COLUNISTA
A Banda Gustavos, composta pelos irmãos Eckhardt, foi por muito anos a filarmônica mais conhecida da cidade de Petrópolis.
No final de 1845, o Conselheiro Aureliano Coutinho, recebeu 3 pedidos dos colonos germânicos de Petrópolis: serem considerados brasileiros, a criação de escolas para seus filhos, e a vinda de sacerdotes de suas respectivas religiões, o que foi atendido prontamente pelo Governo Imperial.
Os colonos eram um povo alegre e festeiro e trouxeram para Petrópolis suas tradições e costumes.
Uma de suas características eram o espírito animado e associativo, porém no início os encontros e festas se limitavam aos domingos no Passeio Público, atual Palácio de Cristal (daí a Bauernfest ser realizada nessa localidade), a roda de “Biertich”.
No início da colonização não faltaram cervejarias com salões que aos domingos, as famílias dos colonos se encontravam para dançar e os mais velhos saborearem um “schoppen” e jogavam carteado, o 66.
Para dançar era preciso música e não era tão fácil arrumar uma banda musical naquela época.
Enquanto não haviam filarmônicas eram tocados “realejos” nos salões, mas 1847 por meio da uma lei firmada pelo Dr. José Maria da Silva Paranhos, mais tarde Visconde do Rio Branco, na Colônia de Petrópolis deveria haver uma escola de música a fim de ensinar os meninas colonos e brasileiros a prática de instrumentos musicais e canto.
Esses realejos tocavam nos salões do Rabelais, na rua dos Protestantes, atual rua 13 de Maio; na cervejaria Kremer, atual Bohemia. Substituindo os realejos, surgiu o trio formado por Felipe Molter, no violino, Augusto Herzog, no pistão e mais um que tocava contrabaixo.
Em 1853, vindo do Grão Ducado de Hessen, aportou no Rio de Janeiro, Gustav Eckhardt, assim que chegou a Petrópolis no mesmo ano resolver fundar um grupo musical com seus conterrâneos: Henrique Pedro e Frederico Esch, Henrique Faulhaber, Francisco Vogel, Pedro Jacob e outros constituindo assim uma banda musical, da qual Gustav era o regente.
Começaram suas apresentações na casa de Joaquim Martins Correia que possuía uma fábrica de sabão e serraria, na rua Rhenania, atual Washington Luiz, nº6, no local que mais daria lugar a Companhia São Pedro de Alcântara.
Mais tarde com a saída dos “Esch’s” o velho Gustav Eckhardt manteve sua filarmônica, com seus filhos e continuou tocando nos bailes na casa dos Correias.
A família Eckhadt residia na rua Westphália, n°1, atual rua Barão do Rio Barão, aonde também realizava os seus ensaios.
Os oito irmãos integrantes da banda eram: Gustavo, Eduardo, Henrique, Teodoro, Alberto, Arthur, Carlos Eckhardt, que tocavam os seguintes instrumentos: flautim, saxes, corneta, de pistãos, requinta, oficlides e bombardino. Todos também eram carpinteiros, coisa comum entre os colonos, que seguiam a profissão paterna. A regência continuou a cargo do velho Gustav.
Por serem todos os integrantes filhos de Gustav, o povo passou a denominar a filarmônica de “Banda dos Gustavos”, da banda também faziam parte o bombeiro Francisco Geoffroy ligado aos Eckhardt por meio do casamento com uma das filhas de Gustavo. Francisco era conhecido pelo nome alemão “Geoffroy’s Francshen”.
Após a morte do fundador da banda, a regência da mesma ficou a cargo de seu filho Henrique e por falecimento deste a batuta passou para o irmão Teodoro Eckhardt, até o fim da filarmônica em 1896, no período republicano.
Não é possível relatar brevemente as atividades da “Banda” que iam desde a saudação do imperador d. Pedro II, no dia de Ano Bom, 1º de Janeiro, como também as apresentações bo coreto da Bacia, hoje Praça dom Pedro, durante o verão, como faziam outras bandas, as quartas feiras e aos domingos. Todas as festividades locais contavam com a presença e música da Banda dos Gustavos, que se apresentavam muitas vezes nos salões das antigas cervejarias, no Salão Floresta, no morro do Cruzeiro, nos piqueniques, no Cassino Dona Isabel, locais onde os petropolitanos iam para se divertir.
Os Eckhardt’s fizeram se ouvir nas principais festividades da vida local, também conhecidos como “Banda dos Alemães”, executava um programa seleto de polkas, valsas, mazurcas e quadrilhas.
Encerrou esse artigo com as palavras do historiador Walter Bretz:
“Ouviu-a Petrópolis de antanho, apreciou-a ex-família imperial e tocou em festas republicanas, até que obedecendo a lei insofismável de todas as coisas humanas, encostou os metais sonoros para sempre...”
Uma homenagem ao meu tretavô Gustav Eckhardt.
Referências:
BRETZ, Walter. A Banda de Música dos “Gustavos”. In Tribuna de Petrópolis, 14 de outubro de 1931
BECHTLUFF, Walter. “Famílias Petropolitanas”. In Tribuna de Petrópolis 1º de Julho de 1956
Arquivo Histórico da Biblioteca Municipal de Petrópolis Certidões de Óbitos.
Depoimentos de membros da família Eckhardt.
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