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domingo, 24 de março de 2024


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Frederico Amaro Haack

COLUNISTA

Frederico Amaro Haack

A INUNDAÇÃO DE 1895 EM PETRÓPOLIS


Não é de hoje que Petrópolis, sofre com desastrres naturais, em 1895, tivemos uma grande inundação na cidade que nos trouxe diversos prejuízos, e muito bem documentada pelo jornal da época Gazeta de Petrópolis, em 5 de janeiro de 1895, que encontramos hoje microfilmado no site da Biblioteca Nacional.

A INUNDAÇÃO Gazeta de Petrópolis, 5 de Janeiro de 1895, Sabbado  Extraordinario temporal desabou no dia 1° do corrente sobre esta cidade e seus arredores, produzindo a maior inundação conhecida pelos mais velhos habitantes desta localidade.

Um chuva pesada começou a cahir às 2 horas da tarde, prologando-se sem cessar até as 5 horas, quando medonha tromba dágua cahindo sobre as montanhas do Morin, e trazendo diante de si árvores colossaes e enorme massa de terra, inundou repentinamente a cidade inteira, elevando-se o nível das águas nas nossas largas avenidas a muitos metros de altura.

As águas sahindo do leito do rio invadiram as avenidas lateraes, os jardins e as casa, e na sua fúria desordenada foram destruindo pontes, calçadas, árvores e tudo o mais que em seu caminho encontravam.  Enormes foram os prejuízos materiaes occasionados não só a particulares como à Municipalidade. Pessoa competente informa-nos que calcula-se em mais de quinhentos contos o prejuízo nas obras municipaes. De particulares sabemos que foram muito prejudicados os estabelecimentos commerciais de Mme. Dreyfus, viúva Kallenback, Luiz Gonçalves, Domicio de Menezes, além de muitos outros, que são quase todos os negociantes
da Avenida 15 de Novembro, srs A. Siqueira e dr. Rodrigues Peixoto também soffreram muito.

Foram arrebatadas pelas águas as seguintes pontes:

Uma em frente a serralheira Faulhaber que foi um dos estabelecimentos mais prejudicados.

Uma em frente a casa de Mme. Cornelia.

Uma em frente à casa do Barão da Penha.

Uma em frente à chácara do sr. Janacopolis na rua Souza Franco.

Uma em frente a cocheira nova da Companhia Tattersal, na avenida 15 de Novembro.

Uma em frente ao hotel Bragança

Uma na Westphália, em frente à casa do sr. Avelino.

Uma na estrada da saudade.

Uma no Itamaraty em frente ao Quissamã.

Uma na Samambaia

Uma na Itaypava em frente a olaria do sr. Guilherme Carlos.

Uma na Itaypava em frente aos terrenos do dr. Barros Franco.

Ficaram danificadas:

A ponte da Estrada de Ferro no Palatinado, junto a qual esbarrou uma árvore colossal.

A ponte em frente a Secretaria do Interior, na Souza Franco.

A ponte pequena em frente ao edifício em que funciona a Assembléia.

A ponte em frente ao passeio público, na avenida 15 de Novembro.

A ponte nova sobre o rio Itamaraty, em frente à Estação (aterros lateraes corridos)

Desmoronaram as muralhas do rio, no Morin, em quase toda a extensão, no Palatinado em frente à casa do barão da Penha.

Taludes da Avenida Silva Xavier, 7 de Setembro e as margens do rio da Westphália em toda a sua extensão ficaram consideravelmente damnificadas.

O calçamento do Morin foi desfeito e arrebatado pelas águas, ficando abertos enormes buracos e fossos no antigo leito da estrada. A Estrada União e Indústria soffreu enormes prejuízos, estando intransitável o trecho entre o açude da fábrica da Cascatinha e a grande ponte.

A Rua 14 de Julho (atual Washington Luis) foi muito damnificada pelas águas que transbordaram da repressa na fábrica de S. Pedro Alcântara.

O calçamento de toda a cidade está descoberto, e em muitos pontos reduzido as primeiras camadas de pedras grossas, como no Palatinado.

Desabararam muitas barreiras na avenida Piabanha, na Rua Costa Gama, na estrada da Presidência, no Bingen, na Rhenânia, Quarteirão Suisso, em summa, em todas as estradas suburbanas.

O terreno da estação do Alto da Serra ficou revolvido como se tivesse havido um terremoto.

O encanamento dágua potável foi muito danificado, os tubos de travessia nos rios foram quasi todos arrebatados pela correnteza; o encanamento geral que vem do Grotão para o reservatório soffreu também, tendo sido alguns tubos despedaçados por enormes blocos de pedras, que desceram das montanhas.

A inundação deixou a cidade coberta de espessa camada de lama, todos os bueiros entupidos, as pontes, cercas e árvores engrinaldadas com os cardamonos e árvores que o rio trazia em grande quantidade, e por fim reconheceu-se que não havia água nas casas.

As autoridades municipaes e a commisão de engenheiros do Banco Construtor providenciaram, desde as primeiras horas do dia seguinte ao da inundação, de modo que a reparação dos males causados começou a ser feita com toda a actividade, desembaraçando as pontes, restabelecendo-se os encanamentos dágua que faltavam.

A Camara teve de mudar de casa por haverem desabado várias paredes do prédio que occupava.

O presidente da Camara sr. Hermogêneo, que como se sabe reside na Cascatinha, não deixou a cidade durante dous dias, dirigindo pessoalmente o serviço de desobstrução dos rios e das ruas.

O sr. Braga Mello foi incansável nas tarefa de prover a cidade d-água no dia seguinte ao do cataclysma, o que conseguiu.

Infelizmente esta medonha enchente  occasionou uma morte , a de João Souza Brazil, empregado do sr. Albano Pereira, que desejando apanhar o mastro que havia cahido ao rio foi carregado pela correnteza.
Até hora em que escrevemos ainda não se sabe aonde foi parar o cadáver.
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É digno de louvor o procedimento dos srs. Tibério Augusto Ribeiro, José da Silva Leite e Claudino José Vieira, que com risco de suas vidas salvaram três crianças quasi vitimas da terrível enchente.
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O sr. José Antonio Martins da Rocha negociante estabelecido à avenida 7 de Abril muito coadjuvou os salvadores das infelizes crianças.
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O dr. Chefe de polícia, acompanhado do seu oficial de gabinete, o dr. Delegado, escrição Santos, tenente Pinheiro e commisário Arthur Cruz, rondaram durante toda a noite do dia 1º as ruas desta cidade, impedindo assim que houvessem roubos, desatres, etc.

CONTINUA...

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