Edição anterior (4000):
terça-feira, 09 de setembro de 2025


Capa 4000

Combate à corrupção bate recorde de operações em 2025

Em entrevista à Voz do Brasil, o ministro da Controladoria-Geral da União (CGU), Vinicius Marques de Carvalho afirmou que foram mais de 40 operações com prejuízos de R$ 6 bilhões ao crime organizado

Foto:  Valter Campanato/Agência Brasil
Foto:  Valter Campanato/Agência Brasil


Agência Gov

Em 2025, a Controladoria-Geral da União, em conjunto com a Polícia Federal, bateu recorde de operações de combate à corrupção e ao crime organizado. Foram mais de 40 operações com prejuízos apurados de mais de R$ 6 bilhões. “Isso é maior do que tudo o que foi apurado em termos de prejuízo em operações feitas pela CGU em todos os anos anteriores, só nesse ano, somando os anos anteriores”, afirmou o ministro da Controladoria-Geral da União (CGU), Vinicius Marques de Carvalho, em entrevista A Voz do Brasil desta segunda-feira (8/9).

O combate à corrupção tem que ser feito em escala nacional. E eu acho que a gente está conseguindo isso com muita tranquilidade, fazendo o nosso trabalho", afirmou o ministro.

Como é que o senhor avalia essa percepção e como é que a CGU colabora para combater esse crime? Esse tema é uma preocupação dos brasileiros e não é sem motivo. É preciso que a gente, como agentes do Estado brasileiro, nós estejamos muito atentos a tudo o que acontece envolvendo o uso dos recursos dos brasileiros, o uso dos recursos públicos de uma maneira geral. Na verdade, o que essa pesquisa revelou é que a população brasileira considera, 55% da população brasileira considera, 52% contra 44% considera o combate à corrupção no governo Lula melhor do que no governo Bolsonaro.

Isso, para nós, é muito relevante porque demonstra a ação do Estado brasileiro nessa área. E não é uma ação só da CGU, é uma ação de vários órgãos que trabalham nessa agenda. E, principalmente, o fato de que essa atuação de todos nós conectados permite, muitas vezes, fazer o combate à corrupção e o combate ao crime organizado.
Essa operação que a gente teve da Polícia Federal, da Receita Federal, alguns dias atrás, combatendo o crime organizado, atingindo o topo da pirâmide, asfixiando financeiramente e economicamente esses grupos, ela também é um revelador importante desses avanços no Brasil. O combate à corrupção tem que ser feito em escala nacional. E eu acho que a gente está conseguindo isso com muita tranquilidade, fazendo o nosso trabalho.

Esse ano, por exemplo, nós batemos recordes de operações em conjunto com a Polícia Federal. Fizemos mais de 40 operações com prejuízos apurados de mais de R$ 6 bilhões. Só para vocês terem uma ideia, isso é maior do que tudo o que foi apurado em termos de prejuízo em operações feitas pela CGU em todos os anos anteriores, só nesse ano, somando os anos anteriores.
Então eu acho que isso tudo é revelador do nosso trabalho e de um compromisso do presidente Lula de ter um Estado que funcione para a população brasileira, que garante serviços públicos e políticas públicas de qualidade para toda a população.

Agora, ministro, a gente tem visto nos últimos tempos os avanços na área social. Por exemplo, a gente acabou de noticiar aqui que o cadastro único, que a situação de pobreza no cadastro único caiu 25%. Como é que combater a corrupção pode colaborar com esse cenário? Qual é o papel da CGU nesse processo?

Vou dar um exemplo muito simples para vocês, que eu acho que é bem revelador desse tipo de interação que você acabou de mencionar. Nós fizemos uma auditoria no começo do nosso governo sobre o CadÚnico. Vocês estavam falando agora há pouco do CadÚnico aqui, que é o cadastro em que as famílias que têm direito a políticas sociais, enfim, políticas de renda, estão presentes e garantem que elas possam ter acesso.

Esse cadastro foi completamente desconstruído e desorganizado nos anos anteriores. Nós apuramos um prejuízo, por conta dessa desorganização, de mais de R$ 20 bilhões. Isso é um valor de praticamente quase dois meses de Bolsa Família.

Então, para vocês terem uma ideia da importância do cadastro único, do que ele interessa para todos nós. Então, aí a gente vê a relação entre o combate à fome e políticas sociais adequadas e o combate ao desvio de recursos públicos no Brasil. Porque a corrupção não é só uma questão de repressão.

Se a gente tem um cadastro mal estruturado, como o cadastro único, se a gente tem políticas sociais mal desenhadas, isso abre um espaço para fraude. E a fraude abre um espaço para corrupção. E a corrupção abre um espaço para o crime organizado.

Então, tudo isso está muito conectado. E a gente tem que garantir que essas políticas funcionem bem para que a gente consiga reverter esse tipo de problema, esse tipo de interrelação entre os sistemas.

Ministro, agora a gente vai falar sobre a fraude contra os aposentados e pensionistas do INSS. A CGU foi fundamental para ajudar a descobrir esse esquema, que vinha desde 2019, em que associações descontavam, sem autorização dos beneficiários, mensalidades de aposentados e pensionistas. O ressarcimento já foi feito a mais de 2 milhões de pessoas. O pagamento continua sendo feito?

Continua sendo feito. E nós não vamos parar até que todos os aposentados que tenham sido lesados e tenham se manifestado a respeito tenham sido ressarcidos. É muito importante deixar essa mensagem muito clara para toda a população brasileira. Esse esquema fraudulento vinha de muitos anos.

E foi o governo do presidente Lula que fez a investigação, que está responsabilizando os culpados e que está ressarcindo a população.

Agora, ministro, a responsabilização de quem cometeu essas fraudes, né? Como é que está esse trabalho?

Esse trabalho é feito pela CGU e também temos investigações da Polícia Federal. Na CGU, hoje, a gente tem praticamente 40 processos abertos contra essas entidades e empresas que atuaram nesse tipo de fraude.

Claro que cada entidade deve ter a sua responsabilidade individualizada. Você tem entidades que, por exemplo, são acusadas de corrupção. Tem entidades que são acusadas de terem feito descontos indevidos. Enfim, a gente tem todo o tipo de situação que a gente precisa analisar. Não estamos pré-julgando ninguém, mas é importante que isso aconteça. E essa responsabilização, vocês não tenham dúvida. A população pode ficar segura de que vai acontecer.

Ministro, e hoje? Está afastado o risco de golpes como esses acontecerem de novo? Os descontos foram interrompidos?

Os descontos estão interrompidos. Não há desconto em folha de pagamento de aposentados e pensionistas em função dessas entidades, em relação a essas entidades. Então, ninguém está sendo descontado hoje e esse desconto vai ficar suspenso. Ministro, na semana passada, a CGU pediu à Polícia Federal para investigar fraudes no seguro defeso, que é aquele seguro que é pago a pescadores durante o período de reprodução dos peixes. Por que foi feito esse pedido e como fica o trabalhador que recebe esse benefício? Esse é mais um exemplo da nossa atuação no enfrentamento a fraudes e, eventualmente, em decorrência dessas fraudes, enfrentamento à corrupção também e do compromisso do nosso governo.

Na verdade, o que a gente apurou, indo às cidades e fazendo auditorias, é que pessoas que hoje recebem, algumas delas recebem o seguro defeso, foram aliciadas por algumas entidades, de maneira inadequada, inclusive com uma cobrança de comissão para poder se cadastrar no seguro defeso. Isso é ilegal, isso não pode acontecer. E aí nós identificamos o risco de termos necessidade de investigações criminais, resolvemos encaminhar o caso à Polícia Federal e continuamos com as nossas auditorias para averiguar o que acontece.

E o trabalhador continua recebendo?

Não, aqueles trabalhadores, isso é importante deixar claro, as pessoas que têm direito ao seguro defeso, que é aquele seguro que é pago, é uma espécie de seguro de desemprego que é pago aos pescadores artesanais que vivem somente da pesca, vendem o seu pescado e não podem fazer durante o período de reprodução das espécies, é disso que se trata. Então, essas pessoas que têm direito a esse seguro, elas com certeza vão continuar recebendo.

Ministro, como é que os casos de corrupção são apurados no governo? São casos que são denunciados, a CGU faz pesquisas, como é que isso chega até vocês?

Nós fazemos auditorias em contratos, políticas públicas e, eventualmente, em questões de prestação de serviços públicos, como a gente mencionou agora há pouco.

E essas auditorias, eventualmente, podem revelar desvios, que podem decorrer de um problema de gestão daquele serviço, daquela política, ou podem decorrer de corrupção, por exemplo. Esse é um caminho que a gente utiliza e que, muitas vezes, pode gerar uma operação em conjunto com a Polícia Federal. Outros caminhos também são denúncias.

Acontecem denúncias, a população pode fazer denúncia, o Ministério Público faz denúncia, outros órgãos fazem denúncia. Às vezes, os próprios ministérios que gerem determinadas políticas pedem para a gente fazer análise de uma conduta específica para avaliar se não tem algum problema. Então, todos esses são caminhos que, muitas vezes, podem desembocar num caso a ser averiguado.
Então, a população também pode participar, né? Também pode participar. Nós temos o Fala BR, que é o caminho, digamos, mais comum, por meio do qual a nossa Auditoria Geral da União acaba recebendo essas denúncias e nós damos encaminhamentos a elas, encaminhamentos a essas denúncias. Inclusive, incentivo a população a fazer esse tipo de denúncia sempre que tiver contato com algum tipo de indício, enfim, ou de suspeita de corrupção.

E qual canal, ministro, para denunciar?

É o Fala BR. É só digitar Fala BR no Google, que aparece lá e pode denunciar.

Edição anterior (4000):
terça-feira, 09 de setembro de 2025


Capa 4000

Veja também:




• Home
• Expediente
• Contato
 (24) 99993-1390
redacao@diariodepetropolis.com.br
Rua Joaquim Moreira, 106
Centro - Petrópolis
Cep: 25600-000

 Telefones:
(24) 98864-0574 - Administração
(24) 98865-1296 - Comercial
(24) 98864-0573 - Financeiro
(24) 99993-1390 - Redação
(24) 2235-7165 - Geral