Bruna Nazareth
Umas das visões sobre os brechós é que, por meio das roupas, você pode viajar no tempo e encontrar peças que hoje em dia já não estão disponíveis. Porém esse lugar não serve apenas para reviver o passado, muitos deles trazem itens que estão em alta na moda, mas com preços bem mais acessíveis.
O Bazar Móvel, nome dado pelos próprios clientes, tornou-se popular na cidade através de um carro vermelho. Para complementar a renda familiar, Fernanda Aimée sugeriu que sua mãe, Patrícia Sá, colocasse as roupas que não usava, mas que ainda estavam em bom estado, dentro de um carro e vendesse pelas ruas de Petrópolis.
“A primeira rua que paramos foi na conhecida Rua da Feira, e deu super certo! O carro vermelho da minha mãe começou a ficar bem conhecido. Na época, não era comum ter loja no Instagram, mas abrimos um perfil para o bazar com um outro nome, era "Bazartwocool”. Mas, as próprias clientes começaram a chamar de Bazar Móvel. O nome pegou e a gente abraçou a ideia. O negócio começou a crescer, e fomos um dos primeiros brechós de Petrópolis”
Com o tempo e o aumento da demanda de clientes, a mala de roupas no carro se transformou na loja dos sonhos. Nos dias atuais, o brechó reflete o gosto pessoal da dupla e também do público. Elas entendem que as pessoas são diferentes e que a beleza está justamente nisso. Por isso, priorizam o que os clientes estão pedindo.
“O momento que a gente percebeu que "agora é sério", foi quando eu tinha terminado a faculdade e estava dando aula de inglês, tínhamos aberto a nossa primeira loja. Minha mãe estava aposentada e nós procuramos o Sebrae, a gente começou a entender tudo para se formalizar no MEI. Eu tomei coragem de largar meu emprego de professora pra viver 100% do brechó. Foi em janeiro, dois meses antes da pandemia. Isso deu muito medo, mas foi a melhor decisão, porque amo muito garimpar preciosidades para as nossas clientes”, compartilha Aimée.
Desafios não são obstáculos
Em muitas situações, os desafios podem dominar os pensamentos e atitudes, fazendo com que acreditemos que nada dará certo. No entanto, para essa dupla incrível, as dificuldades se tornaram oportunidades.
Quando a pandemia surgiu, Fernanda e sua mãe ficaram preocupadas, mas, em vez de desistir, pensaram em uma alternativa: retornar com o bazar móvel. Elas passaram a levar as roupas até as pessoas da cidade, seguindo todos os protocolos de segurança, o que as mantiveram firmes, mesmo nos momentos difíceis.
“Isso é muito natural nosso, acho que é sem perceber que a gente encara as situações de boa. A pandemia, por exemplo, foi desafiador. Com o medo de ter um aluguel pra pagar e sem poder abrir a loja. Mas demos a volta por cima, evocando nossas origens! Cada vez que mudamos de loja também foi um dilema, porque eu tenho medo de arriscar, mas a minha mãe é super pé no chão e me anima muito”
O que deveria ter sido um desafio, acabou fazendo com que o Bazar Móvel crescesse e se tornasse cada vez mais conhecido. Apesar de ter “Bazar” no nome, o negócio é considerado um brechó. E atualmente, está localizado na Rua Dezesseis de Março, 158 - sobreloja, em Petrópolis.
Uma nova alternativa
Caminhando pelos cantos de Petrópolis, é possível encontrar brechós e bazares de qualidade.Eles se tornaram a opção ideal para quem busca estilo e preços acessíveis, sendo esse um dos principais motivos pelos quais as pessoas recorrem a esse comércio.
“A cidade evoluiu bastante, hoje em dia existem diversas alternativas e as pessoas estão mais abertas! Quando começamos, tinha muita gente que falava que nunca comprou em brechó, que éramos as primeiras que eles estavam confiando. Acho que desmistificamos aquela coisa do bazar só ter coisa feia e ruim. E abrimos portas para muitos outros brechós que surgiram na cidade”, frisa Aimée.
Escolha das peças
Quem pensa que brechó só tem roupa antiga, pode esquecer essa ideia. O Bazar Móvel busca trazer peças que seguem as principais tendências, e que sejam utilizadas no dia a dia do consumidor. Por isso, além de receber peças, a equipe viaja por diversos estados do Brasil e até para outros países, garimpando e se inspirando em modelos de negócio para oferecer estilos variados e modernos.
A curadoria é feita com muito cuidado, cada item precisa estar em perfeito estado de conservação para ir para as araras. Isso não significa que a roupa precisa ser nova, mas sim ter um bom aspecto e estar em condição para o reuso.
“Hoje em dia nosso estilo é mais atual, nossas clientes nos procuram querendo tendências, roupas que estão em alta, mas por preços acessíveis. Então peças que já estão fora dessa linha, a gente recusa. Exemplo: a calça de cintura baixa tem pouquíssima aceitação entre as nossas clientes, então não selecionamos mais”, compartilha.
Entre as peças mais inusitadas que já foram vendidas estão itens de origem japonesa, que costumam chamar bastante a atenção dos clientes do Bazar Móvel.
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