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Frederico Amaro Haack

COLUNISTA

Frederico Amaro Haack

BAUERNFEST, a Festa do Colono Germânico.

Sabemos que quando os colonos chegaram, na Colônia de Petrópolis, em  29 de Junho de 1845, a Alemanha que conhecemos hoje, não existia. Ela veio a surgir em 1871, com a Unificação promovida por Otto von Bismarck. O que existia eram vários reinos e ducados na região da Confederação Germânica. A própria Bauernfest, começou em 1982, com o nome de Festival Germânico. Então não é correto chamamos de Festa do Colono Alemão, e sim Festa do Colono Germânico. Deixo a dica aqui, para a Prefeitura, pode ser que um dia não se possa mais usar o nome Bauernfest...

Tudo começou com o Festival Germânico em 1982, por iniciativa do Instituto Histórico de Petrópolis, e levado a frente pelo Clube 29 de Junho, na figura da sra. Emygdia Hoelz, com algumas poucas barracas nos jardins do Palácio de Cristal, com o objetivo de relembrar as tradições dos colonos germânicos em Petrópolis.

Hoje a Bauernfest, a Festa do Colono ou Camponês, encontra-se distorcia de suas origens, está sendo conhecido como a Festa da Cerveja. Tenho observado que o ponto alto das semanas que antecedem ao evento, a preocupação é saber qual cervejaria vai patrocinar e aceitar ao lance alto da licitação que a Prefeitura lançou, e muitos não se preocupam com a programação dos grupos folclóricos que irão se apresentar e que ensaiam o ano todo com muita garra e determinação dando o melhor de si em cada componente do grupo.

A Bauernfest é um evento da memória dos nossos antepassados, e não especificamente do que eles comiam e bebiam, isso é secundário. O evento primário é conhecer a cultura dos povos germânicos, o seu folclore, por meio das danças, a língua, coisa que é muito pouco lembrada na festa, fazem uns meses antes uma semana da língua alemã, que mais parece um evento religioso, mas isso é outro assunto...

Para quem não sabe e só pensa em comer e beber na festa, muitas mães quando chegaram na Imperial Colônia de Petrópolis, não tinham leite em seus peitos para amamentarem seus filhos recém-nascidos, devido ao grande estresse passado no navio ao longo de 45 dias embarcadas, passando frio e fome e em alguns momentos, comendo biscoitos podres, devido a esse motivo, o Major Júlio Koeler, comprou cabras para resolver o problema do leite materno.

Daí podemos ver que, os colonos germânicos não subiram a Serra da Estrela em lombo de burro, com os canecos cheios de cerveja e muito menos comendo chucrute, salsichão, salada de batata, joelho de porco. Quando chegaram ao topo da Serra, chegaram a uma região ainda com muita mata fechada, a ser desbravada, e foram abrigados nos Quartéis da Província, um deles na atual Rua do Imperador, na localidade onde hoje se encontra o CEFET-RJ, para depois serem transferidos aos prazos de terras, da futura povoação de Petrópolis.

Ao receberem suas porções de terra, logo trataram de plantar para garantir a sua sobrevivência e da prole, dos vegetais que colhiam de suas hortas caseiras, faziam sopa. Dos animais de corte que possuíam faziam carne assada, dos suínos, aproveitavam tudo, e produziam o famoso joelho de porco. Mas também passaram muitas vezes, fome, frio, sofriam com a saudade da amada terra natal, dos parentes que lá ficaram e não tinham notícia. Como sofreram para construir a nossa Petrópolis!

Hoje quando chegamos na Bauernfest, vemos um festival gastronômico e de cerveja, o que não é! Quando estivermos em meio ao público, vamos lembrar que esse evento, o segundo maior do segmento do Brasil, é festa da memória Germânica em Petrópolis, EM PETRÓPOLIS.

Temos visto, nos últimos 2 anos desde a volta da Bauernfest presencial, alguns absurdos durante o evento, como bandas tocando músicas dentro do Palácio de Cristal, fora do contexto da festa e o Clube 29 de Junho calado, a Banda Germânica de Blumenau, tradicional na festa, tocando apenas alguns poucos dias na festa. A Germânica sempre abria e fechava a Bauer, nada fizeram, o Clube só pensando na barraca de comida, mas fazer o que, né? O Mundo gira em torno do capital e cultura não dá dinheiro, no pensamento de alguns. Deixo aqui a minha homenagem não ao Clube 29 de Junho, detentor da marca BAUERNFEST, mas a sra. Emygdia Hoelz, a dona Emy., que com muita garra manteve com pulso firme as tradições dos nossos antepassados germânicos em Petrópolis, durante a Festa.

Viva a memória dos nossos antepassados germânicos!

Bauernfest, a festa que cultuamos os nossos antepassados em Petrópolis!

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