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Sabor em cena

Marcelus Fassano

Sabor em cena

O Café que Corre nas Veias

No último fim de semana vivi uma experiência inesquecível: realizamos a primeira corrida dentro de uma vinícola no Estado do Rio de Janeiro. A Wine Run aconteceu na Vinícola Tassinari, em São José do Vale do Rio Preto, reunindo esporte, vinho e natureza em perfeita harmonia. Foram duas modalidades: a Wine Run, um desafio de 5 km entre vinhedos e cafezais, e a Not Run, Just Wine, uma caminhada leve de 2,5 km em que, a cada 500 metros, os participantes degustavam vinhos produzidos ali mesmo. Uma celebração única, com direito a carona até o alto da montanha em um Toyota zero quilômetro, espumantes da Cindini, picolés Sol & Neve, tênis Olympikus para os vencedores e, claro, muito vinho da Tassinari.

Mas antes de ser vinícola, a Tassinari tem sua história marcada por outra paixão: o café. Cafés premiados, de exportação, reconhecidos em concursos nacionais e internacionais. Em uma das visitas de montagem do evento, sentei-me com Paulo Tassinari, responsável pela produção de café da família. Entre risadas e confidências, confessei a ele que, até então, só bebia café solúvel. A reação foi imediata: olhos arregalados, quase um choque cultural. Paulo explicou que o café solúvel, por seu processo, aproveita muito além do grão, entregando também notas indesejadas como se, no meio da bebida, houvesse até resquícios de madeira.

Foto 1

Ali mesmo provei os cafés da casa: intensos, curtos, feitos para serem tomados em dois goles. E entendi o que é essência. Afinal, existem muitas formas de se chegar à xícara perfeita:

Café solúvel: prático e rápido, passa por um processo de secagem que concentra o pó e o torna instantâneo. Ganha em conveniência, mas perde parte dos aromas e da complexidade natural do grão.

Café moído: o mais tradicional nas casas brasileiras. Vem pronto para o preparo coado, mas exige cuidado: quanto mais tempo passa após a moagem, mais óleos e aromas se perdem.

Café em cápsula: trouxe modernidade e padronização. Cada cápsula guarda a quantidade exata de pó, hermeticamente fechada, garantindo frescor e regularidade. Perde, no entanto, em variedade e sustentabilidade, embora novas soluções recicláveis estejam surgindo.

Café coado: símbolo da cultura brasileira. Preparado no filtro de pano ou de papel, é democrático e afetivo, permitindo que o grão revele suavidade e nuances. Hoje, métodos especiais de filtragem, V60, Chemex, prensa francesa, ampliam as possibilidades de sabor.

Foto 2

O mais fascinante é perceber como o café se transforma conforme a cultura. Na Itália, ele é servido no balcão: rápido, quase um ritual de passagem no meio do dia. No Brasil, herdamos o hábito da “média”, com leite, pão e conversa sem pressa. Já nas cafeterias especializadas, cresce o interesse por métodos que resgatam a pureza do grão e transformam cada xícara em uma experiência.
Seja correndo entre vinhedos ou descansando na varanda de casa, o café tem esse poder: acorda, conforta, conecta.

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