Marcelus Fassano
Outro dia, em uma conversa no trabalho, meu amigo Daniel me contou que é vegano há mais de seis anos. Não por moda, nem por saúde, mas por convicção. Ele segue a filosofia Hare Krishna, e o veganismo, para ele, é uma forma de viver em harmonia com o mundo, uma escolha de não violência.
Ouvir alguém falar com tanta serenidade sobre isso me fez pensar em como essa corrente vem crescendo. Hoje o veganismo já não é apenas uma tendência alimentar. É um movimento cultural, espiritual e até político. Tem a ver com consciência, empatia e propósito.
Muita gente chega a ele por etapas. Começa cortando carne vermelha, depois o frango, e quando percebe, já não consome nada de origem animal. O ponto de virada, quase sempre, é emocional. Todos os veganos com quem já conversei dizem a mesma coisa: não querem ser cúmplices de dor. É uma escolha por não causar sofrimento.
Recentemente, assisti a um programa da Angélica (que está muito legal, ao vivo no GNT, recomendo) em que a convidada era a Xuxa, e o menu inteiro era vegano. Só que o detalhe curioso é que, à mesa, também estava o padre Fábio de Mello, e ele comentava com bom humor que não via nenhuma proteína por ali. Foi interessante ver aquele contraste: o padre, que prega o amor, a paz e a não violência, mas que, dentro da tradição católica, não vê problema algum em comer carne; e, do outro lado, a Xuxa, apresentadora e artista, que leva para o cotidiano o princípio da não violência até mesmo à mesa, dizendo que não come “nada que tenha mãe”.
A cena dizia muito sobre o momento em que vivemos. O veganismo não é mais um tema distante. Ele está nas conversas, nas escolhas, nas reflexões de gente comum e também de quem tem voz pública. E cada um, dentro da sua crença e da sua consciência, vai encontrando o seu próprio caminho.
Talvez essa seja a grande mudança: entender que a comida não é só o que nutre o corpo, mas também o que alimenta o espírito.
E você, o que alimenta mais: o prato ou a consciência?
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