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Reinaldo Paes Barreto

COLUNISTA

Reinaldo Paes Barreto

O primeiro jornal a gente não esquece


O jornal O Globo completou, esta semana, 100 anos. Parabéns: o conjunto da obra é positivo. Aqui e ali pecou , do meu ponto de vista, por excessiva voluntariedade do Roberto Marinho. Duvido, por exemplo, que ele autorizasse o que presenciei o Luiz Fernando Levy, dono da Gazeta Mercantil, autorizar: a publicação na seção própria -- de um pedido de falência do jornal.

d Luiz Fernando Levy


Mas quem trabalhou em jornal antes da era digital, nunca vai esquecer. A agitação criativa em torno de um ensurdecedor bater e máquinas de escrever, na redação, o vai-e-vem nos corredores dos veteranos ou das novas mulheres jornalistas, o “furo” comemorado com entusiasmo pelo “artilheiro” e seus colegas, o cruzar nos andares ou elevadores com monstros sagrados, tudo era um pacote energético que se desfez no tempo para nunca mais
voltar.

No meu caso, por exemplo, me lembro como agora “da cara e do cheiro” das redações do Correio do Paraná, em Curitiba, com o Renato Ribas no comando; depois, no Correio da Manhã, com celebridades como o Álvaro Lins e Austregésilo de Athayde; depois, no JB pela primeira vez, ainda nos tempos dos Britos, com Alberto Dines e Carlos Lemos no comando editorial, mais Octavio de Faria, Cláudio Abramo, Zuenir Ventura e o embaixador Sette Câmara; depois, na Gazeta Mercantil, com Roberto Müller, Dirceu Brisola, Cláudio Lachine e Mathias Molina, durante 12 anos (2001-2012).

Finalmente, no Jornal do Brasil outra vez (2002-2012), com Ricardo Boechat chefiando a redação e um “cast” de mulheres de charme e competência, todas muito queridas: Ana Ramalho (minha afilhada, amiga de toda uma vida que partiu cedo), Márcia Peltier, Hildegard Angel, Heloísa Tolipan e Iesa Rodrigues, para não me alongar, felizmente todas essas na ativa ainda, são marcas que a memória guarda com carinho.

b uma antiga redação de jornal


E para encerrar, duas lições gloriosas de jornalismo. A primeira, durante uma reunião de pauta na velha sede da Gazeta Mercantil, na rua Major Quedinho, 90. O craque Cláudio Lachini, veterano da imprensa, sentado ao lado do Matheus Molina, o redator-chefe, iniciou a rodada da manhã lançando a pergunta: “se o mundo acabasse amanhã, mas sobrássemos nós de véspera (risos!), qual deveria ser a manchete da Gazeta no dia seguinte?” Todos
capricharam no cabeçalho e depois de ouvi-los, incluive a mim, disse o Lachini: “lamento, mas estão todos equivocados: “a manchete deveria ser ... Os Novos Planos de Deus...”

Bingo!

A segunda lição. Conta-se que um dia, um dos mais antigos assinantes do Estadão (cito de cabeça, pode ter sido da Folha), cancelou sem mais nem menos a sua assinatura de 60 anos. O homem morava em Piracicaba e o editor-chefe mandou imediatamente um jornalista e um fotógrafo ao local, para saber o porquê. Calmamente respondeu o ex-assinante: “porque vendi a peixaria...”

b peixe embrulhado em jornal


Vida que segue.

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