Cuidados com queimaduras em festas juninas: O que fazer e o que evitar
Com o aumento dos riscos em época junina, especialista fala sobre os cuidados que se deve ter nesta época do ano
Foto: Divulgação
Emanuelle Loli - estagiária
As tradicionais festas juninas, comemoradas no meio do ano, costumam ser marcadas por danças e comidas típicas, além do uso de fogos de artifício e grandes fogueiras. Por esse motivo, essa época é muito favorável à ocorrência de queimaduras, seja pelo contato direto com chamas ou com líquidos quentes. Por isso, Patrícia Lefevre Schmitz, professora de clínica cirúrgica da Faculdade de Medicina de Petrópolis (FMP) explica como agir e prestar os primeiros socorros corretamente em casos de acidentes com queimaduras.
De acordo com o Ministério da Saúde, aproximadamente um milhão de casos de queimaduras são registrados por ano no Brasil, resultando em quase 20 mil mortes (19.772) entre 2015 e 2020. A professora destaca que o atendimento imediato é fundamental para reduzir os danos causados por uma queimadura. “A regra de ouro é resfriar a área afetada”, afirma.
De acordo com ela, os primeiros socorros são:
Resfriamento imediato: Coloque na área queimada sob água corrente fria (não gelada) por, no mínimo, 10 a 20 minutos. Pois ajuda a dissipar o calor, aliviar a dor e impedir que a queimadura se aprofunde. Se não houver água corrente, compressas úmidas e frias podem ser usadas, trocando-as constantemente.
Remover joias e roupas: Se possível e sem forçar, remova anéis, pulseiras, relógios e roupas apertadas que estejam próximas à área queimada, antes que o inchaço dificulte a remoção.
Cubra a queimadura: Após o resfriamento, cubra a queimadura com um pano limpo e seco, ou gaze estéril, pois assim protege contra infecções.
Analgesia (se necessário): Para dor leve a moderada, um analgésico comum (como paracetamol , dipirona ou ibuprofeno) .
Assim como os primeiros socorros, ela explica que existem algumas atitudes que as pessoas não devem fazer quando se queimar, pois podem, inclusive, acabar piorando as lesões e algumas ações podem causar infecções. São elas:
Não aplicar gelo diretamente: O gelo pode causar queimadura por frio e piorar a lesão.
Não usar produtos caseiros: “Esqueça pastas de dente, manteiga, pó de café, clara de ovo, óleos ou quaisquer outros produtos que não sejam para fins médicos. Eles não ajudam, podem contaminar a queimadura e dificultar o tratamento”, afirma.
Não estourar as bolhas: As bolhas formadas pela queimadura agem como uma barreira protetora contra infecções. Estourá-las aumenta o risco de contaminação.
Não tentar remover roupas aderidas à pele: Se a roupa estiver grudada na queimadura, não a puxe. Recorte a roupa ao redor da área queimada e procure assistência médica.
Não tocar na queimadura com as mãos sujas: Isso pode introduzir bactérias e causar infecção.
Não usar algodão diretamente sobre a lesão: O algodão pode soltar fibras e aderir à queimadura, dificultando a limpeza e o tratamento.
Dicas para as festas juninas
Para essas festividades, por muitas vezes tendo ligação com fogo, alguns cuidados a mais devem ser tomados. “As festas juninas, com suas fogueiras, balões e fogos de artifício, são um período de grande risco para queimaduras. A prevenção é a melhor forma de aproveitar a festa com segurança”, comentou.
Fogueiras: Manter uma distância segura da fogueira, especialmente crianças; Não pular a fogueira, mesmo pequena, não jogar álcool ou outros líquidos inflamáveis na fogueira.
Fogos de artifício: A médica aconselha a não soltar fogos de artifício em casa. “Deixe a manipulação de fogos de artifício para profissionais treinados e em locais apropriados e autorizados. Se for observar, mantenha uma distância segura, não manusear fogos de artifício que falharem, não apontar fogos de artifício para pessoas, animais ou imóveis, manter crianças longe de fogos de artifício”, diz.
Não soltar balões, além de ser crime, apresenta um enorme risco de incêndios e queimaduras e, potencial.
Cuidados especiais com as crianças
Crianças, especialmente bebês e crianças pequenas, são extremamente vulneráveis a queimaduras e suas complicações devido a algumas particularidades como a pele mais fina, maior superfície corporal em relação ao peso, sistema imunológico prematuro, e dificuldade de comunicação da dor e outros sintomas.
“Prevenção é a palavra-chave: A maioria das queimaduras em crianças é acidental e prevenível. Mantenha líquidos quentes fora do alcance, instale protetores em tomadas, cuidado com cabos de panela, verifique a temperatura da água do banho”, concluiu.