Em visita ao Diário de Petrópolis, Alexandre Knoploch fala sobre seu segundo mandato
Mariana Machado estagiária
O deputado estadual Alexandre Knoploch, do Partido Liberal (PL), visitou o Diário de Petrópolis, nessa sexta-feira (16), e falou sobre seu segundo mandato e sobre suas visões e entendimentos a respeito da Cidade Imperial. O mandato do deputado, segundo ele, é focado na segurança e na defesa de políticas conservadoras. Ele ressalta que algo que o incomoda muito é a questão do desenvolvimento econômico do município.
“Não é normal a gente, numa cidade como Petrópolis, estar discutindo temas que eram para terem sido discutidos nos anos 90. A gente está em 2025, o mundo está falando de outras coisas. Não dá para ainda estar discutindo, por exemplo, obras de contenção em caso de inundações. Petrópolis tem que estar, até pela sua história, como uma das protagonistas do Rio de Janeiro, inclusive na arrecadação de receita, e não está porque uma série de fatores fizeram chegar a essa situação. Tenho um grande amigo que diz, antes tarde que mais tarde. Mesmo que seja tarde, ainda há tempo de se fazer algo”, comenta.
Além disso, o deputado acredita que “quando nós chegarmos ao momento em que todos estiverem ambientados com a inteligência artificial, por mais que doa, será um momento melhor do que o atual”.
Diário de Petrópolis: Qual sua relação com Petrópolis?
Alexandre Knoploch: A relação que eu tenho com Petrópolis é a relação que qualquer fluminense deveria ter. Primeiro, assim como a capital, Petrópolis tem uma importância, não só histórica, mas econômica para o estado do Rio de Janeiro. Infelizmente, a gente percebe que algumas coisas não andaram como deveriam, principalmente na questão de infraestrutura, mas tenho boas lembranças da minha infância aqui, e também na vida adulta.
Infelizmente, a outra lembrança que vem é a tragédia que aconteceu aqui. Lembro-me que, assim que aconteceu eu subi para cá junto com a Secretaria de Assistência à Vítima, e é uma imagem da cidade destruída que eu não vou esquecer. Essas duas lembranças vêm muito à baila e, tanto numa questão de ficar consternado como uma questão de lembrança infantil, a gente acaba criando um carinho muito grande pela cidade.
DP: Na sua opinião, qual a principal dificuldade enfrentada por Petrópolis quanto às chuvas?
AK: Eu acho que Petrópolis tem um problema que é conhecido nessa questão das chuvas, um problema muito comum no Brasil, de modo geral. Infelizmente, os governantes têm uma tese de fazer obra apenas naquilo que tem visibilidade, obras em galerias e encostas. Toda questão que é necessária para extravasar a água acaba ficando oculta para as pessoas. E isso não dá voto. Então, essa cultura faz com que Petrópolis, assim como outras, acabe tendo obras, talvez boas, mas que por si só bastam. Existe uma complexidade urbanística e de obras para que você consiga, de fato, sair desse medo permanente. Toda vez que chove, o petropolitano se pergunta se vai acontecer de novo.
DP: Tem mais alguma obra que o senhor considera que deveria ser feita com maior urgência?
AK: A gente tem um problema hoje em Petrópolis na questão de mobilidade, que é chegar ao município. Não é aceitável que nós vejamos essa concessão da rodovia da forma que nós vemos. Por mais que ela seja uma concessão federal, ela está dentro do território fluminense. E é preciso, sim, que tanto a Aerj como o governo se coloquem, não só à disposição, mas se coloquem como uma das vozes prioritárias nessa questão.
E também pensar numa nova matriz econômica para Petrópolis. Nós temos as matrizes tradicionais, mas o fato é que a gente teve uma mudança, tanto de pensamento das pessoas, como no mindset de compra. O mercado se moderniza e se atualiza. Com a inteligência artificial por si só, muitas profissões vão morrer e isso é um fato. Talvez num futuro bem próximo a gente possa ter uma máquina pensando o que a sociedade, no modo geral, quer saber. E quanto aos políticos, a mesma coisa. Diga-se de passagem, quando chegar isso, vai ser muito melhor para a sociedade. Mas enquanto isso não chega, nós temos que nos preparar, e é isso que eu acho que Petrópolis precisa fazer. São temas que para muitos políticos são irrelevantes, pois a priori não consegue se enxergar isso como voto. A gente tem que pensar que a prioridade não pode ser voto, e sim deixar um legado para a sociedade fluminense.
DP: Sobre a subida da serra, agora com a nova concessão da BR-040, de que formas, tanto o senhor como o Estado, irão acompanhar a obra?
AK: A gente hoje vê a Agência Nacional de Transporte Terrestre, o DNIT (Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes) e todas as outras estruturas do Governo Federal, bem como as estruturas do Estado, se falando muito pouco. A gente precisa que as partes se falem. E eu falo que o problema sempre está na ponta, quem sabe qual é o problema é o usuário. Por isso que a gente fala que o morador procura o vereador, então, a gente precisa ouvir eles. E acho que, tanto na Comissão de Transporte, como sentar junto ao Governo Federal e pedir um assento na cadeira, de tal forma que a gente consiga, inclusive através de um convênio, que poderia ser do Governo Federal com a Agetransp (Agência Reguladora de Serviços Públicos Concedidos de Transportes Aquaviários, Ferroviários e Metroviários e de Rodovias do Estado do Rio de Janeiro), de fiscalizar o consórcio. Eu acho que esse é o caminho.
DP: Qual a importância do programa Reconstruir Petrópolis, que atualmente beneficia 681 negócios petropolitanos.
AK: Eu não acredito que seja um programa estruturante para Petrópolis. A gente tem que, de fato, pensar em Petrópolis como uma concepção macro. Petrópolis teve um ganho, que foi fazer parte da região metropolitana, o que traz mais recursos para o município. Isso a coloca à disposição do Instituto Rio Metrópole, que é um instituto que tem recursos para isso. E vejo, inclusive, Petrópolis utilizando muito pouco essa ferramenta. A gente vai discutir agora, na Alerj, a questão da repartição dos royalties para as cidades, e Petrópolis tem que entrar nessa discussão de forma firme. Eu não tive ainda contato com o prefeito de Petrópolis, mas ele precisa urgentemente criar um comitê para monitorar isso e fazer parte desse debate. Porque, na política, quem mais perturba acaba levando mais. Então, se você, às vezes, acaba não adentrando tanto no assunto, acaba ficando de fora e o maior prejudicado é o petropolitano.
DP: O senhor é autor da Lei do Cordão de Girassol, que identifica pessoas com deficiências ocultas. Quais medidas considera importantes para a inclusão das pessoas com deficiência, não só no estado, como no Brasil inteiro?
AK: O cordão de girassol não resolve o problema de ninguém. O que ele faz é dar visibilidade a direitos. A pessoa com o cordão de girassol se identifica resguardando os direitos dela, de acessibilidade, de ter prioridades. Mas nada disso adianta se a gente não conseguir equipes multidisciplinares que diagnostiquem as pessoas. A gente já avançou muito, mas precisamos avançar mais. E vou além, acho que as cidades que tratarem esse tema com o devido respeito, vão ter não só um avanço muito grande no IDH, mas também social e econômico. Porque é uma ignorância muito grande achar que essas pessoas não podem contribuir de forma consistente para a economia. Podem.
DP: Qual é a importância do Segurança Presente?
AK: O segurança presente é um conceito que vem do Japão, que se chama polícia comunitária, e não foi o primeiro conceito de polícia comunitária no Rio de Janeiro. O segurança presente, que nasce de uma ideia de um convênio da Fecomércio com o governo do Estado, e logo em seguida o Estado assume esse protagonismo, e ajudamos muito na implantação, dá uma outra conotação à polícia, onde é sim possível fazer uma polícia de proximidade, fazer uma polícia que preserve o bem-estar social. E acho que para Petrópolis tem sido fundamental. Mas a gente quer avançar. Vai tramitar agora um projeto de lei onde o segurança presente possa também colocar policiais que estão na reserva, como aquele policial que tem hoje os seus 55 anos, que está fisicamente ótimo, lúcido, em perfeito estado, mas está na reserva. Será que ele não tem o interesse de trabalhar no segurança presente e ganhar o regime adicional de serviço? Faz diferença.
DP: Para finalizar, tem alguma medida que o senhor visa que seja importante para Petrópolis?
AK: Eu conclamo ao governo municipal que ele crie esse comitê que debata os problemas de Petrópolis na capital fluminense. Seja na Assembleia Legislativa, seja no Governo do Estado, seja no Instituto Rio Metrópoles, mas não podem deixar essa oportunidade passar. Cabe à Prefeitura ter esse protagonismo. Convido aqui o prefeito que faça uma visita lá no nosso gabinete, nos procure, que eu tenho total interesse e alegria em ajudar em tudo o que for possível.