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sexta-feira, 13 de setembro de 2024


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Reinaldo Paes Barreto

COLUNISTA

Reinaldo Paes Barreto

O Primeiro jornal a gente nunca esquece...


no princípio era o verbo (primeiro capítulo do Evangelho de São João)

Esta semana, 8 a14/9 (), uma data mereceu destaque especial: no dia 10, comemorou-se (muito pouco) o lançamento do primeiro jornal impresso no Brasil, A Gazeta do Rio de Janeiro (*). Começou a circular em 10 de setembro de 1808, em máquinas trazidas da Inglaterra. Era um jornal bi-semanal e chapa-branca, porque só falava (bem) de assuntos do interesse da corte e de notícias relacionadas a cabeças coroadas, casamentos dos príncipes, etc. Seu editor era um frei português, Tribúcio José da Rocha, mas o redador-chefe um baiano que se mudou muito moço pra Lisboa, e lá formou-se professor e foi trabalhar no Observatório Real da Marinha, aonde aprendeu o ofício de jornalista (padrão da época).

g primeira edição da Gazeta do Rio


Parênteses: quem trabalhou em jornal, sobretudo quando as notícias e comentários mais relevantes vinham de suas páginas (o rádio era mais bom dia, dona Maria, com exceção dos poucos noticiários, como o Repórter Esso), nunca vai esquecer. Nunca mais. A agitação criativa de um ensurdecedor bater de máquinas de escrever, na redação, os vai-e-vem dos corredores, o furo e o cruzar nos andares ou elevadores com monstros sagrados, no meu caso, primeiro no Correio da Manhã, com Álvaro Lins, Austregésilo de Athayde,  Odylo Costa, filho; depois, na Gazeta Mercantil, com Roberto Müller, Cláudio Lachine, Mathias Molina, tantos e, por último e durante 10 anos, no Jornal do Brasil já sem Alberto Dines e Sette-Câmara, mas com Ricardo Boechat chefiando a redação e um cast de mulheres de charme e competência. Todas muito queridas: Ana Ramalho (minha afilhada, amiga de toda uma vida que partir cedo), Márcia Peltier, Hildegard Angel, Heloísa Tolipan e Iesa Rodrigues, para não me alongar, felizmente todas na ativa ainda.

j eu no JB


E para encerrar, duas lições gloriosas de jornalismo. Uma, a força de uma manchete e, a outra, a efemeridade de um jornal. A primeira: embora eu operasse na Sucursal do Rio, até porque em paralelo dirigia o Instituto Herbert Levy, braço institucional do Grupo GZM, eu ia a São Paulo com frequência e, sempre que podia, participava da reunião de pauta do alto comando da redação (às terças-feiras, se não me falha ...). E assisti a essa tirada de um craque, o Cláudio Lachini, veterano da imprensa.

Certa vez ele iniciou a rodada lançando a  pergunta:  se o mundo acabasse amanhã, mas sobrássemos nós (risos!), qual deveria ser a manchete da Gazeta no dia seguinte? Todos capricharam no cabeçalho e depois de ouvi-los, todos, Lachini os contrariou: errado! A manchete deveria ser: Os Novos Planos de Deus!!!

A segunda lição. Conta-se que um dia o mais antigo assinante do Estadão (cito de cabeça, pode ter sido da Folha), cancelou sem mais nem menos a sua assinatura de 40 anos. O homem morava em Piracicaba e o editor-chefe mandou imediatamente um jornalista e um fotógrafo ao local, para saber o porquê. Calmamente respondeu o ex-assinante: porque vendi a peixaria...

h peixe embrulhado em jornal


Vida que segue.


(*) Ao contrário do pensam muitos, a semana começa no domingo, donde o primeiro dia útil ser a segunda-feira.
(**) Embora A Gazeta do Rio tenha sido o 1º jornal impresso no Brasil, não foi o 1º jornal brasileiro. Este foi o Correio Braziliense, lançado em Londres em junho de 1808, por Hipólito José da Costa, um gaúcho, diplomata e exilado político.

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