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Frederico Amaro Haack

COLUNISTA

Frederico Amaro Haack

A INUNDAÇÃO DE 1895 EM PETRÓPOLIS PARTE II

Frederico Haack professor de História


O TEMPORAL Gazeta de Petrópolis, 23 de Janeiro de 1895

O temporal, que começou no dia 1°, por grande inundação nesta cidade, tem continuado até hoje, sem que se possa predizer quando terminará.

O céo está quase constantemente carregado de grossas nuvens e o thermometro mantém-se, de dia e de noit, em 22 e 23 gráos centigrados.

Novos estragos apparecem diariamente elevando o cálculo, primitivamente feito das despezas necessárias a sua reparação.

É considerável o número e o volume das barreiras cahidas em todas as partes do município.

As estradas, à margem de rios, tem sofrido immensos prejuízos; e em alguns pontos tem havido mesmo completa interrupção do transito pela desapparecimento do leito, nos Correias, por exemplo.

A estrada de ferro Grão Pará, que pouco soffreu no dia 1º, tem tido de então por diante grandes estragos em sua linha, determinados segundo nos dizem, por barreiras cahidas e escorregamentos do leito.

Está se tornando verdadeira calamidade o temporal.

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TEMPORAL Gazeta de Petrópolis, 26 de Janeiro de 1895

Sabemos que o rio da Cidade inundou completamente o Valle, que o margêa destruindo inteiramente importante colheitas de batata ingleza, feijão, milho, etc

De toda a parte nos chegam noticias de estradas intransitáveis por atoleiros, barreiras, desppareciemnto total ou parcial do leito, quedas de estivas e pontilhões, etc.

A própria Estrada União e Indústria, está convertida em grande lamaçal, tão considerável e o número de depressões do calçamento, cheias de barro, amollecido pela continua chuva.

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SUSPENSÃO DO TREM Gazeta de Petrópolis 30 de Janeiro de 1895

A Estrada de ferro Grão-Pará foi autorisada pelo governo a suspender por 20 dias o trem M3 e M4 entre S. José e Petrópolis para poder mais facilmente remover as barreiras cahidas entre as estações de Pedro do Rio.

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ESTRAGOS DA INUNDAÇÃO Gaxeta de Petrópolis, 19 de Fevereiro de 1895

Os consideráveis estragos occasionados nos três primeiros districtos deste município pela grande inundação do dia 1º, estragos cuja reparação não deve importar em quantia inferior a quinhentos contos de reis, crearam á municipalidade uma situação verdadeiramente critica desfazendo suas previsões orçamentárias para o corrente exercício.

A despesa orçada para as obraças publicas e limpeza da cidade é apenas de 157:000$, quantia por si insufficiente para os gastos ordinários do anno.

Onde haver os recursos indispensáveis aos trabalhos urgentes, que de toda a parte são reclamados com insistência?

Tal é o problema que tem diante de sai a nova Camara.

Há quem falle no saldo annunciado do anno de 1895, sem saber naturalmente que essa quantia está sujeita à liquidação do exercício passado, que só se encerra a 28 de fevereiro deste anno, e que as despezas por pagar dos mezes de novembro e dezembro absorvem completamente esse saldo, segundo nos asseverou o presidente da Camara.

As esperanças, que muita gente depositava no auxilio pecuniário da parte do governo do Estado, para salvar o nosso munici´pio dessa situação embaraçosa, estão hoje completamente dissipadas. O escrupuloso sr. dr. Mauricio de Abreu, presidente do Estado, declarou, segundo nos consta, que por falta de competência e autorisação legal via-se inhibido de corresponder à essas esperanças não o bastante tratar-se de uma calamidade na capital do Estado.

Terá portanto a Municipalidade de arcar, sozinha com o problema temeroso de fazer obras, quase todas de natureza inadiável, sem os recursos indispensáveis.

A situação é, pois, bastante grave; e o patriotismo exige que não a aggravemos ainda mais, creando aos cidadãos, que fizeram o sacrifício de suas commodidades e de seus interesses, para aceitar os gratuitos cargos de vereadores, novas dificuldades, como se pretende fazer com o pedido de redução do imposto predial de 10% a 9%.

Tal redução viria desequilibrar o orçamento ordinário do exercício corrente deixando a Camara desarmado de recursos para fazer face á despezasvotadas, sendo algumas originárias de contractos solemnes, com a luz eléctrica, por exemplo e augmentaria os embaraços da situação creada pela inundação.

Esta nova opinião não agradará muita gente, bem o sabemos mais, pouco nos importa isso, se ficamos bem com a nossa consciência. O nosso programma não é desorientar propositalmente a opinião pública para tirar disso proveitos.

Órgão republicano e amigo da situação, nós trataremos de orientar convenientemente a opinião pública que se procura transvial-a.

FIM

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