COLUNISTA
Treze de maio é o Dia Mundial do Coquetel. E esse nome por si se explica, porque deriva de “cock tail”. Literalmente “rabo de galo”, pelo colorido das misturas. E essa profusão de cores também se explica, porque embora ele tenha surgido no século XIX, o sua difusão veio com a Lei Seca nos EUA, nas décadas 1920-30, como uma fórmula para, de um lado amenizar o terrível gosto das bebidas produzidas ilegalmente com álcool fabricado em garagens e, do outro, disfarçar os eventuais flagrantes dos fiscais, pois pareciam inocentes sucos ou infusões.
E o mais interessante (nenhuma surpresa) que passou a ser apreciado por homens e mulheres.
mulher bebendo um cocktail
Mas o coquetel começou como uma bebida quase que exclusivamente preparada em bares, donde a importância de um barman, ou bartender, e designa um drinque que combina duas ou mais bebidas, sendo pelo menos uma alcoólica e à qual deve ser adicionados gelo, frutas ou ervas (aipo, hortelã), creme de leite, açúcar, etc. Ou seja, e como afirma Derivan Ferreira de Souza, no seu livro Drinks de Mestre, é a comprovação do que talvez por acaso - algum longínquo ancestral nosso descobriu que a fermentação de todo fruto(a) muda o seu sabor e a sua essência.E ainda hoje, mesmo reconhecendo que alguns amadores são bons no preparo doméstico, coquetel “é a cara de bar”.
Agora vejamos três dos mais iconônicos coquetéis entre os 62 consagrados pela InternationalBartendersAssociation (IBA). Começando pelo melhor “case” do despista acima mencionado.
Bloody Mary - leva vodka, suco de tomate, suco de limão, sal, molho inglês, tabasco, pimenta em pó e um talo de aipo à cavaleiro.
Bloody Mary
Dry Martini - Segue-se o mais emblemático, cinematográfico, com repertório imenso de histórias (e anterior à Lei Seca) coquetel da história. (Até hoje o coquetel mais famoso do mundo ocidental).
Dry Martini
Ingredientes
2 partes London dry gim
1 dose de vermute seco francês
1 fatia de casca de limão/uma azeitona
Taça: de martini
Submersos: azeitona e casca do limão
Modo de preparar
Misturar os ingredientes na coqueteleira, com muito gelo. Usar uma colher de cabo longo (nunca sacudir).
Coar e derramar na taça apropriada sem o gelo.
Colocar uma azeitona. Obs.: azeitona verde não pode ser conservada em óleo nem recheada. E a casca de limão.
Obs: existem mais de 30 versões, inclusive a célebre do James Bond que entrava exigia vodca no lugar do gim.
Horse`sNeck - Outro colosso das antigas - é o preferido da minha mulher - assim chamado porque a casca da laranja cortada em espiral realmente lembra o pescoço de um cavalo.
Horse`sNeck
Ingredientes
2/10 de brandy
8/10 de ginger ale
1 dose de Angusturabitter (opcional)
casca de limão ou laranja
1 cereja.
Modo de preparar:
Descasque um limão ou laranja em forma de espiral.
Coloque uma das extremidades da espiral sobre a borda de um copo long drink, de modo que o resto da casca desça, enrolada, dentro do copo. Monte o drinque colocando gelo quebrado no copo, depois o brandy (Jack Daniels) e o ginger ale.
Decore com uma cereja e sirva com um canudo.
Há outros, tantos, como o Negroni, Gin Fizz, Bellini, Daiquiri (das antigas), KirRoyale, Negroni (provei uma versão verde-e-amarela, com cachaça no lugar do gim: gostei!) e por falar em Brasil, a caipirinha...
Regras de Ouro
Seja qual for o coquetel há três regras sagradas:
1) não adicionar mais do que quatro elementos: um destilado como base, um licor ou bitter, uma água gaseificada ou gelo e um suco (ou casca) de fruta;
2) os equipamentos devem ser mantidos em condições de higiene absoluta;
3) os copos adequados.
Obs: um copo sujo destrói qualquer mistura. Eu acrescentaria uma quarta “lei”: coquetel não é para acompanhar refeição. É para ser apreciado em cadeira alta de bar, com algum salgadinho ligeiro.
E mais de três doses é porre!
Finalmente, a explicação do título. Um querido amigo e embaixador, Sizínio Pontes Nogueira, já falecido, bom de copo e de papo, dizia: “a gente entra para o Itamaraty com a missão de dar “the life for the Country”. Mas é obrigado a ir a tantos coquetéis que o perigo é ter que dar “the liver for de Country”...
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