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José Luiz Alquéres

COLUNISTA

José Luiz Alquéresz

CRIATIVIDADE NAS FUTURAS RELAÇOES DE TRABALHO


José Luiz Alquéres, engenheiro


As empresas do século XXI enfrentarão o maior desafio da sua existência. Quando Marx e Engels escreveram o seu Manifesto do Partido Comunista em 1848, puderam afirmar com precisão histórica que: trabalhadores do mundo inteiro, uni-vos, vocês não têm nada a perder a não ser os seus grilhões. Aquela frase, por um século e meio, mobilizou todos aqueles que prestavam alguma forma de serviço para as empresas, unidos pelo conceito de luta de classes. Empregados e colaboradores da empresa eram inimigos dos patrões.

Desde o final do século XX, quando temas como seguridade social, previdência, saúde, jornada de trabalho, proibição de trabalho infantil, licenças para gestantes e outros, já estavam introduzidos na legislação ou nos contratos de trabalho, os sindicatos de trabalhadores, por um lado, e os sindicatos empresariais, por outro, têm procurado novos propósitos para garantir a sua e xistência.

Com a ruptura das tecnologias de produção provocada pela crescente introdução de automação, digitalização, comando a distância, redes de troca de informação por meio digital, georreferenciamento e, agora, IA inteligência artificial, um novo panorama nas relações de trabalho dentro das empresas precisa ser considerado.

A partir de 1930, no Brasil, a consolidação das leis de trabalho CLT produziu um enorme efeito, não só neste campo, mas acelerou o processo de urbanização, decretou o fim da histórica predominância do campo sobre as cidades na política e provocou a sucessão de governos populistas, que até hoje, cem anos após a ditadura de Getúlio Vargas na presidência da república, domina o processo eleitoral.

O conceito de luta de classes, embora ativo em várias partes do mundo e em bolsões habitacionais no nosso país, está dando lugar a uma nova forma de relacionamento entre empregados e patrões. Contribuem para isso vários fatores, como o fim do patronato tradicional, onde os donos da empresa a dirigiam. Agora, a classe de executivos profissionais, formados em escolas de administração, já predomina no comando das empresas. Esses executivos são mais propensos a negociar soluções com seus empregados e colaboradores do que as impor, uma vez que, em muitos campos, os seus interesses são alinhados com os dos subordinados. Os subordinados, por sua vez, cada vez mais percebem que o seu futuro depende do sucesso da empresa onde trabalham e as empresas cada vez mais aprimoram vantagens para reter seus melhores empregados, pois sabem que dependem do talento deles para sobreviver nas árduas condições competitivas do mundo atual, que praticamente retiraram do mercado as ineficientes empresas estatais.

É, portanto, no alinhamento de interesses entre proprietários, executivos e empregados, que reside a possibilidade de sucesso de uma empresa, que passou a ser submetida a complexas exigências do ponto de vista ambiental, social, de governança, de transparência, de responsabilidade em relação as comunidades onde atuam, pois todos, e não apenas seus donos, são partes interessadas em seu sucesso.

Nesse contexto, novos regimes de trabalho estão se impondo: trabalho à distância, contratações de indivíduos sob a forma de pessoas jurídicas (a contratados pelo regime da CLT, uma negociação direta de remuneração e
outros benefícios, sem a interveniência de sindicatos, uma prática de remuneração variável limitando a parcela fixa, cada vez mais privilegiando bônus por desempenho ou participação nos lucros da empresa e a transferência para seguro saúde e previdência privada de atividades antes cobertas por seguros obrigatórios no contexto da CLT.

Não há dúvida que todas essas mudanças implicam em um enorme desafio que já se traduzem em temor quanto as incertezas do futuro, sensação essa tanto do lado dos proprietários do capital e da burguesia empreendedora, quanto por parte dos milhões de trabalhadores e prestadores de serviço. A necessária flexibilização das leis e regulamentos do trabalho não deve, no entanto, fragilizar o progresso conquistado desde meados do século XIX, que resultou em um enorme aumento na qualidade de vida das populações. Essa é a prioridade.

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