Economista compartilha estratégias financeiras para iniciar o ano com organização
Bruna Nazareth - especial para o Diário
Com a chegada de um novo ano, é natural refletirmos sobre o período que passou e avaliarmos os hábitos que queremos manter ou mudar no futuro. Entre os objetivos principais para o próximo ano, a organização financeira é uma prioridade para muitos, reduzindo gastos, começando uma poupança ou economizando para alcançar um sonho.
Já no clima de planejamento para 2025, o economista Natale Papa orienta que o primeiro passo para quem deseja começar a criar uma reserva de emergência é fazer um diagnóstico financeiro detalhado. Esse processo começa com uma análise de todas as fontes de receitas e despesas monetárias, fixas e variáveis. Registrar esses dados no papel é essencial para entender exatamente onde vai cada centavo, identificando possibilidades de economia, mesmo que sejam valores pequenos no início.
“A partir dessa análise, o ideal é estabelecer um objetivo claro e realista para a reserva de emergência, como acumular o equivalente a um ou dois meses de despesas no primeiro ano. Criar o hábito de poupar é mais importante do que o valor inicial. Não importa quanto, mas comece e seja consistente. Para isso, automatizar transferências para uma conta separada, logo após o recebimento da renda, pode facilitar o processo. Ferramentas digitais e aplicativos financeiros podem ajudar no acompanhamento e no controle dos gastos, permitindo um planejamento mais eficiente”
Quanto guardar?
Uma dúvida comum é sobre o valor inicial para guardar na reserva de emergência. De acordo com o especialista, esse valor varia conforme o perfil financeiro e as necessidades de cada pessoa ou família. No entanto, a regra geral sugere acumular entre 3 a 6 meses de despesas essenciais. Para calcular esse montante, é necessário identificar os gastos indispensáveis, como moradia, alimentação, transporte e saúde. Essa reserva deve garantir um período de estabilidade caso as fontes de renda sejam interrompidas, oferecendo um tempo para se reorganizar.
“Por exemplo, se uma família tem despesas essenciais de R$ 4.000 por mês, uma reserva entre R$ 12.000 (3 meses) e R$ 24.000 (6 meses) seria adequada. Profissionais autônomos ou empreendedores, que possuem rendas mais variáveis, podem precisar de reservas maiores, enquanto trabalhadores com renda estável e benefícios, como FGTS ou seguro-desemprego, podem se sentir confortáveis com reservas menores pois tem mais segurança em suas fontes de renda. Além disso, a idade, o número de dependentes e a estabilidade da fonte de renda são fatores importantes. Famílias com crianças pequenas ou idosos sob cuidado devem priorizar reservas mais robustas para enfrentar imprevistos com segurança”, ressalta.
Estratégias
Para quem lida com um orçamento apertado, criar uma reserva exige tanta criatividade quanto disciplina, mas continua sendo necessária. Nesse sentido, o especialista sugere algumas estratégias, como:
Reduzir gastos supérfluos: pequenas mudanças no dia a dia, como limitar refeições fora de casa, evitar compras por impulso e renegociar contratos de serviços (internet, celular, TV a cabo), podem gerar economias mensais significativas;
Adotar desafios financeiros: como o "desafio das 52 semanas", no qual o valor poupado aumenta gradualmente toda semana, ou estabelecer metas semanais de economia;
Monetizar habilidades ou ativos: vender itens que não são mais usados ou oferecer serviços em horas vagas, como aulas, consultorias ou trabalhos manuais;
Priorizar o pagamento de dívidas: para quem tem dívidas com juros elevados, renegociar condições de pagamento e liquidar as pendências antes de iniciar uma poupança pode liberar mais espaço no orçamento para começar a reserva de emergência.
“O importante é criar um sistema que se encaixe no dia a dia e manter a constância, mesmo que os valores iniciais sejam pequenos. Comece como pode!”, aconselha.
Onde armazenar?
A decisão sobre como armazenar uma reserva de emergência para garantir segurança e acessibilidade em momentos de necessidade depende das preferências e do perfil de cada pessoa, considerando fatores como idade, nível de renda e estrutura familiar. O essencial é que essa reserva seja investida em instrumentos financeiros que ofereçam segurança (menos chance de perder dinheiro), liquidez (facilidade de acesso) e rendimento adequado, mesmo que modesto. Entre as opções mais recomendadas, o especialista destaca:
Caderneta de Poupança: embora seja uma opção básica, é segura e acessível, mas apresenta rendimentos baixos (0,5% ao mês + TR em cenários de Selic acima de 8,5%);
Tesouro Selic: títulos públicos federais que acompanham a taxa básica de juros (Selic), com baixo risco e liquidez quase imediata;
Fundos DI: fundos de investimento que aplicam majoritariamente em títulos de renda fixa pós-fixados, também são boas alternativas, desde que as taxas de administração sejam baixas;
CDBs com liquidez diária (minha opção preferida): certificados de Depósito Bancário emitidos por bancos, que oferecem rendimento superior à poupança e permitem resgate imediato. Seria o equivalente a emprestar dinheiro para os bancos.
“O principal, independente da escolha pessoal, é evitar investimentos de maior risco, como ações ou criptomoedas, é essencial para uma reserva de emergência, já que a principal função desse dinheiro é estar disponível em momentos de necessidade e não para especulação ou ganhos a longo prazo. A diversificação entre duas ou mais opções de baixo risco pode ser útil para equilibrar segurança e liquidez”, conclui.
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