Edição anterior (4119):
sexta-feira, 19 de dezembro de 2025


Capa 4119
Fernando Costa

COLUNISTA

Fernando Costa

Perfunctória síntese biográfica de Raul de Leoni, meu patrono na Academia Petropolitana de Letras Fundada em 3 de agosto de 1922

Titular da Cadeira 22

Raul de Leoni fulgura entre as maiores celebridades que se destacam no cânon da literatura, história e memória da Imperial Cidade de Petrópolis. Seu nome está gravado em importante artéria próxima à Catedral São Pedro de Alcântara e, também, no Centro de Cultura local, bem como na primeira academia de poesia do Brasil: a Academia Brasileira de Poesia Casa de Raul de Leoni. Inclusive, ele é o patrono da cadeira 22 da centenária Academia Petropolitana de Letras; Leoni é personalidade reconhecida e louvada na literatura nacional.

Raul de Leoni nasceu em Petrópolis, em 1895 e faleceu em 1926, aos 31 anos, em sua residência de Itaipava.  Estudou no antigo Colégio São Vicente de Paulo, à época dirigido pelos Cônegos Premonstratenses, quando este estabelecimento ocupava as dependências do Palácio Imperial, antiga residência de Dom Pedro II em nossa cidade. Neste colégio, criou e editou um jornal literário para os alunos, no qual publicou os seus primeiros poemas, adentrando no universo das letras.

Decorridos 130 de seu nascimento e 99 anos de seu falecimento, sua notoriedade atingiu acústica internacional. O laureado escritor, professor universitário, pesquisador e ex-presidente da Academia Petropolitana de Letras, Leandro Garcia Rodrigues, em seu livro “Raul de Leoni, inéditos e dispersos” enriquece a obra e a crítica literária deste renomado escritor através de documentos, prosa, cartas, fotografias, aforismos filosóficos, isso depois de vasculhar gavetas, arquivos particulares e acervos históricos. Raul de Leoni, filho de família ilustre, encantou-se pela cultura europeia, especialmente por Florença. Seu único livro publicado, “Luz Mediterrânea”, tornou-se um clássico. A obra reúne sonetos e poemas marcados por um lirismo filosófico, ritmo refinado e abstrações intelectuais, que o diferenciam de seus contemporâneos. É considerado por eruditos como um poeta que transita entre o Simbolismo, Parnasianismo e o Pré-Modernismo, sem se filiar inteiramente a nenhuma corrente.

Leoni exerceu cargos diplomáticos e políticos, mas não se adaptou. Sua verdadeira vocação era a literatura. Foi colaborador de jornais e revistas da época, sob seu nome e pseudônimo Carolino Ramos. Sua poesia, embora desprovida de temas nacionalistas ou cotidianos, mergulha na filosofia e na estética clássica. Destaca-se por versos como: “Tenho o prazer sutil do pensamento / E a serena elegância das ideias”, revelando seu amor quase carnal pelas abstrações.

Raul de Leoni se manteve alheio às correntes modernistas de 1922, preferindo um estilo introspectivo e atemporal. Poemas como “Eugenia” e “Cristianismo” demonstram sua sensibilidade, profundidade e domínio técnico. Sua poesia é universal, filosófica, reflexiva. Leoni exaltava o pensamento, a essência das coisas e deixou uma herança literária marcada pela busca do ideal e pela pureza formal. Agripino Grieco, crítico literário entusiasta da poesia de Raul de Leoni afirmou: “se toda a literatura brasileira se perdesse e ficasse apenas ‘Argila’, ainda assim, teríamos a literatura pátria”.

Em Petrópolis, colaborou intensamente com a imprensa local, especialmente na “Tribuna de Petrópolis”, onde publicou poesia e prosa. Do ponto de vista pessoal, era agnóstico, mas isso não o impediu de frequentar o Convento do Sagrado, onde participou e colaborou com as obras assistenciais do Frei Luís Reinke, seu amigo pessoal e também consolador final em seus últimos momentos de vida.

Mesmo com uma obra enxuta, Raul de Leoni permanece entre os grandes nomes da poesia brasileira, reverenciado por estudiosos e poetas. Sua produção revela um homem que amava as ideias, cultivava a estética e desprezava o superficial. Decorridos 130 de seu nascimento, a conclusão é unânime: Raul de Leoni foi um poeta ímpar, cuja influência transcende o tempo e cuja memória permanece viva nas letras e na cultura de Petrópolis.

Edição anterior (4119):
sexta-feira, 19 de dezembro de 2025


Capa 4119

Veja também:




• Home
• Expediente
• Contato
 (24) 99993-1390
redacao@diariodepetropolis.com.br
Rua Joaquim Moreira, 106
Centro - Petrópolis
Cep: 25600-000

 Telefones:
(24) 98864-0574 - Administração
(24) 98865-1296 - Comercial
(24) 98864-0573 - Financeiro
(24) 99993-1390 - Redação
(24) 2235-7165 - Geral