COLUNISTA
Assim denominada por Resolução Municipal de 31 de janeiro de 1888, localizada entre os números 193 e 305 da Avenida da Imperatriz. Teve como denominações anteriores: Municipal, Mayrink e da Imperatriz.
A Praça Municipal foi inaugurada, simbolicamente, em 6 de janeiro de 1857, com a presença do imperador, ideia do diretor da Imperial Colônia de Petrópolis, coronel Alexandre Manuel Albino de Carvalho, sendo sua também a ideia de um chafariz ao centro da praça. Carlos A. Taunay. Em sua “Viagem Pitoresca a Petrópolis”, de 1862, assim descreve o chafariz: “... vaso de mármore apoiado em pedestal, em square, no centro de urna donde brota água”. Não era apenas um elemento decorativo, mas o terminal de um sistema de abastecimento de água. Pouco antes de sua inauguração simbólica, a 2 de janeiro de 1852, a praça foi palco da primeira apresentação da Banda da Casa Imperial, formada como já dito por “homens de cor”, com a presença de grande público, o que se tornou um hábito domingueiro, até que a Praça D. Pedro II a substituiu. Até a década de 1890 a praça era uma grande área de terra batida com um chafariz ao centro.
É interessante que, por ter sido a Câmara Municipal desde 1857, pouco a pouco, a praça foi perdendo seu pomposo título de Municipal, passando a ser conhecida como Largo do Mayrink ou Praça da Imperatriz. Um dos primeiros prédios, talvez até o primeiro, a ser mandado construir em alvenaria na cidade foi o do prazo 126, na esquina da praça com a Rua da Imperatriz. Mandado construir pelo comendador Pedro José da Câmara, em 1849, que o negocia com Irineu Evangelista de Souza, então visconde de Mauá, que dele se utilizou desde 1850, até a conclusão de seu palacete, em 1854. Por caminhos outros, passa a próprio municipal que nas primeiras décadas do século XX nele instala a Engenharia Municipal e depois, em 1946, a Biblioteca Municipal.
A primeira construção no local onde se ergue o atual prédio da Câmara Municipal data de 1850. Foi mandado construir, para sua residência de verão, por José Carlos Mayrink da Silva Ferrão, o conselheiro Mayrink, o qual a vendeu em 14 de fevereiro de 1891 a Francisco Paula de Almeida, o barão de Guaraciaba. O barão sofreu uma enorme pressão para vender o prédio à Câmara Municipal, que delibera construir o seu prédio na praça, mesmo assim o barão mostrava-se irredutível, a Câmara, então, para forçá-lo autoriza a construção de um mercado público e de um “Kursal”, palavra de significado desconhecido, que consta dos documentos originais. O barão capitula e vende sua residência, o aspecto dessa primordial construção é desconhecido. A escritura foi assinada em 5 de julho de 1894, as obras de ampliação e adaptação só terminaram em 1897, embora desde 31 de janeiro do ano anterior a Câmara já funcionasse em seu novo endereço. O outro prédio na esquina da praça, à direita do Câmara Municipal, é de 1903. Mandado construir para residência do Dr. Moreira da Fonseca, o qual mantinha uma coleção de serpentes, aranhas, escorpiões e plantas exóticas, algumas nem tanto, como um belo exemplar de pau-brasil, ainda existente, com os quais preparava drogas e soros. Passou à PMP, após seu falecimento em 1940. Abrigou o Departamento de Engenharia, a Secretaria de Obras e hoje é patrimônio da Secretaria Municipal de Educação.
A praça, propriamente dita, foi ajardinada pela primeira vez em 1897 por Carlos Júlio Mayer, alterado dois anos depois para a construção, ao centro, de pequeno lago e um chafariz que se constitui em uma águia, tendo ao bico uma cobra que capturou, tudo construído em 1899. Seu simbolismo é desconhecido, as suposições vão desde um presente do Governo Mexicano a um presente do governo da Tcheco-Eslováquia (sic). Porém, uma explicação teve desde o início pelo povo: “a águia seria o fisco municipal e a cobra o pobre povo”. A praça serviu até para desfiles militares e exibições de cavalaria militar. Em 1944, Burle Marx, o famoso paisagista, implantou seu projeto: um grande gramado com jardins circulares nos ângulos. Três ciprestes foram plantados na década de 1980 em cada um desses jardins, ideia de um secretário municipal bem-intencionado, claro.
Um dos fatos mais graves ocorridos na praça, precisamente em seu prédio mais ilustre, a Câmara Municipal, se deu a 18 de fevereiro de 1903. No dia anterior chegaram à cidade forças policiais militares, chamadas pelo presidente do Estado, Quintino Bocaiúva, para garantir a realização de eleições para vice-presidente da República, senador e deputados federais. A principal seção eleitoral do município, à época, estava no prédio da Câmara Municipal, que após o pleito foi invadido por desordeiros, como relata o presidente da Câmara, Hermogênio Pereira da Silva, em ofício ao presidente do Estado: “... o porteiro fechou as portas do edifício, ficando alguns serventes no interior para a limpeza. Apareceu então um grupo de desordeiros e soldados da polícia à paisana, armados de machados, facas, punhais, cacetes e revólveres, e arrombando as portas penetraram no edifício à procura das atas eleitorais, e como estas não tivessem sido encontradas, a horda de selvagens investiu contra o porteiro e os poucos operários que ali se achavam, esbofeteado-os, deixado-os gravemente feridos, vindo um deles, Joaquim Tavares, a falecer pouco depois. Em seguida procedeu o pessoal da polícia à destruição, quase completa, de todos os móveis, livros de escrita da Câmara, mapas, quadros, instrumentos de engenharia, grades, mármores etc. ...” (trecho do ofício publicado, na íntegra, pela “Gazeta de Petrópolis” na edição de 21 de fevereiro de 1903)
A partir de 1917 o prédio, já conhecido como Palácio Amarelo, por sua pintura, passa a abrigar os poderes Legislativo e Executivo. Abolindo-se o último resquício monarquista, o parlamentarismo municipal, com a indicação do médico sanitarista Oswaldo Cruz para o cargo de prefeito de Petrópolis. Apenas em 1992, com a saída do gabinete do prefeito e de outras autarquias municipais, que lá se instalavam, o Palácio Amarelo torna-se, exclusivamente, sede do Poder Legislativo Municipal.
O prédio onde havia se instalado a Biblioteca Municipal, em 1946, como anteriormente descrito, foi demolido em 1973. Com o apoio do Ministério da Educação e Cultura e do Conselho Federal de Educação, planejava-se desde 1971 a construção de um prédio como marco comemorativo dos cem anos da criação da Biblioteca Municipal de Petrópolis, cuja construção começa em 1974 sendo inaugurado a 30 de janeiro de 1977. Embora destinado exclusivamente para abrigar a biblioteca, transformou-se no Centro de Cultura Raul de Leoni que abriga, além dela, espaços para exposições, salas de teatro e cinema e diversas autarquias municipais, periodicamente. Tem área total de 5.080 m² em três pavimentos. Sua construção, durante o período do governo militar, não permitiu que houvesse uma discussão com a sociedade para saber de sua necessidade e conveniência, o que certamente poucos anos depois já não aconteceria, tal a pressão que ambientalistas e preservacionistas fariam.
A rua de entorno da Praça Visconde de Mauá, asfaltada em 1956, por sobre os paralelos mandados colocar em 1903, chega ao século XXI com vagas cativas para o poder Legislativo e outras para o Executivo, e ainda é o local dos políticos petropolitanos por excelência, das conversas e das “costuras eleitorais”.
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