COLUNISTA
ANIVERSARIANTES AMIRP Dia 24 - João Carlos Magalhães; dia 25 - Wilson Nolasco Joannes; dia 26 - Alcidea Maria Goethnauer Moreira, Mozart da Mota Mendes, Alessandro Moreira Priori. A Coluna Vida Patriótica e a AMIRP parabenizam a todos desejando saúde e felicidades.
INSTITUTO MILITAR DE ENGENHARIA (IME) E OS PROJETOS DE FOGUETES NO BRASIL (Jorge da Rocha Santos; fonte: facebook.com/ IME) - O IME foi pioneiro em projetar foguetes no Brasil. A Segunda Guerra Mundial demonstrou para o Exército Brasileiro a necessidade de acompanhar a evolução tecnológica dos materiais bélicos. A partir de 1949, alunos e professores do curso de Engenharia Mecânica da Escola Técnica do Exército (ETE), atual Instituto Militar de Engenharia, deram o primeiro passo para o futuro. Utilizando tubos de canhão construíram o foguete F-114-RE com alcance de 22 quilômetros, lançado, com sucesso, na Praia da Gávea, atual Praia de São Conrado, no Rio de Janeiro.
O fato foi noticiado pela imprensa. Foi o primeiro projétil em sessões disparado na América Latina. Então foi criado na ETE um grupo de trabalho dedicado ao desenvolvimentos de foguetes. Nos 50 do Século XX, foram criados no Brasil o CNPQ, a CNEN e outros órgãos voltados para a pesquisa. Conseguiu-se, de alguns deles, verbas para mandar oficiais engenheiros para cursos no exterior a fim de se aperfeiçoarem. Funcionava no IME a Comissão de Mísseis do Exército. Os professores fizeram diversos projetos e, na época, essa comissão estava estudando e desenvolvendo propelentes. Os que se aperfeiçoaram fora do Brasil trouxeram conhecimento e, por conta própria, nos projetos de fim de curso no IME, projetaram e fizeram um lançador múltiplo de foguetes, o pai do atual Sistema ASTROS, hoje em dia a arma em evidência. Aquele sistema de lançadores múltiplos foi criado para um foguete de 108 milímetros, F-108-R, com uma versão para reboques e outra para viaturas.
O lançamento foi em 1951 no Forte de Copacabana. Uma moderna arma de guerra capaz de lançar sucessivamente vários foguetes. Um grande êxito! O evento fez parte das comemorações dos cento e cinquenta e nove anos da ETE e dos vinte e um anos de sua sede na Praia Vermelha, no Rio de Janeiro. O Major Lage, sob o comando do Coronel Armando de Buá Ferreira, comandante da ETE, fez a demonstração que foi um marco para a história dos foguetes no Brasil. Uma frase que se ouviu: o Brasil passou em branco a era do canhão, mas não passará em branco a era do foguete!. E não passou em branco! A cada ano, professores e alunos se empenhavam no estudo dos foguetes, tudo indicava que eles estavam testemunhando o início da era espacial brasileira. O Brasil preparava-se para enfrentar as incertezas do futuro.
Houve um projeto de foguete na ETE, em 1958, que teve grande repercussão: um foguete para sondagem e medições atmosféricas com aplicação científica e civil. Seria o primeiro foguete, cem por cento de fabricação nacional, feito pelos alunos de Engenharia Mecânica e Armamento da ETE. Foi visto como um projeto arrojado! Um passo enorme para acompanhar as grandes potências, pois em 1957 fora lançado o satélite Sputinik-1. O projeto foi chamado de Sonda 1. Seria lançado de uma plataforma a ser construída em Cabo Frio, no Estado do Rio de Janeiro. Nenhum dos projetos anteriores era tão possante quanto o do Sonda 1.
Esse foguete seria cinquenta por cento menor que o míssil V2 da Alemanha na 2ª Guerra e com um empuxo tão bom quanto o do foguete alemão. Seria um feito histórico que colocaria o Brasil entre os três países capazes de atingir altitudes superiores a cem quilômetros. O foguete teria quatro metros de altura e levaria uma cápsula com um gato, com duas horas de oxigênio e que desceria com dois paraquedas. O responsável pelo projeto foi o coronel Lage. Todavia, a morte no impacto de retorno de um macaco resus lançado ao espaço pelos Estados Unidos e a morte da cadela Laica, entre cinco e sete horas após o lançamento, na nave russa Sputinik-2, contribuiram para Sociedade Protetora dos Animais, no Brasil, mobilizar a opinião pública contra o lançamento do Sonda-1 com o felino a bordo.
Devido à mobilização e a outros fatores a construção do foguete foi cancelada. O foguete, idealização do Tenente-coronel Manoel dos Santos Lage, alunos e oficiais da Escola Técnica do Exército não decolou, porém seu projeto arrojado e inovador está registrado em trabalhos e livros. Tempos depois, em 1967, no Brasil, foi lançado um foguete com as mesmas características daquele projetado pela ETE e com o mesmo nome Sonda. Ele foi realizado por um grupo de estudos que se transformaria no atual Instituto de Aeronáutica e Espaço, em São José dos Campos, SP. Era menor e menos potente que o projeto Sonda -1 da ETE, mas ajudou a impulsionar os estudos e a produção de foguetes no Brasil. O IME continuou a projetar foguetes. A Turma de 1972 fez o foguete X-40. Tinha 30 centímetros de diâmetro. Seu grão propelente foi fabricado em São José dos Campos junto com o Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA). Oficiais, professores do IME e alunos foram ao lançamento. Tudo funcionou e o foguete alcançou 72 km de distância. Uma vitória imensa para o IME, seus professores e alunos. O Instituto de Pesquisa e Desenvolvimento do Exército (IPD) fez o foguete X-20, com 20 centímetros de diâmetro e fez também, o que é hoje o Sistema Astros de Lançamento de Foguetes, usando foguetes X-40, X-20 e X-127.
O ASTROS é um sistema de mísseis e foguetes de artilharia. Um projeto cem por cento nacional com engenheiros militares formados no IME e engenheiros do meio civil. É desenvolvido em parceria com a Avibras Aeroespacial. É um dos programas estratégicos do Exército. O ASTROS é considerado uma referência internacional em sua classe e atualmente é a arma dissuasória mais poderosa do Exército Brasileiro. Dos trinta e seis projetos desenvolvidos no IME, de 1949 a 1972, apenas três não foram testados na prática. Graças a esses estudos, anteriores e posteriores a 1958, se tem hoje um sistema de lançamento de foguetes e outros em estágios de desenvolvimento, entre eles um míssil de cruzeiro.
Apesar de não ter conseguido lançar o Sonda 1, o IME entrou para a história pelo seu pioneirismo e por inspirar tantos outros que vieram a compor a produção de foguetes no Brasil. Possui uma nova geração trabalhando para manter a tradição e seu nome bem alto nesse mister, tem um programa que incentiva os alunos a projetar foguetes e participar de competições. Notas de Vida Patriótica: 1) matéria realizada pelo IME exibida no Facebook, produção Maira Dias, expõe vários vídeos dos lançamentos da ETE e os depoimentos dos Engenheiros Militares General Álvaro Augusto Alves Pinto, General Edival Ponciano de Carvalho e o Coronel José Paulo do Prado Diegues. 2) Grão Propelente ou Propelente é o propulsor do foguete, podendo ser sólido (pólvoras , mistura de percloratos, alumínio, etc) ou líquido (querosene, álcool, hidrogênio, etc). 3) Empuxo: força que atua como elemento de impulsão. 4) Foguete: lançado de uma plataforma com uma inclinação calculada para trajetória de atingimento ao alvo. 5) Míssil: possui sistema de navegação que controla o voo em direção ao alvo. 4) Míssil de cruzeiro: projetado para voar e alcançar distâncias iguais ou maiores que 300 quilômetros. (foto 3 IME) (foto 4 foguete) (foto 5 míssil) (foto 6 ASTROS)
"Casa sem livros, corpo sem alma." (Cícero)
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