
O vereador Hingo Hammes foi o primeiro a reagir a um possível novo problema grave para Petrópolis, como consequência da redução do orçamento do Museu Imperial. Hingo, que é pré-candidato a prefeito, foi a Brasília procurar apoio de líderes no Congresso para convencer o governo a não cortar tão drasticamente recursos destinados ao nosso museu. Como os custos da instituição são elevados, para funcionar inteiramente, há riscos de haver até mesmo redução na visitação. A manutenção do prédio é cara, porque exige pessoal especializado. O mesmo ocorre em relação ao riquíssimo acervo, que precisa cuidados e segurança especiais. E restaurar o orçamento da instituição não seria um peso para o governo federal, porque o Museu Imperial produz recursos.
O vereador Luiz Eduardo Dudu encabeça todas as listas de mais votados para a Câmara Municipal nas próximas eleições. Na segunda posição constam os nomes de pelo menos uma dúzia de candidatos, com destaque para Gilda Beatriz e Léo França.
O deputado Hugo Leal (PSD) deu entrevista à Rádio Tribuna, anunciando seu apoio à pré-candidatura de Leandro Sampaio a prefeito de Petrópolis e fazendo críticas à administração municipal. Oficialmente, o PSD faz parte da pré-campanha de Hugo Leal. Há quem diga que a posição do deputado não é solitária e que pode repercutir nas decisões do partido, na hora das convenções municipais. Basta um aceno do prefeito do Rio, Eduardo Paes.
Já há uma certeza em relação à escolha do candidato a vice-prefeito na chapa do pré-candidato Hingo Hames. Ele será do PL. Mas, pode haver disputa dentro do partido para indicar o nome do vice. Além de Albano Batista Filho, nome preferido pelo governador Cláudio Castro, há na mesa a indicação do presidente regional do partido, Altineu Cortez. Ele quer Alexandre Gurgel na chapa de Hingo.
Sempre que se pergunta sobre o candidato a vice a Hingo Hammes, ele rebate perguntando que são os candidatos a vice de adversários. Apenas Rubens Bomtempo e Eduardo do Blog já apresentaram Paulo Mustrangi e Leandro Azevedo como seus candidatos a vice. Está aí um desafio para Leandro Sampaio, Yuri Moura e Bernardo Santoro.
O governo municipal buscou até a via judicial para tentar reduzir as despesas com coleta e destinação final do lixo de Petrópolis. Mas, o edital de licitação preparado pela Comdep, adiado ontem por ordem do Tribunal de Contas do Estado, segundo especialistas pode resultar em gastos duas vezes maiores ou até mais.
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