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quarta-feira, 20 de agosto de 2025


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Custo da cesta diminui em 15 das 27 capitais brasileiras em julho

Foto: Pixabay
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Em 2024, a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) e o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (DIEESE) firmaram parceria para acompanhamento dos preços da cesta básica de alimentos, como contribuição à Política Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional e à Política Nacional de Abastecimento Alimentar. Um dos frutos da parceria é a ampliação da coleta de preços de alimentos básicos de 17 para 27 capitais brasileiras. A Pesquisa nas 10 novas cidades é realizada desde abril de 2025. Os primeiros resultados serão divulgados agora e referem-se a julho.

Em julho, o valor do conjunto dos alimentos básicos diminuiu em 15 capitais e aumentou em outras 12, de acordo com a Pesquisa Nacional da Cesta Básica de Alimentos, realizada mensalmente. Entre junho e julho de 2025, as quedas mais importantes ocorreram em Florianópolis (-2,64%), Curitiba (-2,40%), Rio de Janeiro (-2,33) e Campo Grande (-2,18%). Já as maiores altas ocorreram em capitais do Nordeste, a saber: Recife (2,80%), Maceió (2,09%), Aracaju (2,02%), João Pessoa (1,86%), Salvador (1,80%), Natal (1,44%) e São Luís (1,40%).

São Paulo foi a capital onde o conjunto dos alimentos básicos apresentou o maior custo (R$ 865,90), seguida por Florianópolis (R$ 844,89), Porto Alegre (R$ 830,41), Rio de Janeiro (R$ 823,59) e Cuiabá (R$ 813,48). Nas cidades do Norte e do Nordeste, onde a composição da cesta é diferente, os menores valores médios foram observados em Aracaju (R$ 568,52), Maceió (R$ 621,74), Salvador (R$ 635,08) e Porto Velho (R$ 636,69). A comparação dos valores da cesta, entre julho de 2024 e julho de 2025, mostrou que, para as 17 capitais onde é possível a comparação, ou seja, onde a Pesquisa já era realizada nesse período, houve alta de preço, com variações entre 2,03%, em Belém, e 19,52%, em Recife.

No acumulado do ano, ou seja, entre dezembro de 2024 e julho de 2025, entre as 17 capitais, também foi registrado aumento nos valores da cesta, com taxas que oscilaram entre 0,37%, em Goiânia, e 11,41%, em Recife.

Com base na cesta mais cara, que, em julho, foi a de São Paulo, e levando em consideração a determinação constitucional que estabelece que o salário mínimo deve ser suficiente para suprir as despesas de um trabalhador e da família dele com alimentação, moradia, saúde, educação, vestuário, higiene, transporte, lazer e previdência, o DIEESE estima mensalmente o valor do salário mínimo necessário. Em julho de 2025, o salário mínimo
necessário para a manutenção de uma família de quatro pessoas deveria ter sido de R$ 7.274,43 ou 4,79 vezes o mínimo reajustado em R$ 1.518,00. Em junho, o valor necessário era de R$ 7.416,07 e correspondeu a 4,89 vezes o piso mínimo. Em julho de 2024, o mínimo necessário deveria ter ficado em R$ 6.802,88 ou 4,82 vezes o valor vigente na época, que era de R$ 1.412,00.

Cesta x salário mínimo nas 27 capitais

Em julho de 2025, o tempo médio necessário para adquirir os produtos da cesta básica nas 27 capitais pesquisadas foi de 103 horas e 40 minutos, menor do que o registrado em junho, quando ficou em 104 horas e 03 minutos.
Quando se compara o custo da cesta e o salário mínimo líquido, ou seja, após o desconto de 7,5% referente à Previdência Social, verifica-se que o trabalhador remunerado pelo piso nacional comprometeu em média, nas 27 capitais pesquisadas em julho desse ano, 50,94% do rendimento para adquirir os produtos alimentícios básicos e, em junho, 51,13% da renda líquida.


Comportamento mensal dos preços dos produtos da cesta nas 27 capitais

Entre junho e julho de 2025, o preço do quilo da batata, coletado na região Centro-Sul, diminuiu em todas as 11 cidades. As quedas variaram entre -35,51%, no Rio de Janeiro, e - 16,35%, em São Paulo. A oferta elevada de batatas, devido à colheita da safra de inverno em várias praças, reduziu o preço no varejo.

O preço do quilo do arroz caiu em quase todas as cidades, exceto em Recife (0,65%). Destacam-se as variações registradas em Porto Velho, -7,15%; Palmas, -5,29% e Florianópolis, -5,04%. O volume de arroz importado superou o exportado. Entretanto, os preços oscilaram: em algumas regiões com maior oferta, houve reduções; em outras, com disponibilidade limitada, as cotações se elevaram.

O preço do feijão foi menor em 24 capitais, entre junho de 2025 e julho de 2025. O grão preto, pesquisado nos municípios do Sul, Rio de Janeiro e Vitória, apresentou queda nessas cinco cidades, as mais expressivas verificadas em Vitória (-6,94%) e Florianópolis (-5,23%).

Para o grão carioca, coletado nas demais capitais, foram observadas altas apenas em três localidades: Porto Velho (0,68%), Maceió (0,48%) e São Luís (0,33%). Já as diminuições variaram entre -4,33%, em Fortaleza, e -0,28%, em Aracaju. O excesso de oferta de grãos, devido aos resultados da colheita de 2024/2025, reduziu os preços no varejo. O valor do quilo do café em pó caiu em 21 das 27 cidades pesquisadas, entre junho e julho de 2025. As quedas mais significativas foram registradas em Belo Horizonte (-8,17%) e Teresina (-3,99%). Só seis cidades apresentaram aumento no valor médio, com destaque para Macapá (7,00%), Cuiabá (1,34%) e Boa Vista (1,12%). Apesar dos enxutos estoques nacionais e mundiais, o avanço da colheita e o consequente aumento da disponibilidade de café no Brasil têm pressionado as cotações para baixo. E os preços domésticos acompanharam as oscilações da commodity nas Bolsas de Nova York e Londres, diante da tarifação de 50% nas importações norte-americanas, o que gerou especulações quanto ao possível escoamento da safra brasileira.

O preço da carne bovina de primeira teve comportamento variado nas 27 cidades analisadas: houve aumento em 11 capitais, com destaque para Boa Vista (2,08%) e Salvador (1,80%). Foram registradas quedas em outros 16 municípios, a mais importante em Belém (-2,91%). Ao longo de 2025, a demanda externa por carne bovina tem sido intensa. O abate de animais foi mais lento e a os preços da carne caíram no Brasil, após o anúncio de 50% de tarifa para as exportações brasileiras para os Estados Unidos. No varejo, o produto apresentou redução no valor médio na maior parte das cidades.]

Houve queda no preço do quilo do açúcar em 22 das 27 cidades pesquisadas entre junho e julho de 2025. As principais reduções foram as de Florianópolis (-8,27%) e Belo Horizonte (-4,18%). Observou-se aumento em quatro localidades: São Luís (2,93%), Curitiba (1,56%),  Fortaleza (1,19%) e Boa Vista (0,96%). Em Natal, o preço não variou. A maior oferta mundial e a menor demanda tiveram impacto sobre o mercado do açúcar cristal, o que reduziu os preços no varejo.

Destaque na variação nos 12 meses, considerando as 17 capitais

A comparação nos 12 meses (julho de 2024 a julho de 2025) somente é possível para as 17 capitais onde o DIEESE já realizava o levantamento dos preços: Aracaju, Belém, Belo Horizonte, Brasília, Campo Grande, Curitiba, Florianópolis, Fortaleza, Goiânia, João Pessoa, Natal, Porto Alegre, Recife, Rio de Janeiro, Salvador, São Paulo e Vitória.

No acumulado de 12 meses, o preço da batata foi menor em todas as capitais, com percentuais que variaram entre -61,59%, em Belo Horizonte, e -41,78%, em Vitória. Para o arroz, houve diminuição nas 17 capitais. As quedas variaram entre 32,24%, em Vitória, e -14,73%, em São Paulo.

Já o preço do açúcar baixou em 13 das 17 capitais, com destaque para Natal (-11,42%) e João Pessoa (-10,63%). Observou-se aumento em quatro cidades: Vitória (0,28%), Rio de Janeiro (1,09%), Curitiba (1,11%) e São Paulo (4,58%).
O café em pó teve aumento em todas as 17 capitais. As elevações ficaram entre 66,29%, em Brasília, e 106,58%, em Vitória.

O preço da carne bovina de primeira subiu em todas as capitais e as altas ficaram entre 10,75%, em Belém, e 28,04%, em Fortaleza.

Rio de Janeiro

Em julho de 2025, o preço da cesta básica do Rio de Janeiro apresentou queda de 2,33% em relação a junho de 2025. Seu custo foi de R$ 823,59, a quarta cesta básica mais cara dentre as capitais pesquisadas. Em comparação com julho de 2024, a cesta acumula elevação de 8,70%. Na variação acumulada ao longo do ano, a cesta apresenta alta de 5,61%.

Entre junho de 2025 e julho de 2025, dez dos 13 produtos que compõem a cesta básica tiveram diminuição nos preços médios: a batata (-35,51%), o arroz agulhinha (-3,39%), o feijão preto (-2,90%), o leite integral (-2,73%), o tomate (-2,47%), a farinha de trigo (-2,34%), a manteiga (-2,31%), o café em pó (-1,11%), a carne bovina de primeira (-1,04%) e o açúcar refinado (-0,21%). Os outros três produtos apresentaram elevação de preço: a banana (5,22%), o óleo de soja (1,72%) e o pão francês (0,05%).

No acumulado dos últimos doze meses, foram registradas elevações em oito dos 13 produtos: o café em pó (90,89%), o tomate (49,42%), a carne bovina de primeira (24,82%), o óleo de soja (21,94%), a manteiga (10,28%), o pão francês (3,82%), a banana (3,23%) e o açúcar refinado (1,09%). Apresentaram diminuição de preços a batata (-60,91%), o feijão preto (-26,48%), o arroz agulhinha (-23,98%), a farinha de trigo (-9,51%) e o leite integral (-1,78%).

No acumulado do ano, ou seja, entre dezembro de 2024 e julho de 2025, seis produtos registraram alta: o tomate (101,38%), o café em pó (55,26%), a manteiga (3,43%), o pão francês (2,46%), a carne bovina de primeira (1,82%) e o açúcar refinado (0,22%). O preço médio do leite integral manteve-se estável. Os seguintes produtos apresentaram queda de preço: o feijão preto (-30,17%), o arroz agulhinha (-22,91%), a batata (-22,33%), o óleo de soja (-11,02%), a
banana (-4,48%) e a farinha de trigo (-2,72%).

Em julho de 2025, o trabalhador do Rio de Janeiro remunerado pelo salário mínimo de R$ 1.518,00 precisou trabalhar 119 horas e 22 minutos para adquirir a cesta básica. Em junho de 2025, o tempo de trabalho necessário havia sido de 122 horas e 13 minutos. Em julho de 2024, quando o salário mínimo era de R$ 1.412,00, o tempo de trabalho necessário era de 118 horas e 03 minutos.

Considerando o salário mínimo líquido, após o desconto de 7,5% da Previdência Social, o mesmo trabalhador precisou comprometer, em julho de 2025, 58,65% da sua renda para adquirir a cesta. Em junho de 2025 esse percentual correspondeu a 60,06% da renda líquida e, em julho de 2024, a 58,01%.

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