Edição: sábado, 12 de julho de 2025

José Luiz Alquéres

COLUNISTA

José Luiz Alquéresz

COP 30 E PETRÓLEO NA AMAZÔNIA


O avanço da Ciência nos dois últimos séculos tornou difícil a tomada de algumas decisões por parte dos habitantes do planeta. Talvez, a mais difícil delas é a relacionada ao uso extensivo do petróleo, uma discussão que envolve conveniências de consumidores, ambições de países, ganância de empresas e preocupações quanto a sustentabilidade ambiental do planeta. O Brasil está sendo protagonista de uma das mais emblemáticas discussões neste contexto.

As pesquisas de sua empresa estatal de petróleo, Petrobrás, cujos interesses frequentemente são associados ao interesse nacional, apontam a existência de indícios de uma grande reserva de petróleo e gás natural na região denominada “Margem Equatorial”, que engloba a costa do Amapá, a foz do Amazonas e se prolonga para sudeste pela costa do Brasil. A excitação causada por esta descoberta mobiliza tanto a Petrobrás quanto grandes
empresas mundiais de petróleo que veem a oportunidade de explorá-las com muito lucro, considerando os preços atuais do petróleo. Políticos brasileiros dos Estados vizinhos imaginam que impostos que serão cobrados sobre estes hidrocarbonetos alimentarão a economia local e agradarão aos seus eleitores. Por isso, brigam pela aprovação desta exploração e produção de petróleo.

Se nos voltarmos, todavia, para a economia global e especialmente para os estudos de geofísica que caracteriza o subsolo terrestre, podemos identificar que todas essas jazidas de hidrocarbonetos: carvão, petróleo, gás natural e areias betuminosas, são oriundas do período denominado Carbonífero, onde a combinação de uma aceleração de captura de carbono da atmosfera, conjugada com cataclismas sísmicos e sedimentações sucessivas enterraram no subsolo terrestre esses diferentes derivados de carbono. Desde a Revolução Industrial, no final do século XVIII, o homem vem explorando para seu conforto e produção industrial tais fontes de energia que, ao ritmo atual, estarão esgotadas em 120 anos aproximadamente. Pior do que o esgotamento, porém, é que a utilização desses hidrocarbonetos está devolvendo quantidades brutais de carbono na atmosfera produzindo mudanças climáticas de consequências devastadoras que, se cobradas por uma realista taxa de carbono, tornarão seu uso proibitivo.

Pela ganância ou por razões estratégicas, países e empresas defendem avidamente o seu direito de explorar o quanto antes tais jazidas. Neste contexto ouve-se com frequência o argumento: “Vamos explorar porque o preço atual está bom e o futuro ninguém sabe como será”. É um argumento tolo. Criado para defender interesses corporativos, manutenção do status quo e negacionismo em relação à crise climática. Países mais espertos, como a Arábia Saudita pensam um pouco diferente na forma que resumo a seguir em números aproximados. Arábia Saudita e vizinhos detêm cerca de 40% das reservas mundiais a um custo de exploração de 5 dólares por barril. Vamos imaginar que os outros 60% estão distribuídos entre cerca de 10 países com custo de exploração na faixa de 40 dólares em média por barril. Desde que a Arábia Saudita nacionalizou suas reservas e criou a OPEP Organização dos Países Exportadores de Petróleo, ela usa suas reservas para manter o preço alto e guardá-las para comercialização em um futuro no qual tenderá a ser uma supridora ainda mais exclusiva. Ela utiliza tal capacidade para que os demais produtores, Estados Unidos principalmente, se abasteçam de forma cara. Ao fazê-lo tais países esgotam suas reservas e ameaçam crescentemente a sustentabilidade ambiental do mundo. Não é sem razão que a Arábia Saudita estimula a entrada do Brasil na OPEP. Breve veremos o resultado desta política suicida. O próprio Ministro de Petróleo da Arábia Saudita deu declarações no sentido de que o último fornecedor de petróleo do mundo será seu país ao preço que quiser, pois será o único preço capaz de suportar o custo decorrente de eliminar as respectivas emissões de carbono e compensar as externalidades negativas causadas ao planeta por esta exploração.

Esses temas serão discutidos na COP 30, na Amazônia, onde países produtores menores que comparecerão Estados Unidos já avisou que não vem ficarão debatendo nomes bonitos como “transição energética”, “ greenwashing”, “ transição justa”, “direito de emitir, “compensação por manter florestas” et cetera, em vez de mergulharem no desafio social e tecnológico de desenvolver uma nova civilização mais conservacionista e menos
dilapidadora de recursos naturais.

Edição: sábado, 12 de julho de 2025

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