Marcelus Fassano
Queridos leitores,
Sabe aquele momento em que a vida nos empurra para algo inesperado? Pois é, aos 30 anos, saí da casa dos meus pais e me vi sem a querida Fátima, nossa cozinheira de longa data, que cuidava de todas as refeições com maestria. Foi complicado. De uma hora para outra, pela primeira vez, estava diante de um fogão, ou melhor, um fogareiro de uma boca, um micro-ondas e um livro de receitas, tentando transformar o caos em algo comestível. Confesso, no início era só pela sobrevivência, mas algo começou a mudar.
Com cada prato, cada tentativa, eu percebia que aquilo não era só uma questão de alimentar o corpo. Tinha algo a mais. A cozinha virou meu refúgio. Era ali que eu encontrava uma espécie de calma no meio das panelas e colheres. Fui me desafiando, tentando impressionar minha esposa com pratos que, na minha cabeça, já começavam a parecer um banquete. A cada refeição, o prazer de cozinhar se consolidava.
Nesse meio tempo, algo inesperado aconteceu: descobri Jamie Oliver. Lembro até hoje da primeira vez que vi seu programa. Ele me mostrou que a gastronomia não precisava ser complicada ou cheia de regras rígidas. Bastava paixão, bons ingredientes, e a ousadia de simplificar. Não era sobre pratos rebuscados, mas sobre a alegria de cozinhar com o que se tem à mão, transformando o simples em algo extraordinário. Isso foi um divisor de águas para mim.
Com o tempo, comecei a compartilhar meus pratos no Instagram. O feedback era incrível, as pessoas amavam e me incentivavam a ir mais longe. Mas a ideia de seguir o caminho profissional de chef esbarrou na dura realidade das cozinhas de restaurantes. Estagiar nesses ambientes me mostrou o que é uma verdadeira maratona de alta tensão. Aquilo não era para mim. Preferi o ritmo tranquilo da minha própria cozinha, onde cozinho sem pressa, sem pressão, apenas por prazer.
Então, da próxima vez que for a um restaurante e se encantar com o prato à sua frente, lembre-se: por trás daquele prato existe uma verdadeira corrida contra o tempo, suor e dedicação. Se tiver a chance, vá até a cozinha, cumprimente o chef. Eles merecem o reconhecimento.
Boa semana! Nos vemos no @tchelofassano
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