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José Luiz Alquéres

COLUNISTA

José Luiz Alquéresz

O PODER DAS REDES


Na última década se disseminou pelo mundo inteiro o poder das pessoas se comunicarem através das redes sociais. Esta forma de comunicação permite que um indivíduo possa se dirigir diretamente a milhares e até milhões de pessoas a partir de uma simples postagem. Antigamente falar para milhares de pessoas requeria ter acesso ao rádio, à televisão ou às colunas de grandes jornais o que envolvia o filtro da redação destes meios de comunicação. Caso houvesse a divulgação de notícias falsas ou atentatórias ao direito que todo cidadão tem à sua privacidade, o meio de comunicação era sujeito a pesadas multas e punições, ainda que o ofendido tivesse que recorrer à Justiça para isto.

Muitas vezes uma insinuação maldosa afetava profundamente a vida de vítimas inocentes. Lembro de um casal de japoneses que possuía uma escola em um bairro de São Paulo e que teve que fechá-la, além de terem suas vidas pessoais destruídas por causa de falsa campanha movida por pais de um aluno e amplamente divulgada pela imprensa sem a devida checagem. Quando veio a reparação já era tarde. O mal não pode ser revertido.
Casos tristes como o acima relatado ganhavam notoriedade, embora não fossem muito comuns e também, quase sempre, tratavam de querelas envolvendo adultos.

Hoje em dia, o acesso a redes como Instagram, Whatsapp, TikTok, X (antigo Twitter), Facebook e outros caiu no domínio de crianças e adolescentes que, além de inimputáveis criminalmente, muitas vezes tem o acesso a estes meios sem qualquer supervisão de seus responsáveis e sem qualquer noção da escala dos danos que uma simples postagem difamatória pode ocasionar. Começam a ser do conhecimento público casos muito tristes onde a difamação entre colegas de colégio e jovens participantes dessas redes tem provocado na vítima adolescente consequências trágicas. A mente do adolescente que estava apta no passado a resistir ao bullying de colegas quando muito com um troca de tapas ou com um comportamento de se afastar do grupo e assim sinalizar que algo estranho estava ocorrendo, não tem instrumentos para lidar com uma centena de postagens difamatórias, que recaem sobre si.

Temos ouvido falar de suicídios frequentes em alunos de escolas reputadas, difamações de meninas por namorados rejeitados e até, tanto nos Estados Unidos como em Santa Catarina, no Brasil, menores invadindo escolas e atirando em colegas e ex-colegas a quem atribuíam esses episódios de bullying. A série Adolescência, recentemente disponibilizada na Netflix, trata com maestria uma dessas situações que acabam envolvendo um assassinato e uma terrível desconstrução de um universo familiar dos envolvidos. Tudo se passa na civilizada Inglaterra, onde o tratamento dado pela Policia ao caso é justo e admiravelmente retratado. Aqui no Brasil, infelizmente, sequer conseguimos administrar coisas mais simples como roubos de celulares, o que é motivo de enorme preocupação quanto ao futuro dessas gerações que ora tem uma forte atuação nas redes para as quais desenvolveram uma
linguagem própria de símbolos e palavras desconhecidos de quem cabe orientá-los.

É importantíssimo o debate sobre o assunto e orientação aos jovens por parte das escolas, psicólogos e educadores para que eles possam não ser contaminados pelo mau uso destes poderosos instrumentos de comunicação. Sugiro a propósito que todos ouçam o podcast de Branca Vianna, na rádio Novelo, entrevistando a Juíza Vanessa Cavalieri em admirável síntese do que está ocorrendo em escolas populares e de elite no Rio de Janeiro.

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