Astrônomo explica se objeto pode ser visto a olho nu
Mariana Machado - estagiária
Está passando pelo planeta Terra um cometa de longo período, que poderá ser visto aqui no Brasil. O cometa C/2023 A3 veio dos limites do sistema solar, para além de Plutão, da Nuvem de Oort, uma nuvem de gelo que envolve o Sistema Solar, e tem sido observado através de equipamentos de astrônomos que vêm acompanhando o objeto. O esperado é que a partir do dia 10 de outubro ele fique mais visível, com binóculos e talvez até a olho nu, dependendo do seu brilho e de sua cauda.
O coordenador-geral do Projeto EXOSS (organização colaborativa citizen science (ciência cidadã), sem fins lucrativos) e astrônomo, Marcelo de Cicco, tem uma estação de registro de meteoros em Petrópolis, e conta como ficará a visibilidade do cometa no país, e na cidade. Porém, antes disso ele explica que não há certeza de como o objeto se comportará.
“Se for o que estamos esperando, e ele parece que sobreviveu à sua volta na proximidade do Sol, isso é muito bom, ele vai desenvolver uma cauda bem grande em relação à Terra, porque ele está se aproximando. Então mesmo que ao pôr do sol, ele já vai se deitar abaixo do horizonte, então é possível que a gente assista a cauda dele se alongando pra cima do horizonte na direção do pôr do sol. Com muita sorte pode acontecer isso”, explica o astrônomo.
Por mais que ele venha sendo chamado de “Cometa do Século”, Marcelo considera tal apelido um pouco equivocado, pois “até agora nada indica que ele seja. Primeiro porque não chegamos nem na metade do século né, muito prematuro afirmarmos que será o cometa do século, tendo ainda 75 anos pela frente, acho pouco provável”, disse.
Por enquanto, ainda é difícil ver o cometa no céu, pois “À medida que ele fica mais brilhante, ele está mais perto do sol, o que atrapalha a visão dele, pois não é capaz de ver a olho nu um objeto que está muito próximo do sol. Enquanto ele faz essa volta no sol, a partir do dia 9 e 10 ele fica mais distante, ainda bem brilhante, porém inacessível a olho nu”.
A partir do dia 12 de outubro, deve ser o melhor momento para enxergar o objeto no céu. Marcelo explica que “A partir dos dias 12 a 20, ele vai ficar mais longe do sol, portanto à noite ele fica mais alto no céu, e fica visível, eu diria facilmente, com um binóculo. A olho nu você teria que ter um olho mais treinado para vê-lo no céu escuro. Mas se ele desenvolver mesmo essa cauda grande e ficar numa luminosidade de magnitude entre 1 e 2, que é o que estamos esperando, ele ficará visível a olho nu, mas é bom ir a algum lugar longe das luzes da cidade, para poder enxergá-lo”. O pesquisador afirma que o melhor horário para ver o objeto é à noite, após o pôr do sol.
O tamanho da cauda também é esperado que seja bem grande, cerca de 40 vezes o diâmetro da Lua, que tem meio grau, enquanto a cauda do cometa é estimada que seja de 20 graus. A cauda de um cometa é formada pela expulsão de gases e grãos de poeira quando ele se aproxima do Sol, o que deixa um rastro enquanto ele orbita em torno da estrela. Com isso, Marcelo explica que mesmo abaixo do horizonte, a cauda ainda pode ser vista no céu claro, que é o esperado pelo pesquisador.
“Mas isso ainda é muito longe de ser um Cometa do Século, como foi o Hale-Bopp (de 1995 a 1997), o West (1976) e o cometa Halley (que faz a sua passagem pelo planeta Terra a cada 76 anos em média, com o próximo previsto para 2061), esses são cometas do século. Este agora eu diria assim, um Cometa da Década”, conclui o astrônomo.
Veja também: