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José Luiz Alquéres

COLUNISTA

José Luiz Alquéresz

EM MEMÓRIA DOS QUE PARTIRAM


Aqueles 25 anos de regime militar instaurado pelo Golpe de 64 deixaram uma memória sofrida na vida nacional e uma sequela dramática no desencorajamento do exercício da cidadania e da participação política. Violências e torturas praticadas pelo estado sobre um pequeno número de seus cidadãos repercutem até hoje através de reportagens, livros e manifestações de repúdio que continuam a influir no processo político brasileiro.

A memória daqueles fatos lamentáveis seguramente tem produzido efeitos políticos mais permanentes do que os próprios fatos causaram quando ocorridos. As maldades e barbaridades então cometidas foram tratoradas na ocasião por centenas de outros fatos do cotidiano e teriam acabado por ser integralmente esquecidas como as que marcaram o governo de Floriano Peixoto ou os anos mais duros da ditadura Vargas.  Esse Prólogo é apenas para lembrar que uma visão equilibrada da história deve procurar recuperar narrativas dos mesmos fatos vistas por diferentes ângulos de modo que fique bem claro que não é através de gestos extremados e radicais que uma
sociedade evolui, e sim através do trabalho contínuo e da reflexão crítica de seus membros participantes do processo político que um verdadeiro desenvolvimento econômico, social e moral é conseguido.

Muitos dos artífices desse progresso, pessoas que ensejaram avanços no campo social, político ou científico, tendem a ser esquecidos e este artigo é escrito em memória de alguns deles que, entre altos e baixos, deixaram grandes contribuições. No seriado “Caçador de Marajás” é apresentado um evento pouco lembrado: Collor  procura Brizola para conseguir simpatia para realização da Rio 92. Brizola condiciona tal apoio ao governo construir 10 mil centros cívicos educacionais para a educação infantil. Apenas pouco mais de 400 destas construções foram edificadas por todo o Brasil, frustrando um dos sonhos do educador Darcy Ribeiro. Este é um exemplo.

Outro exemplo é o falecimento, na semana passada, de Luiz Oswaldo Norris Aranha, ex-presidente da Light e filho do grande chanceler Oswaldo Aranha. Em sua gestão a empresa levou a luz para 350 mil habitações em favelas, talvez a mais significativa ação de integração social de populações marginalizadas no universo urbano do Rio de Janeiro, especialmente porque alinhada com políticas sociais então lideradas pelo prefeito Israel Klabin. Lembro aqui também dos 4 agentes da lei mortos na grande operação policial no Complexo do Alemão, no dia 28 de outubro. O nome deles mal é divulgado ou mencionado por uma população que deveria reverenciá-los.

Este artigo, repito, é para registrar que, anônimos ou não, devemos dar mais atenção ao cultivo da memória dos homens e mulheres com os quais convivemos e já partiram. Pessoas que - por meio de seus acertos e erros, dando exemplo aos que os cercam, carregando dentro de si verdades morais e crença que a grandeza do homem e da mulher se constrói no exercício da vida aqui na Terra - são as referências que caracterizam a nossa sociedade.

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