COLUNISTA
Ontem fui ao aniversário de mais um octogenário (só que rico, rico de marré deci) que serviu champanhe o tempo todo. E de repente, eu ouço uma senhora dizer para o garçom: “me serve um pouco mais de Prosecco,
por favor!” Meu Deus! É como chamar lagosta “daquela sardinha grandona, vermelha”.
E me dei conta, mais uma vez, que mesmo gente que frequenta lugares chiques, etc, não sabe a diferença entre Prosecco, Espumante e Champanhe (em francês é masculino: le champagne), embora as garrafas sejam similares e as bolhas variam em quantidade e densidade, mas “explodem” parecido.
bolhas subindo ao céu
Então, vamos lá: Prosecco é o nome de um tipo de uva, originária do Vêneto, no norte da Itália, que deu nome ao produto. E, há o Prosecco Superiore, alguns excelentes e caros, como o Prosecco de Valdobbiadene e há os proseccos feito em grande escala, a maioria, com a uva Prosecco e um corte de outras duas ou três castas da mesma região, só que bem mais baratos. Mas como são uvas (até pela colheita precoce) que têm bastante gás carbônico, o que produz bolhas, algum gênio de marketing/vendas espalhou bilhões de garrafas no mercado para a comemoração do ano 2000 e muita gente passou a achar que “prosecco” é o genérico de espumante. Seria como chamar todas as canetas esferográficas de Bic.
vinhas de Prosecco em Valdobbiadene
Já os espumantes de outras regiões, inclusive da Itália, são produzidos normalmente pela fermentação de três tipos de uvas. Uma branca, quase sempre a Chardonnay e duas tintas. Na França, essas duas costumam ser as mesma das utilizadas para o champagne: Pinot Noir e Pinot Meunier. Há, ainda, uma outra variante: utilizam-se dois métodos de dupla fermentação. No Método Charmat, as duas fermentações (a primeira e a segunda) são feitas em cubas de inox, fora das garrafas, portanto. É menos sofisticado mas, por isso mesmo, permite uma produção muito maior.
No Método Champenoise a segunda fermentação ocorre, obrigatoriamente, dentro da própria garrafa. E o tempo de maturação pode variar de 12 meses a seis anos. Finalmente o Champagne é um super-espumante, de altíssima
qualidade pelo plantio, tradição, colheita e elaboração. As uvas são provenientes exclusivamente de parreiras dessa região, uma área a nordeste da França, protegida por lei rigorosa, com produção restrita e demarcada por lei (AOC), cuja capital é Épernay, mas há grandes vinícolas em Reims e nas Colinas de Viltry.
E como o champanhe foi e é o vinho (champanhe é vinho) que mais está associado ao poder, à vitória e às comemorações inclusive de “cantadas amorosas -- termino com essa charge ilustrativa de um cavalheiro servindo champagne no sapato à sua “dama”, publicada em artigo do Marcelo Copello, na Veja Rio.
champagne no sapato
Vá com fé!
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