COLUNISTA
Aos 30 dias do mês de abril, Roberto Francisco estaria completando 94 primaveras e, não obstante decorridos 8 anos e três meses de seu retorno aos planos superiores, aos 86 anos sua memória prossegue viva e inarredável de nossos corações e benquerer.
A biografia de Roberto Francisco é rica, no entanto, ao discorrer, ainda que de forma tênue e perfunctória sobre o Imperador das trovas, sonetos e quadras, restam-me nuanças que o ornaram.
Exalava sensibilidade à flor da pele, onde a elegância e o lirismo fluíam fáceis e cristalinos como água no regato.
O amor de professor, filho, pai extremado, parente e a fidelidade aos amigos constituem seus principais atributos, mercê da inabalável fé e firmeza de caráter, junto ao universo vernáculo e social da Imperial Cidade.
Roberto Francisco, filho do comerciante, orador e poeta Ibrahim Antônio Francisco (BUZICO), nasceu em Anta, Sapucaia-RJ, em 30/04/1931. Seu pai, desde cedo, ensinou aos 10 filhos, de que Roberto é o mais velho, as artes da oratória e da poesia.
Já se levantava, recitando. E obrigava os filhos, em dias de aniversários e festas, a se saudarem à mesa do café e a falarem na escola e na rua, em honra à bandeira e às datas cívicas.
É sua a quadra: “Na bandeira, cabe a pátria, por maior que a pátria for; numa hóstia, pequenina, cabe Deus, Nosso Senhor!”
Foi campeão de maratonas diversas, obteve prêmios do SENAC, escreveu no Acadêmico, órgão jornalístico da escola.
Em 1947, era o Orientador do Internato, estudando com seus colegas educandos de classes inferiores, aos quais ensinava todas as disciplinas.
Fez curso de matemática, comercial e industrial, venceu concurso no SENAI e lá lecionou de 1950 a 1963, tendo sido diretor da Escola 3-1, do Bingen, de 1955 a 1963.
Em 1951, casou-se com Neusa Monteiro (filha do comerciante Djalma do Ó Monteiro), depois de um namoro iniciado em 1946.
Da união, lhes vieram sete filhos: Ângela Maria (pedagoga), Roberto Jefferson (advº e dep. federal 5 vezes eleito), Ricardo Luiz (engº e ex-vice-prefeito de Petrópolis), Elizabeth Marina ( médica, res. no Rio), Neusa Maria (pedagoga), Rosane (pedagoga) e Ronaldo (advº e economista). Deram-lhes 23 netos e 13 bisnetos.
Por isso, felizes, Roberto e Neusa: “Filhos, netos e bisnetos, com seu encanto e meiguice, quanto estrelejam de afetos nossas noites da velhice”.
Roberto fundou com os colegas Mauro Carrano, Gil Mendes, Larry Azevedo (hoje, no Princesa Isabel, no Rio) e Jésus Mendes Costa, o Educandário EPA, que funcionava em sede própria, na R. Buenos Aires, 108.
Quatro de seus filhos (Ângela, Neuzinha, Rosane e Ronaldo), ao lado de seu genro e sócio, Ronaldo Pedreira Ayres da Motta, adm. de empresas, dirigiram o conhecido, respeitado e vitorioso educandário.
Roberto era acadêmico titular das Academias de Letras, Educação, Ciências e Poesia, em nosso Município.
Presidiu, também, há quase 30 anos, a União Brasileira de Trovadores Seção de Petrópolis, sendo grande cultor e divulgador da arte do trovismo.
Betinho era carinhosamente conhecido por todos nós, foi colaborador da Tribuna de Petrópolis, do Petrópolis-Post, do Jornal de Petrópolis, Diário de Petrópolis e falava diariamente pela Rádio Imperial.
Roberto já foi, por duas vezes, Conselheiro Estadual de Educação. Presidiu, inúmeras vezes, o PTB local, e foi membro do Regional e do Nacional desta tradicional legenda, em que entrou, em 1945, pelas mãos de seu pai, então Vereador do PTB, em Sapucaia e para onde levou seus filhos, sendo que Roberto Jefferson foi o presidente regional do partido.
Roberto foi Juiz- Classista, representante dos empregadores, por aproximados seis anos. Vereador em Petrópolis, de 1963 a 1966, ali exercendo as funções de Vice-Presidente e Secretário. Foi Secretário de Fazenda, no Governo Gratacós.
Publicou o livro “Os Francisco na Poesia”, Matemática Industrial e Trigonometria Industrial. Participou também da publicação de revistas da APPRL, da APE, e de vários livros de prosa e poesia.
Após 50 anos de trabalho, aposentou-se: “Agora, me aposentado, nos “ontens”, verifiquei que, sempre a ensinar, tentando, aprendi mais que ensinei.”.
Publico, para encerrar, seu soneto de que ele mais gostava: “Desde os primórdios, nosso amor foi tanto, que só fez aumentar tempos afora, vivendo no calor e doce encanto, qual sol fulgente na sublime aurora... E lá, nos vastos campos siderais, vagando ao bel-prazer dos vendavais, as minhas cinzas levarão teu nome!”.
Petrópolis foi eleita por Roberto e Familiares. Hoje ele habita os cânones celestiais e os seus entes queridos, em sua maioria, aqui vivem, trabalham, fincaram raízes profundas e sólidas.
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