Psicólogo fala sobre como controlar os sintomas e melhorar a qualidade de vida dos pacientes
Emanuelle Loli - estagiária
O transtorno bipolar é uma condição de saúde mental caracterizada por alterações extremas de humor, variando entre episódios de euforia (ou mania) e episódios depressivos. Segundo a Associação Brasileira de Familiares, Amigos e Portadores de Transtornos Afetivos (ABRATA), o transtorno bipolar afeta cerca de 140 milhões de pessoas no mundo. Essas variações impactam diretamente a vida pessoal, profissional e social dos indivíduos, tornando essencial um tratamento contínuo para controle dos sintomas.
Em Petrópolis, de acordo com a Secretaria Municipal de Saúde, ao ser diagnosticado com o transtorno, o paciente é encaminhado para os psicólogos da atenção básica, do Ambulatório de Saúde Mental ou dos CAPS, conforme o grau de gravidade. Além disso, o paciente tem acesso aos medicamentos da relação municipal e também aos fornecidos pelo Governo do Estado do Rio de Janeiro.
Segundo o psicólogo e professor do curso de Psicologia da UCP, Carlos Henrique Gonçalves, a psicoterapia é essencial para reduzir a gravidade dos sintomas e aliviar o sofrimento causado pelas oscilações de humor. No processo terapêutico, o paciente aprende a identificar sinais de crises, adotar estratégias de enfrentamento e prevenir recaídas.
Existem vários tipos de psicoterapia, e o paciente pode escolher aquela com a qual se sentir mais confortável, desde que o profissional tenha experiência com o transtorno. No entanto, segundo o professor, as abordagens mais recomendadas são as Terapias Cognitivo-Comportamentais (TCC) e outras abordagens estruturadas que incluam psicoeducação e envolvimento da família. “Essas abordagens têm demonstrado maior eficácia na literatura científica”, afirmou.
O tratamento deve ser contínuo, sem interrupções, podendo envolver o uso adequado de medicação, psicoterapia regular e mudanças no estilo de vida, como manter uma rotina de sono saudável, praticar atividades físicas e evitar o uso de álcool e outras drogas.
Além disso, é comum que uma pessoa com transtorno bipolar, durante episódios de mania ou hipomania, interrompa o tratamento por acreditar estar bem. Contudo, essa atitude pode levar a novas crises.
“O transtorno bipolar é uma condição crônica, porém tratável. O acompanhamento regular é essencial para a manutenção do tratamento medicamentoso, para o monitoramento de sinais precoces de recaída e para o suporte emocional contínuo, contribuindo para a estabilidade do quadro e a melhora da qualidade de vida”, explicou Carlos.
Entenda os episódios característicos da doença
Segundo o professor, durante os episódios de mania, a pessoa pode se sentir energizada, eufórica, irritável, apresentar pensamentos acelerados, comportamentos impulsivos (como gastos excessivos), hipersexualidade e redução na necessidade de sono.
Já na fase depressiva, surgem sentimentos profundos de tristeza, falta de energia ou desesperança. Essas variações emocionais afetam significativamente a vida pessoal, profissional e social do indivíduo.
Ele explica que existem dois tipos principais de transtorno bipolar: Tipo I e Tipo II.
- O Transtorno Bipolar Tipo I é caracterizado pela ocorrência de pelo menos um episódio maníaco completo, que pode, inclusive, requerer hospitalização, geralmente acompanhado (antes ou depois) por episódios depressivos.
- O Transtorno Bipolar Tipo II envolve episódios depressivos graves alternados com episódios de hipomania, que é uma forma mais branda de mania, sem prejuízos funcionais graves.
“Há ainda a ciclotimia, considerada uma forma mais leve do transtorno, com oscilações de humor menos intensas, mas persistentes e crônicas”, concluiu.
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