Edição: sábado, 11 de janeiro de 2025

Frederico Amaro Haack

COLUNISTA

Frederico Amaro Haack

PRAÇA DA INCONFIDÊNCIA

A Proposta da Câmara Municipal, de 5 de dezembro de 1889, que aboliu os nomes ligados ao Império, das ruas e praças centrais da cidade, dá esta denominação a este logradouro, anteriormente conhecido como do Córrego Seco e Príncipe do Grão-Pará. Localiza-se entre as ruas Floriano Peixoto, Caldas Viana e do Imperador.

A denominação Praça do Córrego Seco não consta nas primeiras plantas da Colônia de Petrópolis, surgirá apenas na década de 1860 e logo será substituída por Príncipe do Grão-Pará. Como tal, em 1875 era capinzal, em cujo lado esquerdo, vendo-se a partir da Rua do Imperador, havia um prolongamento desta, o que seria a futura Rua Marechal Floriano Peixoto e, à sua margem, duas ou três casas térreas simples. Ao fundo, em 1876, construiu-se uma capela consagrada a Nossa Senhora do Rosário, protetora dos negros, ainda escravos e por eles construída e que, demolida, deu lugar em 1926 à imponente Igreja de Nossa Senhora do Rosário de hoje. Na praça houve grande festa, pela inauguração da Estação da Estrada de Ferro em 18 de fevereiro de 1883. Mas continuou um terreno vazio, sem nenhuma urbanização ou benfeitoria.

A praça, já da Inconfidência, foi utilizada para o funcionamento de uma feira livre de frutas, legumes etc., sendo a primeira realizada na segunda-feira 12 de fevereiro de 1917, das 8h às 14h, exatos cinqüenta anos após a construção da primitiva capela, 1926. Esta foi demolida e iniciou-se a construção da nova Igreja de Nossa Senhora do Rosário, que levou outros cinqüenta anos para ser concluída. No mesmo ano de 1926 constrói-se no centro da praça o prédio do Mercado Municipal, de linhas ecléticas, conforme contrato firmado entre a municipalidade e a firma J. J. Gusmão e Mário Paranhos, que também exploraria o Mercado, contrato que seria rescindido em 7 de abril de 1945. Tanto as construções quanto a desativação desse Mercado foram polêmicas, gerando muita discussão na Câmara Municipal e pela imprensa. A Prefeitura, então, promovida a demolição do prédio no centro da praça, aproveita um galpão já existente e acrescenta uma fachada, de gosto duvidoso, uma alegoria ao comércio, ao lado da nova igreja, onde abriga os comerciantes removidos do antigo prédio. Em 1954 a praça voltaria a ser um largo de terra de batida, mas já delimitado pelos meios-fios das ruas que o cercam.

Voltando a 1926, além do Mercado e da Igreja, em obras havia: a Garagem e Oficina Filpo, onde seria instalado o futuro Mercado de Abastecimento, ao lado da igreja; a Vidraçaria de Alberto de Almeida, que vendia fogos de artifício e balões; o Hotel Reis, na esquina com a futura Rua Caldas Viana. Ainda existente, o prédio abriga uma instituição particular de ensino; e o Colégio Avelar, antiga residência de verão do barão do Bom Retiro. O prédio foi demolido para dar lugar ao Supermercado Disco na década de 1970. Hoje desativado, depois de passar por outras denominações comerciais.

A década de 1980 viu a torre da Igreja do Rosário afinal terminada, a praça teve seu destino comercial definido com lojas de material de construção, bares, restaurantes e armazéns populares. A proximidade da estação rodoviária fez da Praça da Inconfidência reduto de ébrios e damas-da-noite e, mais modernamente: travestis. A Praça da Inconfidência foi também palco do ponto de largada do último “Circuito Automobilístico Cidade de Petrópolis”, a décima primeira edição, cuja primeira realizou-se a 4 de julho de 1948, porém a largada deste foi em frente ao portão de carros do Museu Imperial. O último circuito deu-se a 21 de julho de 1968 e teve a largada na praça e foi trágico, sendo interrompido após diversos acidentes, nos quais dois pilotos e um fiscal morreram.

O Projeto Pró-Centro, da Prefeitura Municipal, no final do século XX revigorou, visivelmente, a Praça da Inconfidência, começou mesmo por ela. Porém a freqüência não mudou, afinal a noite precisa de um local, até o “Angu do João” mudou-se para perto, Joãozinho Varanda e sua barraca de angu à baiana, que primeiro esteve na Praça da Liberdade, década de 1980 e depois na Praça Dom Pedro II.

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