Edição: sábado, 07 de junho de 2025

Frederico Amaro Haack

COLUNISTA

Frederico Amaro Haack

O ÚLTIMO DE DIA DE MAIO EM PETRÓPOLIS NO TEMPO DO IMPÉRIO

Em Petrópolis no tempo do Império, 31 de maio foi sempre um dia festivo: realizava-se com grande pompa, na antiga Igreja Matriz, na atual rua Oscar Weinschenk; o encerramento das solenidades religiosas que durante todo o mês era celebradas em adoração à Nossa Senhora, com o comparecimento quase diário da Família Imperial, e sobretudo da Princesa Isabel, que não faltava nunca.

Nem mesmo no dia 13 de maio de 1888, quando Princesa Regente, deixou Isabel de fazer suas orações durante a ladainha da Matriz petropolitana, embora tivesse chegado da Corte pouco antes, onde promulgara a Lei de libertação dos escravos. Ao terminar a cerimônia religiosa, naquele mesmo dia, repetiram-se as vibrantes manifestações populares de que tinha sido alvo por ocasião da sua chegada à estação de Petrópolis.

Apesar do frio intenso, muito mais rigoroso que o de hoje, os Imperadores deixavam-se ficar em nossa cidade durante quase todo mês de maio, mesmo nos últimos de governo, quando em idade avançada, unicamente para prestigiar sua querida filha na organização das referidas solenidades religiosas, até o último dia, no qual era realizada, a coroação de Nossa Senhora.

Nos dois ou três primeiros dias de Junho, os Imperadores regressavam à Capital do Império, e suas ausências aqui, se bem que certas, eram muito sentidas pela população. Todos os anos, dom Pedro II, não partia sem visitar a Escola do Amparo, o Hospital Santa Tereza, diversas escolas públicas e colégios particulares, onde deixava palavras de conforto e de estímulo, distribuindo também valiosos donativos.

Muito antes de anoitecer, os jardins das praças públicas próximas à Igreja Matriz estavam repletas de pessoas de todas as classes sociais, aguardando a abertura do templo para conseguir bons lugares, de onde pudessem assistir a empolgante solenidade do encerramento do mês de Maria. Eram moradores dos bairros mais distantes, de todos os extremos da cidade, operários, colonos alemães e seus descendentes, quase todos católicos fervorosos, que faziam a pé longas caminhadas para prestigiar a religião e a Princesa Isabel.

As mais distintas damas da Côrte, na execução de belas ladainhas, tomando a si o encargo da ornamentação da Igreja, em cujo altar, ricamente enfeitado com camélias brancas, a imagem da Virgem Maria aguardava a colocação, em sua cabeça, da coroa levada por lindos anjos, representados por meninas das famílias ilustres.

O povo enchia completamente todas as dependências da pequena Matriz. Na maior parte das vezes os homens ficavam do lado de fora, cedendo num gesto de cavalheirismo, os lugares do interior às senhoras e crianças. A cerimônia, bastante longa, era assistida com todo interesse, respeito e devoção até o final, quando o povo abria alas à passagem de SS.MM . Imperiais, num tom de despedida, porque dias depois partiam para o Rio de Janeiro.

Valiosos presentes recebia no mês de Maio a nossa principal Igreja: eram ricos e belos tapetes, custosas peças de renda e bordados, imagens e muitos outros. Os melhores pregadores da época, pertencentes ao clero, vinham a Petrópolis prestar o seu concurso na propagação da fé católica.

Referência:

Tribuna de Petrópolis em 31 de Maio de 1944.

Edição: sábado, 07 de junho de 2025

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