COLUNISTA
A recorrência de altas temperaturas e chuvas intensas na região de Petrópolis e do Rio de Janeiro, onde até mesmo um tornado com ventos superiores a 100 km/h se fez presente, evidencia a dimensão das mudanças climáticas que estão começando a chegar.
O enfrentamento dessa situação cria a oportunidade de as empresas passarem a ser melhor avaliadas pelo público. Com efeito, pesquisas realizadas em vários países do mundo apontam o pouco apreço que as populações demonstram pela classe empresarial. Esse resultado pode parecer surpreendente, uma vez que as empresas são as maiores empregadoras de pessoas e responsáveis diretas pela criação de riquezas e melhoria da qualidade de vida. As pessoas parecem se fixar em determinados aspectos negativos da atividade empresarial, como a inapropriada gestão de recursos humanos, os impactos ambientais, insatisfação com salários recebidos ou a apropriação do escasso tempo dos seus colaboradores.
Impõe-se a reversão dessa atitude negativa por meio de uma vigorosa alteração na cultura empresarial, que vai requerer uma reflexão sobre a ideologia das empresas e uma análise das motivações individuais de seus colaboradores.
Esse processo conduz à conclusão que as empresas devem liderar a transformação do mundo em uma economia de baixo carbono e em uma sociedade menos desigual, com redefinição das relações entre capital e trabalho e criação de uma mentalidade nos seus colaboradores de responsabilidade em relação aos aspectos ambientais sociais, econômicos e culturais das comunidades em que atuam. Em suma, as empresas devem se humanizar!
As pessoas jurídicas têm a faculdade de serem imortais, contrariamente às pessoas físicas. Essa faculdade de uma longa vivência que as empresas podem adquirir se torna importante no contexto dos desafios ambientais e sociais que o mundo irá enfrentar. Tanto os governos, como até mesmo as famílias, se tornaram espaços desfavoráveis à continuidade no longo prazo de políticas, práticas e valores. As empresas, por outro lado, pela sua faculdade já mencionada de longevidade como pessoas jurídicas e foco em temas como lucratividade e permanente investigação de novas soluções, são mais propícias para enfrentar desafios que exijam décadas de trabalho direcionado à objetivos de longo prazo, como é o caso de questões sociais e ambientais, que devem reverter séculos de práticas impróprias.
É hora, portanto, das associações empresariais e de suas lideranças tomarem para si a bandeira das transformações necessárias, como fizeram nos alvores da Revolução Industrial, sem, no entanto, incorrer naquelas mazelas que provocaram e resultaram nos movimentos sociais radicais de meados do século XIX.
Uma nova sociedade está se formando sob os nossos olhos: uma sociedade digital, onde a intensidade das conexões entre as pessoas aumenta dia-a-dia, onde o repúdio a guerras e injustiças sociais é cobrado com muito mais intensidade e onde a consciência que a preservação do planeta para nossos filhos e netos é algo que compete à nossa geração. Esta é a mais importante agenda do empresariado mundial, que possui o poder de modificar as tendências perversas que contribuíram indiretamente para o atual estado de coisas.
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