COLUNISTA
Literalmente a “Morada dos Anjos”. Faremos uma modficação profunda nos seus limites, “oficiais”, de modo a trazer os limites do Quarteirão Ingelheim, ao que é definido pelas pessoas na rua. Considera-se apena
s como Quarteirão Ingelheim a região cortada pela rua homônima e suas ramificações a região conhecida como Campo do Serrano, os altos da Rua Marechal Hermes, a Rua Henrique Cunha, ladeira conhecida como “Do Badia” e ramificações destas. Portanto, bem menor do que se baseando corretamente nas plantas de Koeler e Reymarus, como pesquisadores modernos ainda o dimensionaram não seria entendível para a grande maioria da população petropolitana que o Bingen começasse na “Curva do Gióia” e de que a Rua Itália não fosse na Presidência (Vila Militar). Não é intenção aqui de polemizar o assunto, muito ao contrário, mas sim trazer subsídios, de modo a que em um futuro breve a cidade seja finalmente dividida em quarteirões com limites definidos oficialmente. Seria também uma temeridade relacionar os colonos, primeiros habitantes do quarteirão, sem que se definisse exatamente a localização de cada prazo nesta nova configuração de seus limites.
Sob esta ótica, consideraria como integrantes do Quarteirão Ingelheim os prazos de números 1.023 a 1.037, claro, sujeito a futura correção. Assim sendo, como primitivos colonizadores podemos listar: Johannes Sauer, Simon Stolpen, Christobal Cochens, Jacob Wendeling, Nicolas Kapps, Mathias Jacobs, Johannes Sisterhenn, Adan Greff, Johannes Peter Justen, Johannes Ney, Johannes Suner, Johannes Schneider, Johannes Josef Wendeling, Peter Hartmann e Johannes Peter Wendeling.
O nome Ingelheim é uma homenagem a duas pequenas aldeias situadas no, , Grão-Ducado de Hessen-Darmstadt, distantes cerca de cinco quilômetros do rio Reno: Öber Ingelheim e Nider Ingelheim, centro de vinhedos de grande e famosa produção. A lenda atribui ao Nider Ingelheim o nascimento do imperador Carlos Magno, em 742 de nossa era.
O nosso Ingelheim é cortado pelo rio Alpoim, uma homenagem de Köeler ao major engenheiro Francisco José dos Reis Alpoim, que exercia a chefia do 4º Distrito de Obras Públicas da Província Fluminense em 1845, e que tem sua nascente e sua foz nos limites do quarteirão.
A rua Ingelheim não possui denominação oficial, inicia-se na altura do 502 da Rua Carlos Gomes e termina na confluência das ruas Marechal Hermes da Fonseca e Henrique Cunha.
A rua central, “Caminho do Ingelheim”, a Morada ou Ninho dos Anjos, segue o contorno do rio Alpoim, serpenteando e subindo a montanha. A rua de terra batida dos primeiros tempos da Imperial Colônia era ladeada esparsamente por pequenas e rústicas residências coloniais. Em pequenas chácaras, produzia-se verduras, leite de vaca em estábulos e criavam-se porcos, dos quais além de venderem a carne produziam lingüiças muito apreciadas. A produção que ultrapassava o consumo das famílias era levada em carroças para vender no Quarteirão Vila Imperial.
Com o passar dos anos, a valorização e a especulação imobiliária, junto às dificuldades de sobrevivência dos descendentes de colonos, foram-se loteando os prazos, ora por partilha de herança ou, simplesmente, para ganhos melhores do que a terra podia proporcionar. Alguns prazos chegaram a ser vendidos inteiros para veranistas construírem grandes residências que, fechadas durante o inverno, regozijavam de vida nos verões, empregando como caseiros, talvez até descendentes de antigos proprietários. Em prédio no início da rua, construído no século XIX, reuniram-se os Constituintes de 1890.
Em 1926 - setenta e cinco anos depois de Reymarus ter desenhado a sua planta da Colônia, a rua, já não mais caminho e parcialmente calçada a paralelepípedos - havia todo um clima diferente. No nº 608, o Sr. Manuel dos Santos produzia flores, no estabelecimento denominado “Paraíso das Flores”; próximo ao nº 483, em 17 de julho de 1926, já se anunciava a violência vindoura. Era assassinado com um tiro de garrucha Victor Antônio Luciano, operário da Prefeitura, residente na mesma rua, nº 1.071, sendo acusado Theodoro de Oliveira, morador na Westphalia, 279. Bem no alto residia a família do Sr. Frederico Grunewald. A rua foi totalmente calçada em 1948, juntamente com a iluminação pública.
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