O valor do conjunto dos alimentos básicos aumentou em 10 das 17 capitais onde o DIEESE (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos) realiza mensalmente a Pesquisa Nacional da Cesta Básica de Alimentos. Entre março e abril de 2024, as elevações mais importantes ocorreram, pelo segundo mês consecutivo, no Nordeste: Fortaleza (7,76%), João Pessoa (5,40%), Aracaju (4,84%), Natal (4,44%), Recife (4,24%) e Salvador (3,22%). Já as reduções mais expressivas foram observadas em Brasília (-2,66%), Rio de Janeiro (-1,37%) e Florianópolis (-1,22%).
São Paulo foi a capital onde o conjunto dos alimentos básicos apresentou o maior custo (R$ 822,24), seguida pelo Rio de Janeiro (R$ 801,15), por Florianópolis (R$ 781,53) e Porto Alegre (R$ 775,63). Nas cidades do Norte e do Nordeste, onde a composição da cesta é diferente, os menores valores médios foram registrados em Aracaju (R$ 582,11), João Pessoa (R$ 614,75) e Recife (R$ 617,28).
A comparação dos valores da cesta, entre abril de 2023 e 2024, mostrou que 14 cidades tiveram alta de preço, com variações entre 1,49%, em Brasília, e 9,24%, em Salvador. As reduções foram registradas em Porto Alegre (-1,01%), Campo Grande (-0,68%) e Goiânia (-0,56%).
Nos quatro primeiros meses de 2024, o custo da cesta básica aumentou em todas as cidades, com destaque para as variações do Nordeste: Recife (14,72%), Salvador (14,14%), Natal (13,70%), Fortaleza (13,37%), João Pessoa (13,36%) e Aracaju (12,54%).
Com base na cesta mais cara, que, em abril, foi a de São Paulo, e levando em consideração a determinação constitucional que estabelece que o salário mínimo deve ser suficiente para suprir as despesas de um trabalhador e da família dele com alimentação, moradia, saúde, educação, vestuário, higiene, transporte, lazer e previdência, o DIEESE estima mensalmente o valor do salário mínimo necessário. Em abril de 2024, o salário mínimo necessário para a manutenção de uma família de quatro pessoas deveria ter sido de R$ 6.912,69 ou 4,90 vezes o mínimo reajustado em R$ 1.412,00. Em março, o valor necessário era de R$ 6.832,20 e correspondeu a 4,84 vezes o piso mínimo. Em abril de 2023, o mínimo necessário deveria ter ficado em R$ 6.676,11 ou 5,13 vezes o valor vigente na época, que era de R$ 1.302,00.
Cesta x salário mínimo
Em abril de 2024, o tempo médio necessário para adquirir os produtos da cesta básica foi de 109 horas e 54 minutos, maior que o de março, de 108 horas e 26 minutos. Já em abril de 2023, a jornada média foi de 114 horas e 59 minutos.
Quando se compara o custo da cesta com o salário mínimo líquido, ou seja, após o desconto de 7,5% referente à Previdência Social, verifica-se que o trabalhador remunerado pelo piso nacional comprometeu em média, em abril de 2024, 54,01% do rendimento para adquirir os produtos alimentícios básicos, e, em março, 53,29% da renda líquida. Em abril de 2023, o percentual ficou em 56,51%.
Comportamento dos preços dos produtos da cesta
O preço do feijão recuou nas 17 capitais, entre março e abril. Para o feijão tipo preto, coletado nas capitais do Sul, em Vitória e no Rio de Janeiro, as variações oscilaram entre -7,85%, em Porto Alegre, e -2,69%, em Vitória. Em 12 meses, houve elevação de preço em todas as cidades, com destaque para Florianópolis (17,31%) e Curitiba (15,45%). O tipo carioquinha, pesquisado no Norte, Nordeste, Centro-Oeste, Belo Horizonte e São Paulo, mostrou redução entre -6,40%, em Belém, e -0,98%, em Salvador, entre março e abril. Em 12 meses, todas as cidades registraram diminuição, a mais expressiva em Belém (-25,94%). A maior oferta dos grãos carioca e preto e os altos preços do varejo explicam as reduções em abril.
Entre março e abril, o preço médio do arroz diminuiu em 15 capitais. As variações oscilaram entre -6,87%, em Goiânia, e -0,33%, em Belo Horizonte. As altas ocorreram em Salvador (3,14%) e Natal (1,66%). Em 12 meses, todas as cidades tiveram elevação de preço, as maiores em São Paulo (30,68%) e Goiânia (30,27%). O avanço da colheita em algumas regiões, como Mato Grosso, Tocantins e Goiânia, contribuiu para o aumento da oferta do grão no varejo.
O preço do quilo da farinha de trigo diminuiu em oito capitais do Centro-Sul, onde é pesquisada e ficou estável em Brasília e Belo Horizonte. As principais retrações ocorreram no Rio de Janeiro (-4,11%), em Florianópolis (-3,27%) e Porto Alegre (-3,11%). Em 12 meses, as reduções oscilaram entre -20,36%, em Vitória, e -6,60%, em Brasília. O preço do trigo segue em queda no Brasil e, para obter o grão de qualidade, os moinhos tiveram que importar da Argentina.
Já a farinha de mandioca apresentou elevação de preço, entre março e abril, nas capitais do Norte e Nordeste, onde é pesquisada. À exceção de Salvador (0,50%), as capitais apresentaram elevações, com destaque para Natal (4,41%) e Aracaju (4,13%). Em 12 meses, Fortaleza (-11,52%), Natal (-3,94%) e Aracaju (-3,81%) registraram quedas. Entre as altas, a maior ocorreu em Belém (11,12%). A oferta restrita da raiz elevou o preço no varejo.
O valor do quilo da batata baixou em 8 das 10 capitais da região Centro-Sul, onde o tubérculo é pesquisado. As variações oscilaram entre -11,66%, em Vitória, e -0,88%, em Curitiba. As altas ocorreram em Belo Horizonte (4,05%) e Campo Grande (2,81%). Em 12 meses, todas as cidades tiveram elevação de preço, com destaque para Porto Alegre (57,58%), Florianópolis (47,76%), São Paulo (38,67%) e Curitiba (37,42%). Com a oferta estável e a menor demanda, o preço diminuiu no varejo.
O preço comercializado do tomate subiu em todas as capitais, entre março e abril, com destaque para as taxas verificadas em Fortaleza (44,39%) e João Pessoa (31,45%). Em 12 meses, o preço aumentou em todas as cidades e as taxas oscilaram entre 3,28%, em Porto Alegre, e 63,28%, em Natal. A menor oferta, devido ao fim da safra de verão, elevou os preços no varejo.
O custo do quilo do café em pó teve alta em todas as capitais. Destacaram-se as variações de Belém (9,71%), Aracaju (9,03%) e Vitória (5,43%). Em 12 meses, o preço médio caiu em 10 cidades, com taxas que oscilaram entre -12,76%, em Brasília, e -1,35%, em Campo Grande. Em outros sete municípios, houve alta, com destaque para Aracaju (9,50%), Belo Horizonte (9,35%), Fortaleza (8,99%) e Belém (7,78%). Os problemas no clima e na distribuição do grão produzido no Vietnã, devido ao conflito no Mar Vermelho, deslocaram a demanda de café para o Brasil, o que elevou as exportações e os preços internos do grão em pó.
O valor do quilo do pão francês aumentou em 14 cidades. Entre março e abril, as altas mais importantes foram registradas em Campo Grande (1,75%), Rio de Janeiro (1,64%) e Aracaju (1,49%). As quedas foram observadas em Porto Alegre (-1,82%), Brasília (-1,09%) e Florianópolis (-0,32%). Em 12 meses, 15 cidades tiveram alta, que oscilaram entre 0,30%, em Porto Alegre, e 6,08%, em Fortaleza. A dificuldade em obter farinha de panificação de qualidade é a razão da alta do preço do produto no varejo.
O preço do leite integral subiu em 13 das 17 capitais. Entre março e abril, os aumentos oscilaram entre 0,31%, em São Paulo, e 5,38%, em Belém. Em Vitória, o preço médio não variou, em João Pessoa (-3,11%), Fortaleza (-1,77%) e Goiânia (-0,19%), os valores caíram. Em 12 meses, o preço do leite aumentou 2,40%, em Belém, não variou em Fortaleza e diminuiu nas demais capitais, com destaque para Porto Alegre (-12,99%), Goiânia (-12,11%), Campo Grande (- 11,15%) e Belo Horizonte (-10,61%). A menor oferta no campo aumentou o preço do leite cru, com impacto sobre os preços no varejo.
Rio de Janeiro
Em abril de 2024, o custo da cesta básica da cidade do Rio de Janeiro apresentou uma queda em relação a março de 2024 de 1,37%, chegando a R$ 801,15, a segunda mais cara dentre as 17 cidades pesquisadas. Em comparação com abril de 2023, o valor da cesta aumentou 6,71% e nos quatro primeiros meses do ano, a variação foi de 8,47%.
Entre março e abril de 2024, seis dos 13 produtos que compõem a cesta básica tiveram aumento nos preços médios: o tomate (7,63%), o café em pó (1,95%), a manteiga (1,83%), o pão francês (1,64%), o leite integral (1,39%) e o óleo de soja (0,17%). O preço do açúcar refinado manteve-se estável. Outros seis produtos apresentaram queda de preço: a batata (-9,82%), a banana (-9,46%), o feijão preto (-5,76%), a farinha de trigo (-4,11%), o arroz agulhinha (-2,67%) e a carne bovina de primeira (-1,84%).
No acumulado dos últimos 12 meses, foram registradas elevações em oito dos 13 produtos da cesta: a banana (33,39%), o tomate (30,53%), o arroz agulhinha (27,03%), a batata (23,38%), o feijão preto (14,11%), o açúcar refinado (7,62%), o pão francês (3,98%) e a manteiga (3,74%). Apresentaram taxa negativa óleo de soja (-21,02%), farinha de trigo (-13,38%), carne bovina de primeira (-7,91%), leite integral (-5,97%) e
café em pó (-2,19%).
Em abril de 2024, o trabalhador do município do Rio de Janeiro, remunerado pelo salário mínimo de R$ 1.412,00, precisou trabalhar 124 horas e 50 minutos para adquirir a cesta básica e, em março de 2024, 126 horas e 33 minutos. Em abril de 2023, quando o salário mínimo era de R$ 1.302,00, o tempo de trabalho necessário foi de 126 horas e 52 minutos.
Considerando o salário mínimo líquido, após o desconto de 7,5% da Previdência Social, o mesmo trabalhador precisou comprometer, no quarto mês de 2024, 61,34% da remuneração para adquirir os produtos da cesta básica, que é suficiente para alimentar um adulto durante um mês. Em março de 2024, este percentual foi 62,19% e em abril de 2023, 62,34%.
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