COLUNISTA
Mais um Natal, queridos amigos leitores.
Natal de Jesus, Maria e José.
Natal dos pastores, dos Reis Magos, do ouro, incenso e mirra, da gruta de Belém, da Estrela-Guia, da simplicidade, da comunhão com a natureza.
A Santíssima Trindade, nas figuras do Pai, Filho e do Espírito Santo, que são onipresentes, oniscientes e onipotentes, se em Êxodus nos apresentam com toda força; por ocasião do Natal faz-se criança e nasce numa hospedaria, simples, pobre, tendo como companhia alguns animais, o feno, pastores que ali acorreram guiados pela intensa luz que iluminou todo o universo.
E por mais desconcertante e paradoxal parecesse, Cristo, que é Deus, uno e trino, que é o Verbo encarnado, fez-se homem e desceu à terra e foi gerado pela Virgem Maria.
Fez-se criança... Haja lições!
De humildade à ridícula vaidade humana.
Sim, Ele quis nascer homem, fazendo-nos a sua imagem e semelhança ou fazendo-se a nossa imagem e semelhança.
Fala-se tanto nesta época de fraternidade, paz, concórdia...
Enquanto isso, lojas infestadas, o consumismo, quando deveríamos tanto dar mais ênfase à parte espiritual.
Eu sei, eu também não fujo à regra. Gosto de dar e receber presentes.
Mas, não seria o melhor presente à consciência tranquila, ou agradecer constantemente, a saúde, a virtude de podermos contemplar o pôr-do-sol, as estrelas que saltitam no cosmo, o sol, a chuva, o vento, o tempo, o calor, o frio, os pés para andar, as mãos para agradecermos, a boca para falarmos, nos alimentarmos, os lábios para sorrirmos, a água para saciarmos a nossa sede?
E o amor, sentimento tão nobre e puro!
Ah, como seria bom se não deixássemos habitar pelo ódio, inveja, egoísmo, se pudéssemos abolir de nosso dicionário as palavras: prepotência, arrogância, crueldade, humilhação, hipocrisia, maldade, escárnio.
Quem nos dera o desprendimento, quem dera vivermos num mundo de igualdade de condições, onde houvesse pão para todos, sem preconceitos, nem pobres, nem ricos, não se frisasse que fulano é doente, velho ou preto.
Bom seria se pudéssemos nos espelhar nas andorinhas que riscam os céus, as borboletas leves e soltas, os colibris beijando flor em flor...
Como aprendemos com São Francisco e Santo Ignácio de Loyola, em suas meditações sobre o Natal!
Como são lindos o presépio, a árvore de Natal.
Como é bom ganharmos o presente. Mas o presente que penso é o amor de Cristo, é a interminável lição de vida, desprendimento, o despojamento para o sim, que Maria soube nos dar.
E a humildade de José?
Obediente, casto, amigo, pai, irmão...
Peçamos doravante muita tolerância, concórdia, piedade, perdão.
Como é bela a capacidade de perdoarmos, o dom de relevarmos, a reconsideração, a reconciliação.
A vida é tão transitória, tudo é tão passageiro, e ainda assim falamos e dizemos e, no entanto, reiteramos, mesmo sabendo que estamos aqui só de passagem.
Orgulho, disputas, guerras.
Mal sabemos nós que só levaremos à prestação de contas, quando do juízo final, as obras.
Rezemos aos que sofrem, aos doentes, às famílias.
Frangos, perus, avelãs, nozes, frutas, leitoas, vinhos, presentes, árvores, ótimo.
Mas de que adiantariam todas as quatro milhões de lâmpadas que tomam conta da Imperial Cidade, se não incandescessem os símbolos, os sinos, a luz maior que é Cristo em nosso íntimo?
Não haveria qualquer significado se Ele não encontrasse morada em nossos corações, se não estivéssemos desarmados e prontos para recebê-lo.
É tempo de reflexão, de rever os conceitos, de deflagrarmos uma guerra em favor da paz.
Eu sei, nós bem sabemos que não podemos mudar o mundo, mas não custa rezarmos por nossos governantes a que olhem com carinho, sobretudo, aos menos favorecidos, que não fiquem apenas nos discursos de palanque as promessas de assistência aos aposentados, professores, assalariados, previdenciários, doentes, desvalidos, aos órfãos, aos menores que perambulam pelas ruas, habitação para todos, saúde, saneamento, educação, pão, um banho de civilidade, progresso e harmonia entre os povos.
Nós temos uma fatia de responsabilidade, evidente, mas os poderes constituídos são os principais responsáveis pelo futuro da nação.
Se nós, pobres mortais, que não passamos do universo de nossas casas e trabalho não cumprirmos nossa missão, em meio à Família, funcionários, parentes e amigos, quanto mais se desenvolvermos a obra cultural em prol da comunidade, já estaremos participando ativamente à justiça social.
Mas que não fiquem aqui apenas palavras, mas o firme propósito, porque Natal é para ser vivido durante todos os dias do ano, Ele é muito mais sublime do que se pensa, Cristo pode renascer a cada instante, basta que nos espelhemos em Maria, a final, Ele não se fez nosso irmão, não nos prometeu a vida eterna?
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