COLUNISTA
No Brasil, juntamente com os cultos africanos unidos aos do catolicismo, de o período Colonial, era comum o cultuar Nossa Senhora do Rosário, uma devoção típica dos negros livres ou escravos. Em Petrópolis, também cultuou-se a Virgem do Rosário, mesmo sendo menor a presença de escravos na região serrana, mas sempre presente desde a sua origem.
Com base em um requerimento feito a Câmara Municipal de Petrópolis, em 20 de Novembro de 1872, pelo Procurador da Devoção de Nossa Senhora do Rosário, pedindo para dar início a Devoção em um terreno junto a Praça Príncipe do Grão-Pará, atual Praça da Inconfidência, podemos chegar a outros documentos para conhecermos a origem de tal culto religioso.
A respeito desse terreno, abandonado até certa época, encontramos outro requerimento, que solicita a área para fins religiosos.
Ilmo. e Exmo. Sr.,
O Conselheiro Joaquim Firmino Pereiras Jorge, morador na cidade de Petrópolis, constando-lhe que entre a Rua do Imperador (no fim) e a dos Toneleiros daquela cidade, há um terreno pertencente à Fazenda Imperial que está reservado para um praça pública, e outrossim que demarcada essa praça, há de necessariamente haver algum terreno, vem requerer à V. Excia. se sirva conceder-lhe por aforamento qualquer sobra que por ventura haja. O suplicante desde de já declara que tem em vista ceder parte ou todo esse terreno, para nele edificar-se uma pequena Igreja ou Capela que naquele lugar pretendem erigir vários indivíduos que compõem uma corporação ou associação denominada Devoção de Nossa Senhora Senhora do Rosário cujo fim é manter o culto devido à Mesma Senhora. O suplicante declara mais que se responsabiliza pelo pontual pagamento dos foros anuais, e mais despesas. Portanto espera que V. Excia. procedidas as necessárias informações, lhe defira na forma referida com que R.M.
Joaquim Firmino Pereira Jorge.
O Mordomo Nogueira da Gama, despachou no sentido de se fazer a medição do terreno a fim de saber a sua extensão e limites, em 8 de julho 1878. Logo em seguida o requerimento foi encaminhado para despacho do Superintendente, antes de mais nada quis ouvir a opinião do engenheiro paulista Manoel Antonio Bodini, que disse:
O pedido feito para a edificação de uma Casa do Senhor, acertado a dádiva, mormente tendo de ficar o resto desse terreno ou abandonado ou talvez a ser dado a terceiro que não edifique convenientemente em relação à rua do e à própria vizinhança da praça. Esta ficará, denominada do Príncipe do Grão-Pará e fica nas imediações da projetada rua que vai ter o mesmo nome e que tem de ligar a rua do Príncipe do Joinville à do Imperador. Esta informação responde ao ofício de V. Senhoria datado do 21 do corrente.
Deus, Guarde à Vossa Senhoria, Petrópolis, 27 de Junho de 1878.
Ao Sr. Major Manoel Gomes Archer, M.D. Superintendente da Imperial Fazenda.
Major Archer, criador da silvicultura brasileira, que no momento ocupava o cargo de Superintendente da Fazenda Imperial, despachou a favor da doação do terreno, em 27 de Junho:
Inteiramente de acordo com as considerações que com referência à pretensão do Suplicante faz o engenheiro Dr. Bodini a que recorri como profissional e conhecedor da topografia desta cidade e terrenos da Imperial Fazenda de Petrópolis, eu as adoto e ofereço-as como minha informação ficando assim, satisfeito o despacho por V. Excia. lançado no presente requerimento, à vista do exposto sou de opinião que seja deferida esta pretensão favoravelmente nas bases do parecer do Engenheiro e aceitando-se os encargos que o pretendente sobre si quer tomar.
O Superintendente Manoel Gomes Archer.
E assim, foi dado o início ao culto a Nossa Senhora do Rosário em terreno próprio e dessa forma chegou aos nossos dias a Igreja de Nossa Senhora do Rosário.
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