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Congelamento de óvulos vem registrando aumento no país, mesmo com alto custo

“As mulheres estão priorizando as conquistas pessoais e profissionais, além de iniciarem a vida conjugal mais tarde”, diz especialista

Foto: Freepik
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Mariana Machado - estagiária

Cada vez mais, as mulheres estão priorizando suas conquistas e vivendo suas vidas, antes de pensar em casamento e filhos. Com isso, a solução encontrada por muitas delas para uma gravidez com mais chances de sucesso no futuro, é o congelamento dos óvulos, principalmente aquelas entre 30 e 35 anos. “Isso faz com que a maternidade seja adiada, levando a necessidade de estratégias que possam aumentar as chances de sucesso de gestar em outras faixas etárias”, explica a ginecologista Françoise Padula, especialista em Reprodução Humana.

A especialista conta que, hoje em dia, as mulheres têm “uma opção segura de preservação de sua fertilidade através do congelamento de seus óvulos ou de embriões, com seus parceiros ou com utilização de espermatozoides de bancos de sêmen. O importante é saber que a idade ideal para esse procedimento deve ser anterior aos seus 35 anos, pois, do ponto de vista reprodutivo, mulheres acima desta idade possuem óvulos cada vez menos saudáveis”.

De acordo com a ginecologista, “O congelamento de óvulos pode ser realizado por dois fatores principais, nos casos de doenças oncológicas que podem evoluir com perda da função ovariana, como nos casos de quimioterapia, por exemplo. Ou ainda por causas sociais, que serão determinadas, individualmente por cada paciente. Desejo de gestar mais tarde, falta do parceiro, prioridade profissional e assim por diante”.

O congelamento de óvulos por conta de doenças oncológicas pode ser realizado pelo SUS (Sistema Único de Saúde), antes do início do tratamento da doença. Já o congelamento por causas sociais é realizado somente na rede privada, e custa a partir de R$ 16,5 mil, de acordo com a médica. Por mais que seja um procedimento de custo alto, e não acessível a grande parte das brasileiras, o número de mulheres optando pela opção vem crescendo ao longo dos anos.

Segundo o Sistema Nacional de Produção de Embriões (SisEmbrio), da Anvisa, foram realizados em 2023, 56.821 ciclos de reprodução assistida, que são os procedimentos que vão desde o descongelamento dos óvulos ao nascimento do bebê, o que apresentou um crescimento de cerca de 35% em comparação a 2020, no qual foram registrados 41.586. Quanto aos embriões congelados, 2020 registrou 86.833 em todo o país, enquanto 2023 teve um total de 115.745, um aumento de quase 35% também.

Como ele é realizado justamente para conservar os óvulos mais saudáveis, há uma “data limite” para fazer o procedimento. A especialista explica que “quanto mais idade a mulher tem, menos óvulos de qualidade consegue produzir. Entendemos assim porque quanto mais jovem, melhores as chances de termos óvulos saudáveis”, logo, a idade ideal seria entre os 20 e 35 anos, “mas o quanto mais precoce melhor, ou seja entre 20 e 30 anos”.

Entretanto, não há nada que impeça o congelamento às pacientes acima de 35 anos, “Mas devemos entender que a criopreservação será mais bem sucedida nos casos em que o procedimento foi realizado precocemente”, pois “o número de óvulos para atingir o objetivo de gestação com um bebê em casa saudável será diretamente proporcional à idade da mulher”, explica.

A ginecologista explica que o procedimento é rápido, “A paciente passa por exames para avaliar sua saúde ginecológica e faz um estímulo hormonal por 10 a 15 dias, até a data da coleta de óvulos. No dia do procedimento é realizada a aspiração dos folículos por via transvaginal com a sedação da paciente, em ambiente cirúrgico, dentro da clínica de reprodução”.

Existe também a opção de congelar o embrião para os casais que querem filhos em um futuro próximo. A especialista explica que “Quando entendemos que a paciente não sabe quando irá gestar, optamos, geralmente pelo congelamento de óvulos. É importante entender que óvulos podem ser descartados a qualquer momento se a paciente não quiser mais filhos ou se já constituiu sua prole, já embriões, são bebês que pertencem ao casal”.

Questionada se o congelamento dos óvulos garante a gravidez, Françoise Padula ressalta que não, “Isso deve ser compreendido pela paciente. Estamos dando uma chance para ela, mas existem muitos fatores, muitas variáveis que podem prejudicar o processo. Idade paterna, condição de saúde da mulher, condição uterina e mesmo patologias ligadas ao gene desta paciente, que podem comprometer a saúde da prole constituída a partir daqueles óvulos coletados”.

No Brasil, há 192 Centros de Reprodução Humana Assistida (CRHA), com a maior parte localizada no Sudeste do país. O Estado do Rio de Janeiro conta com 15 CRHAs, entretanto, não há nenhum em Petrópolis. As informações sobre os CRHAs são de 2023.

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