Marcelus Fassano
Na última quinta-feira, recebi meu diploma de especialista em vinhos pela Le Cordon Bleu. Foi um daqueles momentos em que a gente para, respira fundo e pensa: “Caramba, eu consegui!”
Não foi fácil. Nem barato. E definitivamente não foi cômodo. Foram dez meses descendo para o Rio toda semana, enfrentando engarrafamento, dormindo longe da família e lidando com o medo constante da violência urbana. Mas, foi também, uma das experiências mais prazerosas da minha vida. Degustei mais de 250 rótulos de vinhos, apresentados por alguns dos melhores sommeliers do mundo, e tive mais de 120 jantares com padrão Cordon Bleu para harmonizar. Dá pra imaginar o quanto isso refinou meu paladar e, claro, elevou meu grau de exigência quando trago meus reviews aqui, nesta coluna?!?!
Fiquei pensando em como vim parar nesse mundo da gastronomia. Já contei por aqui, que tudo começou por necessidade. Saí de casa e me vi comendo lasanha congelada de micro-ondas. Fui obrigado a aprender a cozinhar e me apaixonei. Comecei com livros e programas de TV. Como sempre gostei de apresentar os pratos como se estivesse num reality show, e como nunca fui muito discreto, comecei a postar todos no Instagram.
Com isso, despertei desejos, ganhei muitos seguidores, me empolguei com o universo do marketing de conteúdo (que nem era chamado assim na época), fui estudar, me especializei. Veio a pandemia, e me ofereci para ajudar cinco comércios locais com estratégias digitais, mais de 60 se inscreveram. Comecei a dar aula de marketing digital, trabalhei o perfil de dez restaurantes no Itaipava Gourmet e eles chegaram a vender 30% a mais. Como parte do pagamento, aceitava permutas em cada casa. Resultado: jantei nos melhores restaurantes da serra 20 vezes por mês, durante 2 anos.
Resolvi aprimorar minha forma de escrever e fiz um curso de roteirista de cinema, o que deu mais estrutura e fluidez aos meus textos. Nesse processo, fui convidado a escrever esta coluna, Sabor em Cena, que está no ar há 5 anos e acabou se tornando um espaço importante de troca, visibilidade e conexão com o público. Paralelamente, fui me envolvendo cada vez mais com o universo da gastronomia e isso acabou me levando a empreender, a ser sócio de restaurante, depois de outro... e mais outro. Quando vi, já estava participando dos projetos gastronômicos mais relevantes da cidade e até do estado.
Com o tempo, percebi uma coisa básica: a boa comida quase sempre pede uma boa taça. Já fazia um festival de vinhos na região e, com ele, conheci os primeiros produtores de vinho do Rio de Janeiro, gente talentosa, cheia de propósito, que me inspirou a mergulhar ainda mais nesse universo. Decidi investir no melhor curso de vinhos do Brasil, numa instituição cujo nome chega antes da gente. Hoje, com o diploma nas mãos, sinto que estou no caminho certo. Ou melhor: no caminho que me faz feliz.
Sair da zona de conforto não é fácil, é verdade. Mas é exatamente aí que as melhores coisas acontecem. Fazer algo diferente do que sempre fizemos nos coloca diante de possibilidades que nem imaginávamos. E é disso que se trata: confiar no próprio instinto, dar o primeiro passo mesmo sem ter certeza de onde vai dar.
Foi a necessidade que me fez cozinhar, que me levou a ler livros, depois a postar no Instagram, estudar conteúdo digital, me disponibilizar para ajudar, trabalhar com restaurantes, comer muito fora de casa, estudar como relatar essas experiências, escrever uma coluna, empreender, conhecer pessoas... me motivar e o próximo passo, esse, pertence a Deus.
E por falar em novidades: estou organizando a primeira corrida dentro de uma vinícola no Rio de Janeiro. Também estou montando uma exposição de carros militares, no Bosque dos Vales, que terá uma ala gastronômica inédita com os melhores queijos da Canastra, inclusive o brasileiro que, pela primeira vez, foi eleito o melhor do mundo.
Quer saber mais? Me acompanha no Instagram: @tchelofassano
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