COLUNISTA
Inicialmente denominada de Rua do Centenário, teve a nomeação oficial a partir do Decreto Lei de 20 de junho de 1946, inicia-se na Praça Dom Pedro II e termina na Rua Dr. Nélson de Sá Earp. 16 de março de 1843 é considerada a data de fundação de Petrópolis, quando Dom Pedro II firmou o decreto autorizando o arrendamento da Fazenda do Córrego Seco ao major Koeler.
Durante as comemorações do centenário da cidade, em 1943, o poder público entregou ao trânsito um a nova via pública, paralela à Rua do Imperador, desde a Praça Dom Pedro II até poucos metros depois da Rua Alencar Lima. Já nasce pavimentada com paralelepípedos e, oficialmente, na inauguração foi dado já o nome de 16 de Março, entretanto, por motivos de ordem administrativa, ou por falta dela, não foram colocadas as placas indicativas de sua denominação, e o povo começou a chamá-la Rua do Centenário, pois a data de 16 de março pouco representava até então. Quanto à iluminação pública, não teve sorte o novo logradouro, pois na época o Banco Construtor do Brasil, responsável pelo fornecimento de energia elétrica e água à cidade, estava em processo de falência e em atrito com os poderes municipais e somente quando os serviços de energia elétrica passaram à Companhia Brasileira de Energia Elétrica e assumindo o prefeito eleito Dr. Álvaro Bastos, a rua foi, finalmente, iluminada. A colocação da placa indicativa da denominação e o ato inaugural da iluminação pública ocorreram em 18 de maio de 1946.
O mesmo prefeito, na manhã chuvosa de 7 de setembro de 1946 presidiu as cerimônias do lançamento da “pedra fundamental” do prédio que seria a sede da Caixa Beneficente dos Empregados Municipais, em terreno doado pela Prefeitura, na Rua 16 de Março. O prédio jamais foi erguido, existindo hoje um estacionamento de automóveis no terreno. Foi a rua que mais sofreu o processo de verticalização do Quarteirão Vila Imperial, nas décadas de 1950 e 1960. Do primeiro prédio de treze andares, o “Edifício Centenário”, contemporâneo da abertura da rua aos dias atuais é praticamente um paredão de prédios, de um lado e de outro, onde o Sol tem pouca chance de atingir a pista.
Centro da vida noturna da cidade nas décadas de 1960 e 1970, com bares e restaurantes que não tinham hora de fechar, sempre repletos de freqüentadores, de saudosa memória são: o Restaurante “Bom Beure” ou “Maurício”, como era mais conhecido (o nome do proprietário); o Bar do Habib, o “seu Nicolau”, que da rua (1966/67) depois se transferiu para a galeria do Edifício Profissional, em 1973 até fechar suas portas, definitivamente, já no século XXI, que teve entre seus freqüentadores o poeta Vinícius de Moraes e os músicos Tom Jobim e Chico Buarque, entre outros. Mais recentes foram o “Sherlock”; depois “Pinicão”, o primeiro “fast-food” da cidade. A boate “Pajoá”, numa das lojas do edifício Arcádia, onde temos hoje uma panificadora, onde Fernando Mora, ao piano e Titto Santos, o “escriba cantante”, davam suas canjas; ainda mais recente, o “Braseiro”, nos fundos do Teatro Capitólio, todos já de portas fechadas, trocados pelos boêmios das novas gerações por outras plagas noturnas.
Até 1963 a rua chegava apenas à altura dos fundos do Teatro Capitólio, quando pelas Deliberações 1547 e 1548, editadas pelo prefeito Dr. Nélson de Sá Earp, foram desapropriados imóveis por 3 e 2 milhões de cruzeiros, respectivamente, o que representava 0,7% do orçamento municipal para aquele ano, algo em torno de 2 milhões e duzentos mil reais hoje em dia. Com a demolição desses imóveis, foi estendida a Rua 16 de Março até que se encontrasse com a Rua João Pessoa (Dr. Nélson de Sá Earp). Pela Deliberação 1547 foram desapropriados os prédios pertencentes à Sociedade Beneficente Petropolitana, constituída pela loja nº 22 da então Rua João Pessoa, onde funcionava a Casa Cruzeiro, tendo ao fundo um depósito e oficina de serralheiro e no sobrado a Loja Maçônica Fraternidade e Progresso; e pela Deliberação 1548, os imóveis de propriedade do Sr. Felipe Salomão Júnior, ocupado pela Casa Edsan e igual parte do sobrado, sobre ela, bem na esquina da Avenida XV de Novembro (R. do Imperador), a loja nº 20 da Rua João Pessoa, ocupado pelo Bar Nossa Senhora da Penha, a loja nº 10, da mesma rua, ocupada pela oficina de rádios denominada Casa Carlos e os sobrados sobre ambas.
A 16 de Março teve momentos obscuros, alguns em 1963/1964, quando no apartamento do ex-juiz Dr. Antônio Néder, no Edifício Centenário, em sucessivas reuniões era acalentado o golpe militar de 31 de março de 1964. Participavam dessas reuniões o jurista Prado Kelli, o general Odílio Denis, o almirante Augusto Radmaker e outros políticos e militares envolvidos com a revolução; o general Denis residia no mesmo prédio. Desta revolução resta na memória petropolitana as mais de cem prisões políticas, em apenas uma semana, através de diligências comandadas pelo delegado, Dr. Oriovaldo de Almeida Serra e pelo delegado regional Dr. Paulo Bretz, escoltados pelos comissários: Sylvio de Carvalho, Dryel Monteiro, Félix Medeiros e Roberto Hoffmann.
Os bares, restaurantes e boates que faziam fervilhar a vida noturna da rua deram lugar às butiques e lojas finas de moda, açougues, mercadinhos, lojas de produtos de informática etc. O Projeto “Pró-Centro”, ao final do século XX envolve também a 16 de Março, que seria transformada em calçadão de pedestres com postes em estilo colonial, quiosques de flores e etc., aumentando o charme de uma das ruas mais movimentadas da cidade. O que efetivamente aconteceu no início do século XXI.
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