Parlamentar falou sobre as emendas que destinou a Petrópolis
Mariana Machado estagiária
A deputada federal Jandira Feghali esteve em Petrópolis, nessa sexta-feira (21), com a Ministra da Ciência, Tecnologia e Inovação, Luciana Santos, para realizar uma visita técnica ao Supercomputador Santos Dumont, e conhecer o estágio de desenvolvimento do laboratório, uma vez que a meta e a perspectiva do Ministério e do governo federal é instalar, em Petrópolis, o supercomputador para o Plano Brasileiro de Inteligência Artificial, e ser baseado exatamente no LNCC (Laboratório Nacional de Computação Científica).
Após a vistoria, a deputada fez uma visita ao Diário de Petrópolis e aproveitou para falar sobre emendas direcionadas ao município, e sobre a presença do Partido Comunista do Brasil (PC do B), na cidade. Esteve presente também a vereadora do partido, Professora Lívia Miranda.
Diário de Petrópolis: Quais são as emendas direcionadas para a Petrópolis, na Saúde e na Cultura?
Jandira Feghali: Há muitos anos eu faço emenda parlamentar para cá e é bom nesse momento dizer que as emendas estão no alvo das notícias como se todas as emendas fossem um problema de corrupção. É bom dizer que isso existe, mas que não é generalizado. As minhas emendas têm sempre uma destinação muito clara e são muito visíveis também para a sociedade. Então, no caso de Petrópolis, eu fiz muitas emendas para o Alcides Carneiro, para a reforma de atualização do hospital. Com a minha emenda, foi feito um ônibus itinerante para cuidar da violência contra a mulher. Agora eu fiz uma emenda de mais de 2 milhões para colocar uma Unidade Básica de Saúde no Alto da Serra. Tem uma emenda que coloca um Laboratório de Capacitação de Ciência e Tecnologia, no Alto Independência. Eu fiz emenda para reabrir também o Theatro Dom Pedro, para ajudar na reforma de reabertura do equipamento.
DP: De que forma a senhora e a bancada do Rio na Câmara dos Deputados podem ajudar Petrópolis a mitigar problemas históricos da cidade com as chuvas?
JF: Existem projetos que tramitaram e foram aprovados, o importante é que os prefeitos cumpram as decisões da legislação. Ela vinha em cumprimento na gestão anterior, vamos ver como o prefeito agora vai se desenvolver no campo da norma e da obrigatoriedade legal, que mexe com o estatuto da cidade, olhando exatamente para a prevenção, no campo das encostas, da drenagem. São leis que existem. Eu fui com um ex-prefeito, com o Rubens Bomtempo, na Casa Civil, que estava trabalhando o PAC das encostas, onde nós apresentamos os projetos levados pela prefeitura. E fui também ao ministro da Infraestrutura, exatamente para trabalhar também projetos que a Defesa Civil de Petrópolis encaminhou para o Governo Federal. Marquei as reuniões e acompanhei, no sentido de trazer recursos para cá para evitar a morte das pessoas em qualquer situação de chuva intensa ou de deslizamento.
Lívia Miranda: É importante dizer também da iniciativa do Ministério de Ciência e Tecnologia, o GeoRisk, que vai antecipar em 72 horas o desastre que pode haver na cidade. Ele aprimora o trabalho do CEMADEN, que hoje informa com 24 horas, e agora vai informar com 72 horas. Dá muito mais tempo de você avisar a comunidade, preparar, tirar as pessoas de áreas de risco.
DP: Além disso, de que formas podem colaborar com a questão habitacional? Uma vez que, segundo uma pesquisa realizada em janeiro deste ano pelo Departamento de Recursos Minerais (DRM-RJ), 10 bairros de Petrópolis seguem com risco elevado de deslizamentos de terra. Com o GeoRisk, esses moradores teriam 72 horas para se deslocar, mas para onde?
JF: Primeiro, eu queria pegar a premissa de que essas pessoas não deveriam mais estar em áreas de risco. Começa por aí, que é o que eu digo de cumprir a legislação da área de desenvolvimento urbano. As pessoas precisam morar em lugares que não têm risco de deslizamento, desabamento e de queda. Esse é o primeiro ponto. Por que esses projetos de moradia popular que tiram as pessoas da área de risco ainda não estão plenamente apontados? Isso entra na questão do PAC de encostas. Uma das coisas é a construção de moradias para as pessoas que estão em áreas de risco. Eu tenho que fazer um projeto de cidade em que as pessoas não precisam morar em áreas de deslizamento e com risco de perder a vida. Em segundo, em todo lugar que tem alerta, em geral, você tem a área para onde essas pessoas se dirigem. Então, as pessoas que recebem alerta já sabem para onde tem que se dirigir. Às vezes é uma escola, uma igreja, mas nessas áreas que são mapeadas pelo Poder Público, a comunidade é orientada a correr para a área de segurança.
DP: Como o partido visa aumentar a participação na cidade, e o que já tem sido feito?
LM: O que a gente pensa é fazer entrega para as pessoas, mostrar que o mandato de uma comunista na Câmara tem um compromisso total de garantir, por exemplo, a tarifa zero, que implica na mobilidade urbana. O trânsito de Petrópolis está de uma maneira tão prejudicada que a gente entra no ônibus, no carro, e a maior parte do tempo fica parado. Defender também uma educação inclusiva. Hoje, a gente está sentindo nas escolas do município falta de cuidadores, de mediadores, a gente tem um projeto de lei que está tramitando na Câmara para garantir que os cuidadores dos estudantes com deficiência tenham uma continuidade de um ano para o outro, para que, desde o primeiro dia letivo, esses mediadores escolares estejam ali acompanhando as crianças. Então, a gente pensa em uma atuação política que tem calçado na vida real das pessoas, o que as pessoas têm necessidade.
JF: Essa questão da tarifa zero, ela é uma coisa que define, muitas vezes, se a pessoa consegue trabalhar ou não, ou se ela até consegue procurar emprego ou não. Porque um desempregado não tem dinheiro para passagem, então ele não consegue sequer circular para procurar emprego. Então, a tarifa zero, que já é uma experiência em várias cidades, ela muda a vida das pessoas.
DP: Por fim, qual é a principal importância de ter mulheres na política, tanto para o país quanto para a cidade? Uma vez que, na cidade, são 12 vereadores e 3 vereadoras.
JF: No Parlamento Brasileiro, são 513, destes, só temos 90 mulheres. Você vê que a proporção é absurda. Eu acho que é um problema cultural, que sempre foi levado à sociedade que nós somos incompetentes. A ciência, muitas vezes, disse que temos um cérebro menor. E que nós não temos estabilidade emocional. Esse papo é muito antigo. E a gente vem provando que não é assim.
Quando as mulheres, que são quase 52% da população, não tem representação, as nossas pautas não acontecem. E as nossas pautas não são específicas. Nós temos pautas que têm a ver com a economia, trabalho, racismo, saúde, educação, mas se nós não estivermos lá, essa ótica de gênero não vai aparecer. Só surge quando a gente está. Então, a Lei Maria da Penha acontece porque a gente está. Salário igual para trabalho igual acontece porque essa pauta é levantada. A questão da educação sem discriminação de gênero só acontece porque a gente está lá.
LM: E, na medida em que a gente ocupa esse espaço, outras meninas também vão vendo que esse espaço é para ser ocupado. Seja na política, na ciência, nas áreas que são, por tanto tempo, ocupadas apenas pelos homens. E cada vez mais que a gente ocupar esse lugar, a gente vai abrindo portas para outras meninas e mulheres chegarem também, fincarem seus pés na política. Você veja que na militância tem muita mulher. A bancada do PCdoB hoje, tanto estadual como federal, é total de mulheres.
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