Marcelus Fassano
Eu já tinha ouvido falar muito bem sobre um pequeno bistrô em Secretário que vem roubando a cena na gastronomia da serra. Mas confesso que não esperava a reação que tive em casa quando mencionei que faria uma matéria sobre o Catarina’s Bistrô. Minhas filhas, Yasmin e Sofia, duas gourmezinhas de carteira assinada, praticamente me obrigaram a levá-las junto. Sabiam quem era a chef, seguiam a Catarina nas redes sociais e, segundo elas, já conheciam o cardápio de cor.
Agora imagina eu, ligando para o dono do restaurante, explicando que iria para fazer uma matéria... mas levaria a tropa inteira junto. Um misto de cara de pau e confiança. Ainda bem que do outro lado da linha estava o Rapha, que eu só conheceria pessoalmente no dia, mas que, pela recepção no WhatsApp, já dava pra saber que era gente finíssima. E foi mesmo: nos recebeu com uma leveza que fez a gente se sentir em casa logo de cara.
Nossa mesa ficava no jardim interno, cercado por pés de maracujá e limão siciliano. Um lugar aconchegante, arejado e com alma. Rapha abriu os trabalhos com uma garrafa de Semillon não filtrado, orgânico, de uma vinícola boutique chilena. Logo depois, trouxe um trio de drinks clarificados, criações próprias que ele explicou com empolgação. A técnica é complexa, tão complexa que até agora estou tentando entender. Só sei que deu um trabalhão e o resultado estava simplesmente incrível: leve, sofisticado e delicioso.
Yasmin e Sofia nem precisaram ler o cardápio. Pediram direto o crudo de atum, que chega à mesa temperado à moda asiática e acompanhado por pães de fermentação natural e o guioza de rabada com gremolata de agrião, cremoso e suculento, com certeza um dos melhores que já comi. Esses dois pratos, segundo Rapha, traduzem a essência do Catarina’s. E fazem jus à fama, saborosos, ousados e marcantes.
Aliás, o cardápio começa apresentando a equipe inteira, com nome e personalidade. Um gesto simples, mas tão raro, que já cria de cara uma conexão com a casa. Quando o Lukinha nos sugeriu a picanha da parrilla como prato principal, fomos sem medo. Ele disse que servia três pessoas, mas nós éramos quatro e comemos com fartura. Acompanhada de milho na brasa, daqueles que não se encontra por aí, e da famosa batata frita trufada da casa, a experiência foi completa. Tudo acompanhado por um Malbec de Monte Belo, da Serra Gaúcha, que harmonizou perfeitamente.
Encerramos com as duas sobremesas do cardápio, o bolo cremoso de chocolate com creme inglês e o sanduíche de cookie com sorvete. Esse último, servido pela própria Catarina, foi o grand finale de uma refeição memorável. Catarina, aliás, é carismática e atenciosa. Fez questão de tirar fotos com as meninas e nos recebeu com um carinho que não se ensaia, é natural.
Foi uma das experiências mais completas que tive nos últimos anos. Saímos de lá com aquela sensação gostosa de quem acabou de comer a melhor comida da serra, no lugar certo, com as pessoas certas. Um dia pra guardar e já pensar na próxima visita. :)
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