Psicopedagoga compartilha orientações sobre a ansiedade de separação
Bruna Nazareth
Muitas crianças estão iniciando uma nova etapa escolar, seja começando na creche, ingressando no ensino fundamental ou avançando para o ensino médio. Para alguns pais, o primeiro dia de aula pode ser desafiador, especialmente para aqueles que estão lidando com o primeiro filho, já que, em algum momento a criança começará a frequentar a creche.
A adaptação é um processo que envolve tanto os pequenos quanto os pais, sendo um período de ajustes para toda a família. Para facilitar nessa transição, a psicopedagoga Viviane Leal compartilha algumas estratégias que os responsáveis podem adotar antes do primeiro dia, preparando emocionalmente a criança para essa nova fase, como:
- Visitas preventivas: Levar a criança para visitar a creche algumas vezes antes do início das aulas, permitindo que ela se familiarize com o ambiente e conheça os educadores.
- Conversas abertas: Falar sobre o que esperar na creche de uma maneira positiva, incentivando a curiosidade. Usar livros ou histórias que abordam o tema da creche pode ser útil.
- Brincadeiras simbólicas: Criar jogos em que a criança imite a rotina da creche, ajudando-a a entender o que acontecerá na nova fase.
- Estabelecimento de rotinas: Começar a implementar uma rotina de sono e alimentação semelhante à que terá na creche, ajudando na transição.
Como lidar com o sentimento de culpa?
É comum que os pais se sentem culpados ou angustiados ao deixar seus filhos na creche, mas esse é um sentimento normal. No entanto, é essencial lembrar que essa fase representa um momento importante de crescimento para os pequenos.
A psicopedagoga esclarece que os responsáveis podem lidar melhor com esses sentimentos através da auto-reflexão, onde estes devem reconhecer que a creche é uma experiência positiva e fundamental para a socialização e desenvolvimento da criança. Além disso, buscar apoio ao conversar com outros pais ou participar de grupos de apoio que discutem a transição para a creche, pode ser reconfortante. Manter o foco nas vantagens, lembrando das oportunidades de aprendizado e socialização que a creche oferece, também contribui para tornar esse processo mais tranquilo.
Duração das despedidas e reencontro
A despedida entre as crianças e os pais pode ser um dos momentos mais difíceis. Alguns pequenos choram, gritam e se agarram ao responsável, o que pode prolongar a separação. Por outro lado, há crianças que, movidas pela curiosidade e empolgação, se desprendem rapidamente e correm para a sala da creche sem olhar pra trás, enquanto os pais, tomados pela tristeza, acabam estendendo o momento, o que não é recomendado.
Despedidas prolongadas dificultam a adaptação. Sendo assim, Leal recomenda que o ideal é que sejam curtas, mas carinhosas. Um beijo e um "Até logo!" deve ser suficiente. Além disso, prolongar o momento pode intensificar a ansiedade, assim como fazer promessas difíceis de cumprir, como "Volto rapidinho".
Por outro lado, o reencontro no final do dia é aguardado com entusiasmo, e para que esse momento seja ainda mais positivo, a especialista sugere que o pai ou mãe sigam alguns passos, como:
- Celebrar o reencontro: Recebendo a criança com carinho, entusiasmo e fazendo perguntas sobre o dia dela.
- Criar rituais: Estabeleça um ritual de reencontro, como um lanche especial ou um momento de brincadeira, isso ajudará a reforçar a segurança emocional.
- Usar o momento para conversar: Esteja aberto para ouvir sobre o dia da criança, mostrando que você se importa e está lá para apoiá-la.
Buscar ajuda profissional
A ansiedade de separação é uma emoção normal em crianças pequenas, mas pode se tornar um problema quando esta é prolongada por muito tempo.
Em alguns casos, é possível observar comportamentos como, apego e choro excessivo, pesadelos, resistência em ir à creche, queda no rendimento escolar e dificuldade de socialização. Quando esses sinais surgem, é importante buscar o auxílio de um profissional, pois estes sinais podem estar relacionados ao Transtorno de Ansiedade de Separação (TAS), caracterizado pelo medo excessivo e prolongado de se separar das pessoas com que a criança tem apego. Um psicólogo infantil pode ajudar a avaliar a situação e oferecer estratégias adequadas.
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