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sexta-feira, 19 de dezembro de 2025


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Reinaldo Paes Barreto

COLUNISTA

Reinaldo Paes Barreto

Cautela e caldo de galinha (*)


Estão chegando as férias de fim de ano e muita gente que acha que “quem converte não se diverte” está planejando passar o Réveillon em Paris. Beleza. Estão, do alto destes 80 anos e conhecendo bem a cidade e os parisienses, me permito acender a luz amarela. Ou seja, listar duas clássicas “furadas”.

m Paris


A primeira: se o seu sistema digestivo não está habituado a “grandes emoções”, evite entrar na vibe gourmet cinco estrelas e pedir escargots na primeira noite. Idem para um cardeal da gastronomia francesa, o ”ris de veau”  (timo, ou pâncreas do vitelo). Conheço que muita gente que passou os dias seguintes feito planta: no vaso! E subdica: nem se empolguem de mais com o bom bordeaux, antes de conferir de lupa os preços! Tanto que a segunda “furada” vem daí.

m La Coupole


Um querido casal amigo foi jantar no clássico La Coupole, que recomendo, em Montaparnasse (**), logo na primeira noite. Sentaram-se por acaso perto da mesa de dois casais, com cara de habitués. Pediram o menu, e tal, escolheram filé com fritas pra ele e omelete “aux fines herbes” para ela mas, na hora do vinho, começou a hesitação. Olhavam a lista, comparavam os preços, viravam as páginas quando de repente ele teve uma ideia. Lembrou-se do que eu tinha sugerido: ”na dúvida, peçam o vinho da casa, de preferência rouge,” que em geral vem numa “carafe”, tipo jarro de sucos de frutas, acrescentei.

m uma “carafe de vin maison”


Olharam para a mesa dos tais casais e ... problema resolvido. Chamaram sommelier, que havia  se afastado, e apontaram para o vinho do vizinho. O dito sommelier lançou um olhar de relance para o lado e disse “bien sûr, monsieur”. Sumiu e surgiu logo depois surgiu com uma garrafa aberta, rolha no pires, mão esquerda atrás das costas, para a conferência do pedido.  Eles acharam “coisa de restaurante sofisticado”, mas foram em frente com o melhor ”oui”, fazendo o biquinho gaulês. Jantaram na maior felicidade (quase que ainda iam pedir um digestivo, mas a mulher freou o ímpeto, tanto que não pediram nem sobremesa, nem café, ) e ele, então, caprichou no francês: “garçon! l’addition, s’il vous plaît”

Quando a conta chegou dentro de um livreto, quase enfartaram! Uma soma muito além da esperada cerca de 400 euros! Duzentos e cinquenta só do vinho! E mais cento e cinquenta, do resto. Foram conferir: claro, o vinho era um Bordeaux 2005 (um grande ano) e o garçom explicou tranquilamente que aquele recipiente não era uma carafe. Era um decanter!

Bingo!


(*) Eu prefiro a minha versão do ditado: cautela, caldo de galinha e Moet & Chandon não faz mal a ninguém. (atenção revisores: Moet tem trema no e)

(**) o nome Montparnasse é uma “apócope” de Monte Parnaso, montanha da Grécia que era considerada residência de Apolo e de suas nove musas era assim que se “achavam” os intelectuais homens e mulheres que frequentavam o bairro no século XIX.

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