Documento oficial foi divulgado no início do ano pela vereadora Júlia Casamasso e apontou que estruturas de atendimento à população não estavam preparadas em caso de chuvas fortes e novo desastre socioambiental
Ascom Júlia Casamasso
Os últimos dias foram marcados por mais uma tragédia em Petrópolis. As fortes chuvas que atingiram a cidade desde a sexta-feira (22) resultaram em mais de mil registros de ocorrências como deslizamentos de terra, quedas de árvores e de barreiras, ruas cederam, alagamentos em várias vias e casas que desabaram. Em um dos desabamentos, quatro integrantes de uma família morreram, com exceção de uma menina de quatro anos, que foi resgatada sem ferimentos graves após 16 horas debaixo dos escombros.
Devido aos riscos provocados pelo temporal, centenas de pessoas deixaram suas casas e se deslocaram para pontos de apoio para garantir sua segurança. Porém, além de todo o sofrimento e incerteza, muitos moradores precisaram passar a noite em pontos de apoio que, como denunciado pela vereadora Júlia Casamasso, em janeiro, não estavam prontos para atender suas necessidades e receber a população de maneira adequada .No ano passado, a vereadora Júlia, representante da Coletiva Feminista Popular e presidente da Comissão Especial de Fiscalização dos Pontos de Apoio, realizou vistorias em 64 dos 67 pontos de apoio da cidade e, a partir dessas avaliações, desenvolveu um relatório com os principais problemas identificados nas unidades.
O que avaliamos, ao longo do trabalho da nossa comissão no ano passado, é que os locais escolhidos como pontos de apoio, em sua maioria, não estavam prontos previamente para receber a população assim que fossem abertos. Apresentamos ainda sugestões de medidas para adequá-los para o acolhimento das pessoas de forma digna e segura. Porém, ao longo do fim de semana, recebemos diversas denúncias de moradores sobre a falta de estrutura dos pontos de apoio. Em alguns locais não havia, por exemplo, cadeiras suficientes para todos, colchões, cobertores, energia elétrica, kits de higiene e até mesmo alimentos. Isso só confirma o que já havíamos constatado durante as fiscalizações e nada mudou. É um absurdo que em um momento como esse as pessoas precisem se abrigar nos pontos de apoio e demorem horas para ter acesso ao básico! Ter um equipamento estruturado desde o momento de sua abertura é fundamental para que a população seja acolhida com dignidade e tenha adesão às orientações para sair de sua casa e ir até o ponto de apoio próximo, destaca Júlia.
A garantia de insumos necessários para abertura dos pontos de apoio é uma das principais demandas do mandato da vereadora e um dos tópicos debatidos no relatório. Caso houvesse interdições das vias, como nas chuvas de 2022, os moradores alocados nos pontos de apoio não receberiam os colchões, os alimentos, a água e outros itens fundamentais para sua permanência no local.
A vereadora e sua equipe trabalharam desde a sexta-feira (22) realizando fiscalizações e atendendo as demandas da população para tentar minimizar os problemas provocados pelas fortes chuvas. A prioridade sempre é garantir a segurança da população, mas também proporcionar a essas pessoas que saíram de suas casas, em um momento de emergência, um acolhimento digno e de conforto.
Nós fizemos todas as cobranças necessárias para que o poder executivo estruturasse os pontos de apoio criando protocolos de abertura e estabelecendo medidas específicas para atendimento da população, escolhendo ainda locais adequados para atender a todos, principalmente pessoas com mobilidade reduzida ou com algum tipo de deficiência. Infelizmente, o que constatamos, novamente, é que nada foi feito e o governo segue repetindo erros e deixando de priorizar a população, reforça a parlamentar.
Na tarde desta terça-feira (26), a vereadora visitou novamente o ponto de apoio do bairro Independência onde, até o momento, 95 pessoas estão alocadas e aguardando um posicionamento do poder executivo se irão permanecer no local ou não. Uma decisão judicial determinou que o governo tem 48h para estabelecer um espaço específico como abrigo para esses moradores que ainda não podem retornar para suas residências.
Esse é outro problema que estamos cobrando uma solução por parte do executivo municipal desde o ano passado. Fizemos uma fiscalização junto ao deputado estadual Yuri Moura, no prédio da Floriano Peixoto, escolhido para ser transformado em abrigo e, que até hoje, está em obras. Aguardamos a conclusão da reforma desde 2022, sempre com a promessa da prefeitura que irá entregar as unidades o quanto antes. A última previsão era de que o imóvel estaria pronto para abrigar a população, em caso de emergência, ainda neste mês de março. Passamos agora por outra tragédia devido às chuvas e a população é quem sofre com o contínuo descaso do governo, aponta Júlia.
A vereadora aprovou em primeira discussão, no dia 20 de março, um Projeto de Lei que institui a Política Municipal de Pontos de Apoio para atendimento da população em situações de emergência e desastres socioambientais em Petrópolis, com diretrizes para a gestão, necessidades básicas e funcionamento dos pontos de apoio. Além disso, a parlamentar reforça a importância do investimento em prevenção e que o executivo municipal tem que estar preparado em caso de novas chuvas.
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