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Reinaldo Paes Barreto

COLUNISTA

Reinaldo Paes Barreto

As refeições na corte e a boa comida caseira


Os reis e imperadores, sobretudo do século XIX para trás, faziam de suas refeições um espetáculo de exibição para impressionar os seus anfitriões, os fidalgos da Corte e os seus súditos e vassalos.

v Luis IV em banquetes


Mas vejamos o caso do Brasil. D. João VI, por exemplo, era “dono” de um apetite voraz, como todos os Braganças que o precederam. E as refeições no Paço de São Cristóvão (hoje Quinta da Boa Vista) transcorriam assim, segundo relato com linguagem da época, do Guilherme Figueiredo: ”ao Vedor da semana tocava mandar vir as Iguarias a tempo que às 11h já estivessem todas na copa -- local das refeições quando não havia banquetes -- e quando tudo
estivesse prestes, dariam então recado à Sua Majestade. E essas Iguarias virão acompanhadas do Guarda Reposta e dos Moços da Câmara, que as conduzem entre duas fileiras de soldados da guarda real e todos os presentes tirarão os chapéus e se desviarão do caminho...Sua Majestade virá então à mesa aonde já estarão o Trinchante e os Oficiais da Mesa, e os moços fidalgos que ficarão de joelhos perto da cadeira Del-Rey. Assim que Sua Majestade se assentar na cadeira puxada pelo Reposteiro-mor, virá o Capelão benzer os alimentos...”

g D. João e a sua corte


Detalhe: (contudo) acho muito difícil que com tal liturgia e em um tempo em que não havia réchaud, nem micro-ondas, a comida chegasse quente, ou pelo menos morna, à boca de Suas Majestades. E, na outra ponta, tenho certeza que uma pessoa “normal” comia uma comidinha mais gostosa, saudável e ... quente! Em geral em suas casas, porque havia na época menos de 15 casas “de repasto”. Tanto que disse Gilberto Freyre, as refeições se faziam nos 3 Cs: Casa, Convento, Caserna.

Curiosidades: os quase 15 mil portugueses não-nobres que vieram com D. João VI, valorizavam o sal(*) e o açúcar, coisa que nem os índios, nem os africanos utilizavam. E a mulher portuguesa dava apreço ao ovo de galinha, que também índios e africanos ignoravam; e ensinou à “cunhã” (menina-moça cabocla ou descendente indígena) o manejo de condimentos que vieram das “culónias” da Índia, do arquipélago malaio, e da África, como canela, leite e
manteiga de vaca, goma da mandioca e os “cheirinhos” da memória afetiva: hortelã, erva-doce, cravo-da- Índia, folhas de louro e o nosso querido alecrim! Não esquecendo do alho e do azeite.

f um jantar brasileiro por Debret


Ai, Jesus!

(*) O Sal e o Sol são o outro nome de Portugal (autor desconhecido).

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